Foi “só” a sexta maior da história

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Foi “só” a sexta maior da história

Por

Atualizado terça-feira,
14 de Maio de 2024 às 08:54

A enchente deste fim de semana foi “só” a sexta maior desde a contagem histórica iniciada em 1941 aqui no Vale do Taquari. É surreal. O rio Taquari atingiu 27,79 metros e a comunidade regional restou aliviada. Afi nal, e pouco mais de uma semana antes, a região experimentou a maior tragédia natural da história, com o Taquari atingindo inimagináveis 33,35 metros. Para quem ainda não compreendeu as dimensões dos últimos eventos, é bom explicar com detalhes. Em seu leito normal, o Taquari possui cerca de 13 metros. Ou seja, ele subiu 20 metros em algumas horas, o que representa um prédio de seis ou sete andares formado por água, destroços e muita correnteza. E, diante da proximidade e da magnitude dos fenômenos, é bom nos acostumarmos.

Cidades adotam o Vale

Foi assim na trágica enchente de setembro de 2023, e tem sido assim também nos eventos de abril e maio de 2024. A solidariedade e o voluntariado emocionam e nos trazem força e conforto no momento mais difícil da história do Rio Grande do Sul. E, entre tantos movimentos, a adoção de cidades por parte de Executivos municipais de outros estados merece um destaque especial. Estrela, por exemplo, já foi “adotada” por Osasco (SP) e Blumenau (SC). Aliás, os catarinenses, que receberam com muito gosto uma comitiva do Vale do Taquari em 2023, e justamente para tratar de medidas para mitigar os efeitos dos fenômenos climáticos, também adotou Lajeado. Além dessas, Chapecó (SC) adotou Arroio do Meio e Araquari (SC) vai auxiliar Marques de Souza. Uma ação que promete devolver esperança aos moradores da região e reforça a união entre o povo brasileiro.

Polar para receber empresas

O governo de Estrela oferece cerca de quatro mil metros quadrados de área seca (ou não inundável) dentro do antigo prédio da Cervejaria Polar para novos – ou velhos – empreendimentos. A ideia é transformar a estrutura em um hub de negócios e comércios e, de quebra, abrigar as empresas mais impactadas pelas duas enchentes de abril/maio. Para tal, o Executivo promete facilitar os processos legais e burocráticos, além, claro, de melhorar a infraestrutura interna e externa do gigantesco prédio às margens instalado no centro da cidade. É uma saída promissora. Mas não será barata.

Ponte de Ferro em debate

Os prefeitos de Lajeado e Arroio do Meio se reuniram ontem na Casa de Cultura lajeadense para debater estratégias acerca da reconstrução da histórica Ponte de Ferro. Para tal, Marcelo Caumo (PP) e Danilo Bruxel (PP) contam com apoio do empresariado regional, que promete abarcar recursos e conhecimento em prol desta importante conexão entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari, e também já contam com apoio do governo federal. Até o momento, a União já sinalizou com R$ 6,7 milhões para a obra. Ou seja, já não estamos tão distantes assim de um fi nal feliz. Mas ainda há um duro e árduo caminho pela frente.

Tiro Curto

  • O governo federal prometeu R$ 50 bilhões entre repasses e empréstimos aos gaúchos. Ainda é pouco. Mas é um avanço. Além disso, anuncia a suspensão do pagamento da dívida do RS com a União pelo período de 36 meses. Também é pouco. Mas é outro avanço.
  • “Juntos pela ponte”, “Reconstruir Cruzeiro do Sul”, e outros tantos movimentos populares serão de suma importância para restabelecer a ordem e a pujança do Vale do Taquari. Parabéns e todos os voluntários que pensam e agem neste momento de dor e desesperança.
  • Na trágica enchente de setembro de 2023, que resultou em mais de 50 mortos só no Vale do Taquari, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano auxiliou com a contratação de engenheiros para análise de residências impactadas. Desta vez, a pasta comandada pelo estrelense Carlos Rafael Mallmann promete ampliar ainda mais este importante serviço.
  • Além disso, Mallmann pretende modifi car alguns parâmetros e critérios do programa Pavimenta RS para garantir mais acessos às regiões vulneráveis aos fenômenos climáticos. Tudo para evitar futuros isolamentos de cidades e desabastecimento.
  • Em tempo, e por ora sem muito destaque, é preciso fi car atento aos movimentos de muitos pré-candidatos a prefeito (a) e/ou vereadores. E é fácil perceber quem se aproveita da tragédia e só iniciou este ano os trabalhos voluntários (e devidamente documentados, óbvio).
  • E quem diria que a inércia do Estado em pavimentar a ERS-129 (entre Colinas e Roca Sales) atrapalharia tanto assim a nossa logística. Que surpresa, né?

Dicas (antigas) sobre deslizamentos

No site da prefeitura de Florianópolis, encontrei uma notícia sobre deslizamento de terra publicada em 2010. No texto, publicado há 14 anos, reforço, diversas dicas e sugestões para a nossa comunidade regional, cujo conhecimento sobre esses fenômenos da natureza ainda não foi devidamente debatido junto aos contribuintes. Em suma, o governo municipal da capital catarinense explica que os deslizamentos em encostas e morros urbanos “vêm ocorrendo com uma frequência alarmante nestes últimos anos, devido ao crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de risco, principalmente pela população mais carente”. E mais. O texto sugere diversas ações para prevenir desastres. Além de um incentivo à vegetação nas encostas, com destaque às plantas com raízes maiores, eles orientam para a construção de canaletas para impedir o fluxo de água no solo, e também sugerem que os moradores não realizem “cortes” nos terrenos de encostas sem licença da municipalidade e sem estudos e análises de solo prévias. Além disso, chamam a atenção para a necessidade de desenvolver planos de evacuação com sistemas de alarme.

Acompanhe
nossas
redes sociais