Perfil comunitário  como força para superar barreiras

144 anos de estrela

Perfil comunitário como força para superar barreiras

Aniversário da cidade será diferente. Em vez das festas típicas da cultura germânica, comércio celebra a mudança da bandeira regional e funciona apesar do feriado. Caminho para enfrentar a maior crise dos últimos cem anos passa pela capacidade de atuação coletiva, acreditam agentes públicos

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Atualizado quarta-feira,
20 de Maio de 2020 às 14:08

Perfil comunitário  como força para superar barreiras
Estrela

As tradicionais festividades do município neste período, o Festival do Chucrute e a Maifest, foram canceladas pela primeira vez devido ao coronavírus. No entanto, após dias de comércio fechado, o feriado de hoje será de lojas abertas.

“É um momento diferente não só para Estrela”, frisa o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Paulo Finck. Depois de duas semanas, os estabelecimentos reabrem.
Para chegar ter mais garantias e segurança, trabalhadores do comércio e os empresários passaram por cursos de boas práticas. A formação partiu do setor público e contou com apoio da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços (Cacis). Nos encontros, foram repassadas informações para 700 pessoas com condutas para evitar contaminações.

“Nosso comércio está preparado para atender, dentro do que determinam os protocolos, garantindo toda a segurança aos clientes e colaboradores das empresas para prevenir a propagação do vírus”, ressalta.
A pandemia em Estrela está controlada, acredita o prefeito Carlos Rafael Mallmann. “Em um município com mais de 33 mil pessoas, temos 60 casos. Isso mostra como a população tem se cuidado. Só vamos conseguir superar esse momento com a ajuda de todos.”

O perfil comunitário da população, a força das instituições representativa e a organização social se fortaleceram neste período de crise epidemiológica. “Esse espírito faz parte da nossa sociedade. Isso se reflete neste combate ao corona. Entidades, empresários, clubes, vários trabalhando juntos, seja distribuindo doações, máscaras, ajudando no que podem.”

O prefeito encerra o mandato neste ano. “Gostaria de estar com mais tranquilidade, terminando tudo o que foi planejado. Mas tivemos de mudar de rota neste ano.” Para Mallmann, os impactos da paralisação serão sentidos. Ainda assim, acredita que Estrela consegue manter as atividades e mitigar um pouco dos prejuízos causados pela doença.

Rota do desenvolvimento

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, em 2019 houve a abertura de 194 vagas no mercado formal de Estrela. São quase dez mil pessoas com carteira assinada nos 2,3 mil CNPJs ativos.

Uma das políticas públicas implementadas nos últimos anos buscam atrair novos empreendimentos e ampliar os postos de trabalho. Para este ano, o governo municipal estima pelo menos mais 200 vagas criadas a partir da instalação de novas empresas.

Estão nesta lista a Blastersul, Folhito, Nutritec, Faros, Scapini, Cerealista Markus, Frigorífico Hauschild, Medical San, Betiolo e outras.

Uma das estratégias é aproveitar a BR-386 como mais um distrito industrial. Com a duplicação, a rodovia se torna um entroncamento rodoviário, com um fluxo de veículos das regiões do Norte do RS, do Alto Taquari, do Vale do Rio Pardo e da Serra do Botucaraí.

Com essa facilidade de acesso e logística, Estrela desponta em termos de novos empreendimentos na BR-386. O total, conforme o setor de Fiscalização Tributária da Secretaria da Fazenda são 145 negócios em atividade. Entre as 20 maiores em retorno de ICMS, pelo menos seis estão ao longo da BR.


“Estrela teve de se reinventar”, Rafael Mallmann, prefeito de Estrela

Das dificuldades econômicas vividas após o fechamento da Polar na década de 90 até encontrar equilíbrio nas dinâmicas produtivas, Estrela se depara com mais um momento difícil. Ainda assim, o prefeito acredita que o perfil comunitário, de atuação conjunta e voluntária da população é uma força para que os impactos da covid-19 sejam superados.

A Hora – Em meio à celebração dos 144 anos, há uma epidemia de escala global. Como Estrela enfrenta essa dificuldade e o que o poder público almeja para o município no pós-coronavírus?

Rafael Mallmann – Estrela se preparou para trabalhar com equilíbrio. Toda a sociedade tem tomado todos os cuidados para não haver propagação e garantir a continuidade das atividades econômicas. Desde abril instituímos cursos de boas práticas, e mais de 700 comerciantes participaram.
É um momento muito difícil. Jamais imaginei que no último ano do mandato enquanto prefeito fosse passar por algo assim. Felizmente estamos conseguindo estabilizar os contágios. São 60 casos para uma cidade com mais de 33 mil habitantes. Isso só tem sido possível graças a ajuda da população.

– A formação de Estrela, em especial com os imigrantes germânicos, instituiu uma tradição de trabalho comunitário. Qual a importância dessa força?
Mallmann – A cidade cresceu, se desenvolveu e evoluiu graças ao trabalho coletivo das comunidades. No interior essa história pode se vista pelas construções, da igreja, o ginásio, as sedes das comunidades. Acredito que só é possível melhorar a nossa cidade pelo trabalho conjunto. Todos nós precisamos encontrar consenso e caminhar na mesma direção.

– Por falar em caminho, qual é o rumo de Estrela?
Mallmann – Na década de 90 sofremos muito com o fechamento da Polar. O município perdeu parte da sua identidade econômica e os cofres públicos amargaram quedas nas arrecadações.
Estrela teve de se reinventar. Ali começou um movimento coletivo em busca da diversificação econômica. Aquela crise mostrou a necessidade de haver mais atividades para que esses problemas não fossem tão fortes.
Passados quase 30 anos, a cidade conseguiu. Os setores da agricultura, as indústrias, o comércio e o serviço têm percentuais semelhantes de importância na formatação econômica.

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