Conhecida como a “peste branca” no século XVIII, e com alto índice de mortalidade na época, a tuberculose se tornou, hoje, uma doença silenciosa, mas que ainda preocupa a rede de saúde. Lajeado acompanha, no momento, 25 pacientes diagnosticados e contabilizou a última morte pela doença em novembro de 2023.
Nos últimos cinco anos, foram dez óbitos, sendo dois deles no ano passado, cinco em 2021, e três em 2020. Nas últimas semanas, houve a internação de um paciente com a enfermidade, que está em acompanhamento.
Coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Lajeado, Juliana Demarchi ressalta dificuldades na eliminação da doença. “A tuberculose é uma doença de transmissão aérea, ocorre a partir da inalação de aerossóis expelidos pela tosse, pelo espirro ou pela fala de pessoa com a doença ativa, o que facilita a transmissão”, explica.
Além disso, o adoecimento por tuberculose não confere imunidade contra novas infecções. Ainda, o aumento das populações vulneráveis e a resistência medicamentosa, principalmente relacionada ao abandono de tratamento, também contribuem para a continuidade dos casos. Ela diz que o número de pessoas contamidadas pode ser ainda maior, mas nem todas procuram atendimento.
O tratamento
Entre os sintomas, estão suores noturnos, tosse que perdura por mais de quatro semanas, catarro, febre baixa, calafrio, emagrecimento, inapetência e cansaço. Com a presença de algum dos sintomas, o indicado é procurar um médico. Com a suspeita de tuberculose, o paciente é encaminhado ao Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids (SAE), que solicita o teste.
A coordenadora do posto de saúde do Centro, Nívia da Rosa Sulzbach alerta que enquanto o tratamento não é iniciado, o paciente pode ser transmissor da doença, por isso a importância de se atentar aos sintomas e procurar ajuda.
O tratamento dura, no mínimo, seis meses e está disponível de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da ingestão de comprimidos. Com o início do esquema terapêutico adequado, a transmissão tende a diminuir.
Controle
De acordo com Juliana, coordenadora da Vigilância Epidemiológica, a vacina BCG que protege as crianças contra as formas graves de tuberculose, e o diagnóstico, tratamento e acompanhamento disponibilizados nos serviços públicos de saúde contribuem para este controle da doença.
A tuberculose é uma doença curável em praticamente todos os casos, desde que utilizada a associação medicamentosa adequada, doses corretas e pelo período recomendado.
Na história
- Existem evidências de que a tuberculose existe desde os tempos pré-históricos;
- A doença disseminou-se na Europa e, no século XVIII, tornou-se conhecida como a “peste branca”. A mortalidade era alta;
- Desde o século XIX, o tratamento higieno-dietético prevaleceu como terapêutica para a tuberculose. Acreditava-se que a cura do doente acontecia quando se dispunha de boa alimentação, repouso e podia-se viver no clima das montanhas;
- A descoberta da medicação específica, a partir da década de 1940, promoveu uma queda acentuada dos índices de mortalidade da doença e a eficácia dos medicamentos na cura da tuberculose fez com que o tratamento se tornasse primordialmente ambulatorial;
- Hoje, o empobrecimento da população, a urbanização caótica, a ausência de controle social e a emergência e a propagação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) vêm dificultando o controle da doença.