Equipe de pesquisadores encontra cenário desolador

MEIO AMBIENTE

Equipe de pesquisadores encontra cenário desolador

Enxurrada no mês de setembro levou boa parte do plantio de mudas. Ação faz parte do projeto de restauração da mata ciliar

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Atualizado quinta-feira,
16 de Novembro de 2023 às 17:15

Equipe de pesquisadores encontra cenário desolador
Depois da enxurrada de setembro, equipe de pesquisadores avaliam os danos causados pela forte correnteza
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Sobraram poucas mudas de herbáceas, nativas, trepadeiras e arbóreas plantadas às margens dos rios Taquari e Forqueta e arroio Forquetinha. O plantio serviria para recuperar a mata ciliar em nove
áreas nos municípios de Travesseiro, Marques de Souza, Lajeado, Encan- tado e Arroio do Meio. O trabalho é coordenado pela professora doutora Elisete Maria de Freitas e conta com a participação de mestrandos e bolsistas de iniciação científica.

O Viver Cidades acompanhou uma saída a campo da equipe de pesquisadores para verificar duas áreas: uma na localidade de Tamanduá e outra em Travesseiro.

Ao descer até a beira da água do rio Forqueta para verificar os possíveis impactos causadas pela enxurrada de setembro, Elisete lamentou: “Foi tudo embora.” A perda, de fato, foi grande. Muitas plantas ainda pequenas foram levadas pela água.

Características iniciais

Quando começaram as intervenções, em janeiro deste ano, a área era formada por um grande barranco, com porções de grama e pedras muito grandes. A administração municipal de Travesseiro disponibilizou máquinas e mão de obra para fazer chanframento, adequando a inclinação, e deslocar as pedras para perto da margem. O intuito era segurar a terra.

O primeiro plantio foi a inserção de estacas (consiste em escolher um bom galho e colocá-lo no solo. Desse galho irão surgir raízes e folhas, e logo se originará uma planta idêntica à planta mãe). “Agora, como o rio está alto, elas estão submersas. Quando a água baixar, elas estarão cheias de brotos e vão proteger mais esta margens”, explica Elisete.

A equipe contou com o auxílio de um morador local que tem barco. Enquanto alguns integrantes preparavam as estacas na margem, outro faziam o plantio na água, de dentro da embarcação. No
total, foram 2 mil estacas.

Na faixa pouco acima da margem, as opções foram inserção de mudas e semeadura de uma espécie usada em áreas degradadas.

“Inserimos vegetação de cobertura e grande quantidade de sementes.” Em sistema de mutirão, o grupo conseguiu cobrir 200 metros na parte de cima. “Ficou totalmente coberto, deu esta proteção inicial, mas tivemos bastante perdas. A cheia de julho deste ano levou quase tudo.”

Espécies adaptadas

A coordenadora da pesquisa destaca que não é qualquer espécie que se adapta às margens e cumpre a
função de evitar erosão e desbarrancamento. “Não adianta vir na beira do rio e plantar qualquer espécie.”

Conforme Elisete, elas têm que ter um bom sistema radicular (conexão da planta com o solo para absorção da água e dos nutrientes), bem desenvolvido, bem ramificado. E a parte aérea deve formar muitas ramificações. “A água vai passar por entre estes galhos fortes e vai perdendo a força.” As mudas e sementes escolhidas para restauração de matas ciliares são as mesmas que se vê nas margens de rios. “O problema tem sido as chuvas muito intensas. Agora é torcer para que as chuvas não as levem embora.”

Um dos exemplos é o Sarandi Amarelo (terminalia australis), que ocorre em grande quantidade, tanto
no rio Forqueta quanto no Taquari, sempre bem na beira do rio. “Ela vai ter formar inúmeras ramificações, já encontramos um indivíduo com 48 troncos. Ela é muito resistente, não quebra, protege a margem e ajuda a segurar a força da água.”

EXEMPLO POSITIVO MOTIVA SEGUIR ADIANTE

Augusto Pretto Chemin, Alícia Maria Pereira e Mathias Hofstätler
fazem parte do grupo de pesquisa da professora Elisete Freitas (D)

A propriedade do agricultor Ireno Dammer, em Marques de Souza, se estende às margens do rio Forqueta. O plantio de pasto chegava bem próximo da água. O cenário da propriedade em Tamanduá é muito comum no meio rural. Seja para aproveitar o espaço com produção ou por desconhecer os
benefícios da mata ciliar, muitas destas margens ficam expostas.

A equipe da professora doutora Elisete Freitas escolheu a propriedade de Dammer para fazer o trabalho de recuperação. Hoje o local serve de modelo, porque se os pesquisadores tiveram a oportunidade de fazer o diagnóstico da área, escolher as espécies mais adequadas para fazer a reposição. Hoje, Elisete orgulha-se em dizer: “Aqui já temos flo- restas.” São vários núcleos de plantas que já têm uma boa altura e protegem a margem do rio.

Subsídios

O projeto faz parte de Programa de Reposição Florestal Obrigatória – RFO da Divisão de Flora/Departamento de Biodiversidade vinculada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraes-
trutura – SEMA/RS. Os recursos são provenientes da CEEE – Equaorial.

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