Banrisul anuncia programa de demissão voluntária. Sindicato teme precarização

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Banrisul anuncia programa de demissão voluntária. Sindicato teme precarização

Representantes dos bancários criticam modelo e alertam para impacto no atendimento aos clientes. Banco reforça diálogo com a categoria e aguarda aprovação do plano

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Atualizado quinta-feira,
18 de Agosto de 2022 às 08:21

Banrisul anuncia programa de demissão voluntária. Sindicato teme precarização
Foto: aquivo A Hora
Estado

O anúncio do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) do Banrisul surpreendeu a direção de sindicatos dos bancários da região. As duas entidades, uma com sede em Lajeado e outra em Guaporé, representam juntas, trabalhadores de 40 cidades e pelo menos 360 funcionários do Banrisul.

A categoria alega não ter sido consultada antes da divulgação ao mercado. Em paralelo, criticam o fato do acordo do dissídio estar condicionado ao avanço das tratativas do plano de demissão voluntária. Os sindicatos têm até 31 de agosto para homologar com o banco a proposta da reposição salarial para não perder as negociações já acertadas e reiniciar o processo.

De acordo com o diretor financeiro do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Lajeado (SEEB), Luis Antônio Hammes, em edições anteriores havia o diálogo prévio à apresentação do plano. “Dessa vez o banco também condiciona o programa ao dissídio. Nesse sentido, nossa categoria busca a reposição da inflação dos últimos 12 meses mais 5% de ganho real.”

Apesar dos impasses, a adesão ao programa de demissão é considerada também como uma alternativa para garantir benefícios antes de uma eventual privatização do Banrisul. “Vários candidatos ao governo falam dessa intenção”, observa Hammes. Ele tem 34 anos de banco e pretende aderir ao programa de demissão.

Na edição de 2020 do PDV, entre os incentivos oferecidos estava o pagamento do valor referente a 35 salários do bancário e doze meses de vale-alimentação. Desta vez, segundo o sindicato, os critérios foram apresentados mediante termo de confiabilidade.

O diretor financeiro da regional Lajeado alerta ainda para as dificuldades em garantir atendimentos de qualidade nas agências. “Faltam funcionários e isso sobrecarrega os que permanecem e causa o esgotamento emocional”, revela. Para suprir essa demanda, a categoria defende a necessidade de concurso público.

Em publicação ao mercado na terça-feira, 16, o Banrisul estimou o desligamento de até 824 bancários com preferência para aposentados pelo INSS ou aptos ao benefício. O prazo para inscrição no processo de demissão voluntária ainda não foi divulgado e depende da aprovação da categoria.

Perda de direitos

Conforme o presidente do sindicato dos bancários da região de Guaporé, Eloi Seganfredo Júnior, a apresentação da proposta foi em momento inoportuno. “Sequer fazia parte da mesa de debates. A pauta era o dissídio e largaram de forma unilateral junto a um termo de confidencialidade”, critica.

Júnior alerta também para o termo de quitação que elimina passivos trabalhistas de funcionários que aderirem ao PDV. “A adesão aos planos de demissão sempre existe e há quem esteja disposto. Nós enquanto entidade de classe temos de pensar no coletivo e nesse sentido é preciso avaliar o que é menos prejudicial.”

Outra situação para a qual Júnior chama a atenção é o risco de novas demissões comprometerem os atendimentos. “Há negociações por concurso público, mas até agora não passam de conversas. Em meio a isso, tem os movimentos políticos que apontam para a privatização.”

O Banrisul por meio de comunicado aberto ao público se compromete em manter acionistas e o mercado informados sobre novos fatos relacionados ao plano de demissão voluntária. De acordo com o balanço do segundo trimestre, a instituição tem 8,7 mil funcionários e a quantidade aberta para demissão voluntária representa 10% do quadro de profissionais.


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