Antes de pronto, Cristo já é sucesso

Encantado

Antes de pronto, Cristo já é sucesso

Novo símbolo do turismo regional atrai visitantes de todos os cantos do RS e até de outros estados. Reportagem acompanhou movimentação do último sábado, que teve pouco mais de 600 turistas circulando pelo Morro das Antenas

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Antes de pronto, Cristo já é sucesso
Turistas que foram ao local pela primeira vez se encantaram com o monumento (Foto: Mateus Souza)
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A emoção de visitar o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, está na memória de Marilene Michel. Moradora de Santa Cruz do Sul, ela recorda com carinho do dia em que viu de perto uma das sete maravilhas do mundo moderno. Agora, pode se orgulhar também de conhecer um monumento bem mais próximo e que ainda não está pronto, mas que será tão imponente quanto.

Junto com o marido Ênio Jahnke e a filha Rafaela, Marilene aproveitou a tarde do último sábado, 5, para visitar a obra do Cristo Protetor de Encantado, que fica a 92 quilômetros de sua cidade. As três tarifas de pedágios pagas no caminho valeram a pena. Encantada com a obra, espera voltar quando estiver concluída.

Depois de conhecer o Cristo Redentor Marilene e família agora visitaram o Cristo Protetor (Foto: Mateus Souza)

“Descobri porque Encantado tem esse nome. Já deu para perceber que aqui é um lugar espiritual, aconchegante e familiar. Conheço o Cristo do Rio e agora o daqui, valorizando o que é nosso, do Rio Grande”, afirma Marilene.

A família santa-cruzense estava entre os muitos visitantes de fora que aproveitaram o clima de verão para conhecer o monumento. A eles, se juntavam turistas de Porto Alegre, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e até de Santa Catarina. Cerca de 60% não residiam na região.

A obra, iniciada em 2019, tem previsão de término para o fim deste ano, viabilizada com doações da comunidade. Segundo a Associação Amigos do Cristo Protetor, restam cerca de R$ 900 mil para finalizar os trabalhos. Após, serão viabilizadas melhorias no entorno e na estrada de acesso ao monumento.

Vista do Morro das Antenas também surpreende visitantes (Foto: Mateus Souza)

Visitas guiadas

Rafael Fontana – integrante da associação Amigos do Cristo

A reportagem acompanhou as visitas guiadas ao longo da tarde de sábado. Os passeios tinham duração de 20 minutos e os grupos de visitantes foram divididos em 20 pessoas, para evitar aglomeração de pessoas. O acesso era controlado, com aferição da temperatura.

O trabalho é organizado pela Associação Amigos do Cristo de Encantado e a Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales). Guias turísticos voluntários acompanhavam os grupos de turistas. Além de falar um pouco sobre a obra, também traziam curiosidades sobre o Cristo Protetor e também de Encantado.

Entre os vários guias turísticos, estava a jovem Cristini Zilio, 17. Moradora de Encantado, ela já era acostumada a lidar com o público devido ao envolvimento no tradicionalismo, dentro do Grupo de Artes Nativas Anita Garibaldi. Mas nada como o trabalho voluntário no Morro das Antenas.

“É a primeira vez que atuo especificamente com turismo. Tem sido muito legal interagir com as pessoas nas visitas guiadas. Vem muita gente de fora, principalmente da região metropolitana e da Serra. De Encantado, são poucos”, comenta.

De bike até o Cristo

Chegar até o Cristo de carro é uma aventura, pois parte do trajeto, cercado por morros, ainda é de chão batido. De bicicleta, então, torna-se ainda mais desafiador. Foi isso que motivou o casal Jaqueline e Fernando Forneck a pedalar cerca de 40 quilômetros até Encantado.

Os dois saíram de Teutônia por volta das 10h. No caminho, pararam para almoçar e também fizeram registros fotográficos das paisagens. “Foram 3 horas e 42 minutos pedalando até chegar aqui. É um lugar fantástico”, aprova Jaqueline, que também se encantou com a Lagoa da Garibaldi, local que apenas Fernando conhecia e que fica no caminho.

Jaqueline e Fernando pedalaram de Teutônia a Encantado para conhecer a obra (Foto: Mateus Souza)

Outra viagem longa, mas de carro, foi feita por Elisete Albring. Ela saiu de Crissiumal para ver de perto o Cristo. “Soube da obra quando assisti na televisão. Quando estiver pronta, pretendo vir mais vezes”, comenta.

Havia também moradores de Encantado conhecendo o Cristo “É incrível. Nós moramos mais perto de Muçum. Daqui a vista que se tem é muito mais linda”, comentou Leandro Deolinda, que levou a esposa Graziela e os filhos Rafael, Henrique e Luiza ao local.

“Chego a me arrepiar”

Em um dos estandes montados antes da entrada para a visitação ao Cristo Protetor, o voluntário Everton Dias Vieira comercializa produtos que estampam a obra. São camisas, cuias, canecas e até porta-canetas. Muitos visitantes aproveitaram e levaram uma lembrancinha para casa.

Conforme Vieira, todo o valor arrecadado será destinado para a conclusão do Cristo. “Não queremos lucrar com isso. Decidimos colocar esses brindes justamente para a continuidade da obra”, destaca, sentindo emoção em contribuir com o fortalecimento turístico do município. “Chego a me arrepiar. Para quem sofreu um acidente grave anos atrás, é gratificante poder ajudar”, afirma.

Rede hoteleira

Cerca de 600 pessoas visitaram o Cristo Protetor somente no sábado. No feriado de Corpus Christi, a movimentação também foi grande, com 700 turistas. No domingo, por conta das condições climáticas, a visitação foi suspensa.

“Já recebemos visitantes de 146 municípios diferentes. É um número bem expressivo”, destaca o integrante da Associação Amigos do Cristo, Rafael Fontana. Segundo levantamento da associação, apenas 5% dos turistas do sábado eram de Encantado e 60% vieram de outras regiões.

Valor arrecadado com a venda de lembrancinhas será destinado à conclusão da obra (Foto: Mateus Souza)

Quando o Cristo estiver pronto, a preocupação é se o Vale possui uma rede hoteleira capaz de atender a demanda de turistas. Em reunião recente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), o presidente da Amturvales, Leandro Arenhart, alertou para este desafio, já que existem 2,7 mil leitos na região. O número é considerado insuficiente e reforça a necessidade de investimentos no futuro.

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