Pré-campanha: as estratégias e limites na busca por votos

Pensar eleições 2024

Pré-campanha: as estratégias e limites na busca por votos

Enquanto partidos selecionam as nominatas para 6 de outubro, o debate político ganha forma tanto nas redes sociais quanto nas ruas. Especialistas em direito eleitoral, Jonas Caron,  e em marketing, Tiago Brum, debatem como é possível alcançar os eleitores sem comprometer a lisura do pleito

Por

Pré-campanha: as estratégias e limites na busca por votos
Grupo A Hora promove diversas ações para cobertura do processo eleitoral em 2024. (Foto: ELOISA SILVA)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Quais estratégias mais acertadas para consolidar o nome de um candidato antes do início da campanha? Em cima disso, o que diz a lei eleitoral e quais os riscos de apontamentos? Perguntas centrais para equipes de trabalho e políticos neste período que antecede o 16 de abril, data limite para oficialização dos nomes que estarão na urna.

Em debate especial do projeto Pensar Eleições, os comunicadores Henrique Pedersini e Rodrigo Martini debateram com os especialistas em direito eleitoral, Jonas Caron, e em marketing político, Tiago Brum. O programa foi ao ar na noite dessa quinta-feira e está disponível nos canais digitais do Grupo A Hora, tanto no Facebook quanto no A Hora TV, no Youtube.

Faltam pouco mais de 200 dias para 6 de outubro, data da eleição. No Vale do Taquari, nenhum município terá segundo turno. No mesmo dia, todos os eleitores saberão quem foi escolhido para os cargos de prefeito e vice, e também os nomes que assumem os legislativos.

De maneira geral, a campanha terá 45 dias. Para alguns, um tempo curto para consolidar um nome e torná-lo conhecido entre os eleitores. Para outros, o suficiente, pois uma caminhada política começa antes.

Neste contexto, os especialistas concordam que o período de pré-campanha, estabelecido como mudança nas regras eleitorais desde 2015, trouxe a possibilidade de manter o debate político por mais tempo.

Porém, discordam no aspecto sobre limites e oportunidades. Para Tiago Brum, seria necessário mais clareza para atuação dos pré-candidatos e até aumento no prazo para pedir votos. “Em termos de estratégias de marketing, é pouco tempo para o político se apresentar e fazer conversar com as pessoas.”

Já para o advogado Jonas Caron, a mudança sobre o formato de campanha e pré-campanha foi benéfica. “O político que vai se lançar pode fazer muitas coisas. Pode criticar ou elogiar o prefeito, pode apresentar os problemas do bairro e propor soluções. Ele só não pode pedir ou deixar a entender que está pedindo votos. Aquele, ‘conto com você no dia 6 de outubro’, como artifício velado.”

O projeto Pensar eleições é uma realização do Grupo A Hora. Conta com o patrocínio da Construtora Giovanella, Arki Assessoria e Serviços, Imojel Construtora e Implementadora; e a MAK Serviços.

“É a política que manda no marketing”

Para Tiago Brum, o mais difícil é atuar com um candidato sem causa. “A campanha não se limita aos 45 dias. O político precisa ter uma bandeira, não apenas o seu sonho, mas saber que precisa entender e resolver os problemas das pessoas. Sonhar junto com elas. Quem pensa que o marketing faz a política está enganado. É a política que manda no marketing. Não se começa uma casa pelo telhado.”

De acordo com ele, é preciso pensar além das plataformas digitais. Esse canal de comunicação trouxe a possibilidade de falar com mais pessoas, mas o contato direto, na visita aos bairros, na conversa presencial, o “olho no olho”, ainda é uma ferramenta poderosa para “tocar o coração” dos eleitores.

“Por mais que a gente tente decidir de maneira racional, a política ainda é muito no sentimento. A atividade política desperta emoções tanto no povo quanto no candidato. É o mais rico formato de conquistar eleitores.”

Profissionalização das equipes

Entre os limites e oportunidades do período de pré-campanha, o especialista em Direito Eleitoral, Jonas Caron, acredita que houve avanços para tornar a discussão política mais perene. No passado, eram 90 dias de campanha, e não existia a figura do pré-candidato.

“O político tinha que se esconder. Qualquer fala pública, comentário ou afirmação poderia ser considerada campanha política extra-temporânea. Agora, se pode manter a discussão a todo tempo, desde que não haja a tentativa ou pedido por voto.”

Neste sentido, o desafio dos partidos e de suas nominatas está na integração entre profissionais. “Percebo que ainda há muito descompasso e desorganização nas equipes. Muitas vezes falta integração entre advogados, profissionais de marketing e contadores. Se a campanha é desorganizada, imagine como seria o governo. Por isso, é essencial promover a comunicação dos profissionais desde o início.”

Outro aspecto é quanto a falta de informações sobre o limite de gastos durante a pré-campanha. “Na legislação eleitoral não há um teto definido. Orientamos aos partidos para ficar em torno dos 10% do total previsto à campanha. Assim, mesmo sem uma determinação precisa, essa proporção é razoável para evitar problemas no futuro.”

Acompanhe
nossas
redes sociais