Em defesa do voto distrital 

Opinião

Guilherme Cé

Guilherme Cé

Economista

Em defesa do voto distrital 

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

As eleições para o Legislativo já são águas passadas. Mais uma vez a região sai dela sem representantes eleitos para a Assembleia e a Câmara Federal. Resultado das nossas próprias escolhas, vale sempre lembrar.

Particularmente não acho que devemos votar exclusivamente por alguém ser daqui. É preciso, acima de tudo, que aquele em quem votamos esteja alinhado com nossos princípios e ideais, aquilo que acreditamos e queremos ver representado nos parlamentos. Óbvio que o ideal seria termos ambos: alguém daqui e alinhado. Mas isso é assunto pra outra discussão.

O que trago aqui é uma velha ideia que, infelizmente, nunca ganhou espaço no país: o voto distrital. E, nestes trópicos, uma ideia nunca ter ganhado corpo nos corredores do Congresso é um ótimo sinal.

Nossos legisladores – eleitos por nós, nunca cansarei de repetir – preferem, ao invés de reformar o sistema político, deformá-lo, aumentando o seu custo, a concentração de poder, a distorção entre quem já está no poder e quem quer entrar, e outros absurdos do tipo. O fundo eleitoral, pra ficar num único exemplo, está aí para provar isso.

Mas voltemos ao voto distrital.  O seu conceito básico é dividir o país, os estados ou as cidades, criando distritos e fazendo eleições locais. Os distritos teriam aproximadamente a mesma população e teriam direito a eleger um representante. Ele poderia ser puro, onde a eleição se dá apenas nos distritos, ou misto, onde além dos distritos também haveria uma eleição paralela mantendo um formato semelhante com o atual.

O fato é que o voto distrital, seja ele puro ou misto, teria como grande virtude mexer com nosso cenário político nacional, reaproximando os eleitos da população – talvez um dos nossos grandes problemas. Além disso, por reduzir a área geográfica de atuação eleitoral, ele seria um potencial barateador das cada vez mais caras – e bancadas em grande parte com dinheiro público – campanhas eleitorais.

O voto distrital pode não ser a solução ideal ou livre de problemas. Mas é preciso que tal modelo seja ao menos minimamente discutido e avaliado. É bem verdade que o país precisaria de uma nova Reforma Política. Uma reforma de verdade e pra melhor, que simplificasse o processo eleitoral, tornando-o mais claro para a população, barateasse as campanhas, corrigisse distorções, reduzisse o poder na mão de políticos e evitasse o uso da máquina pública como facilitador eleitoral – seja lá de quem for.

Enfim, temos muito a avançar e não podemos deixar temas importantes caírem novamente no esquecimento apenas porque a eleição legislativa passou. E no Brasil, a solução não sairá sem que a sociedade organizada clame por mudanças.

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