Cartada final: associações tentam suspender leilão

CONCESSÃO DAS RODOVIAS

Cartada final: associações tentam suspender leilão

A10 dias da concorrência, três organizações comerciais ingressam com ação na Justiça para barrar plano de pedágios do governo do estado. Pelo cronograma, resultado da concorrência será conhecido em 1º de setembro

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Atualizado terça-feira,
23 de Agosto de 2022 às 08:07

Cartada final: associações tentam suspender leilão
Crédito: Filipe Faleiro
Vale do Taquari

A esperança da região de que o Piratini pudesse transferir o pacote de concessões para o bloco 2 chegou ao fim na sexta passada. Em reunião, o governo manteve o cronograma, com a data para abertura das propostas em 1º de setembro.

Inclusive as associações comerciais de Arroio do Meio (Acisam), de Lajeado (Acil) e de Encantado (Aci-E) haviam postergado o ingresso das ações judiciais. A previsão inicial tinha como data limite a sexta-feira passada. Devido ao encontro do núcleo estadual e a resposta negativa, ocorreu na tarde de ontem.

“Foram esgotadas as possibilidades de diálogo, de busca por consenso. Fomos até onde deu. Agora, aos 45 do segundo tempo, é a nossa última tentativa”, afirma o advogado e vice-presidente de administração da Acil, João Pedro Arruda.

Pela análise dos representantes do setor produtivo, além do modelo não atender os anseios da região, o momento de instabilidade econômica, de alta nos juros e na inflação, pode interferir na participação das empresas. “O cenário atual é ruim. O próprio governador (Ranolfo Vieira Jr.) reconheceu isso, de que há editais de São Paulo que restaram desertos. Há risco de acontecer aqui.”

Entre o fim de maio e o início de junho, o governo do Estado fez uma série de contatos com concessionárias responsáveis pela concessão de rodovias no país e até no exterior. Na ocasião, foi tabulada a possível participação de ao menos cinco empresas, entre as quais, duas com trabalho na região, como a CCR Viasul e o Grupo Sacyr.

O edital de concorrência pública foi lançado em 2 de junho. A vencedora ou o grupo vencedor terão de duplicar 282,7 quilômetros de rodovias. Também há previsão de construção de 48 passarelas e 141 dispositivos de interseção. Entre os destaques está a duplicação da ERS-130 a partir do 5ª ano entre Lajeado até Encantado. De Cruzeiro do Sul a Venâncio Aires, a duplicação seria após o 20º ano do contrato.

Amarras para o desconto na tarifa

Entre os aspectos questionados pelos processos das associações regionais está a garantia de investimento para o fundo garantidor (R$ 6,7 milhões para cada ponto percentual de deságio), mais a apresentação de garantia financeira tendo como base o capital social. “Juntas, essas obrigações superam os 10% de seguro previstos na legislação”, realça Arruda.

Tais amarras, acredita, também são fatores que interferem na disposição do empresariado em participar da concorrência. Junto com isso, o alto custo da tarifa, avaliada hoje em quase R$ 10 de teto.

Conforme análise da Federação das Empresas de Transporte (Fetransul), esse preço máximo representaria cerca de R$ 0,15 por quilômetro rodado. Para se aproximar do considerado justo (algo próximo dos R$ 0,09) seria necessário um deságio de 40%. Com isso, a vencedora teria de desembolsar em torno de R$ 469 milhões.

O Estado admite ser um dos assuntos mais delicados. No entanto, é explicável pelo volume de obras. Para o Piratini, o Vale do Taquari é uma das regiões com a infraestrutura rodoviária mais defasadas do RS. Por isso, há necessidade de mais investimentos.

Pelo menos 48 horas à resposta

Os setores jurídicos das instituições regionais esperam ter a resposta para o pedido de liminar, suspendendo ou não a concessão, entre 48 até 52 horas para a confirmação. Tal prazo depende do magistrado que recebe a ação. A partir do despacho, tem-se mais algumas horas para oficializar o Estado.

Presidente da Aci-E, Álex Herold realça que o propósito primeiro é a suspensão imediata. De acordo com ele, tendo ou não uma decisão preliminar, o edital vai para leilão sub judice. Antes do ingresso direto na Justiça, tanto integrantes do setor produtivo quanto deputados estaduais recorreram ao Ministério Público (MP). A resposta do órgão é que o Estado cumpriu os requisitos, o que inviabiliza uma ação movida pela procuradoria.


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