“Posso até dizer que conto os momentos da minha vida a partir dos livros que estou lendo, como se fossem pequenas estações do ano, de diferentes durações e intensidades”. É assim que o jornalista e doutorando Tiago Segabinazzi define a sua relação com a literatura.
Hoje, ler é um hábito diário que serve tanto para o trabalho quanto para o lazer. Mas nem sempre foi assim. Na infância, ele só lia gibis e livros para cumprir as tarefas da escola. “Descobri a literatura tardiamente, na faculdade, por volta dos 20 anos, e a sensação é de que eu poderia ter começado muito antes”, conta.
A indicação
Nestes anos, entre os livros que marcaram sua trajetória, está “O crush de Álvares de Azevedo”, de Jandiro Koch. A obra recebeu o prêmio Açorianos deste ano e, a partir de uma pesquisa histórica, trata da possibilidade do poeta Manuel Antônio Álvares de Azevedo ter tido uma relação amorosa com o político Luiz Antônio da Silva Nunes.
“Jan ironiza a sociedade do século XIX ao XXI com elegância e traz o debate sobre sexualidade e gênero de forma prática e até didática, mas sem por isso ser pedante”, conta Tiago.
Para o doutorando, examinar a possibilidade de um crush entre duas figuras públicas no século XIX é uma forma de reconhecer que nomear uma relação é um problema desde sempre. A linguagem solidifica ideias e encerra pessoas dentro da palavra utilizada para se referir a elas’’, acredita.
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