O perfil do voluntariado brasileiro mudou. De acordo com o Instituto Datafolha, o número de voluntários ativos no país, bem como a quantidade de horas dedicada por cada um, cresceu em mais de três vezes entre 2011 e 2021.
LEIA MAIS: Viva o Taquari-Antas Vivo recolhe quase 10 toneladas de lixo
O voluntário é todo aquele que doa tempo para uma causa. Segundo a pesquisa, em parceria com o Instituto para o Desenvolvimento Social (Idis), cresceu a participação de pessoas com 50 anos ou mais nesses movimentos. Enquanto isso, a ação dos jovens diminuiu.
Entre o público-alvo dos projetos, as famílias e as pessoas em situação de rua ganharam destaque, um reflexo da crise econômica e da pandemia de Covid-19.
Os números
O estudo mostra que o número de voluntários ativos no país saltou de 11%, em 2011, para 34%, uma alta de mais de 200%. Adicionando as pessoas que já fizeram voluntariado alguma vez, os índices sobem para 25% e 56%, respectivamente.
Já a média de horas dedicadas ao trabalho mais que triplicou, passando de 5h para 18h por mês, em uma década.
Nesse período, o público entre 16 e 29 anos caiu de 33% para 23%. O grupo de 50 anos ou mais passou de 26% para 37%. O grupo de 30 a 49 anos permaneceu estável, com redução de apenas um ponto percentual – de 41% para 40%.
A pesquisa ainda identificou que 76% dos voluntários estão na população economicamente ativa, sendo que:
- 39% recebem até dois salários mínimos;
- 20%, de dois a três salários mínimos;
- 21%, de três a cinco salários mínimos;
- 11%, de cinco a dez salários mínimos;
- 6%, mais de dez salários mínimos; e
- 4% não responderam ou não sabem.
O principal grupo beneficiado pelo voluntariado segue o público em geral, mas houve uma queda de 41% para 36% em dez anos, assim como os trabalhos com crianças e adolescentes (de 39% para 25%). Enquanto isso, os projetos com famílias e comunidades saltaram de 12% para 35%. O de pessoas em situação de rua, de 5% para 25%.
Entre as principais atividades realizadas, a captação e a distribuição de recursos, como alimentos e remédios, continuam na liderança, mas com uma redução de 55% para 41%, entre 2011 e 2021. Já o preparo de refeições, segundo colocado, dobrou sua participação, subindo de 8% para 16%.
O levantamento apontou que, diante da crise causada pelo coronavírus, 47% dos voluntários passaram a fazer mais atividades, sendo que 61% atuaram na distribuição de alimentos, roupas, medicamentos e cestas básicas, por exemplo.
A pesquisa também apurou as causas que levam as pessoas a serem voluntárias. A solidariedade lidera o ranking e passou de 67% para 74% em uma década. Já as motivações religiosas caíram pela metade, indo de 22% para 11%. As demais causas, como fazer a diferença, retribuir algo que recebeu, dever de cidadania e melhorar a autoestima, tiveram redução.