Um vácuo para ser preenchido

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Um vácuo para ser preenchido

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O calcanhar de aquiles das empresas do Vale do Taquari chama-se insuficiência de mão de obra apta a preencher os espaços abertos nas instituições. Semana sim e outra também, ouço nos microfones da rádio, nas ruas, leio nas páginas dos jornais, dos portais e das revistas empresas correndo, quase de forma desesperada, atrás de pessoas qualificadas para as vagas existentes.

A situação é paradoxal. Enquanto no mundo (vide ilustração) temos 71 milhões de jovens desempregados, na região, e aqui está o paradoxo, não tem profissional suficiente para ocupar as ofertas mais básicas. Vamos combinar, aqui no Vale, só não trabalha quem, literalmente, não quer.

Falta mecânico, soldador, vendedor, contador, cobrador, RH, programador, pedreiro, servente. Falta em todos os setores o tempo todo. Não poucas empresas já admitem reduzir o ritmo de crescimento em função da pouca oferta de mão de obra. “Eu vou parar”, me confessou um dono de uma oficina mecânica esta semana, após dezenas de tentativas frustradas de encontrar mecânico no mercado. E o salário é atrativo.

O que percebemos região afora são movimentos intensos por parte das empresas, das entidades classistas e, em alguns poucos casos, até mesmo do poder público, numa verdadeira cruzada para amenizar a situação. Escolas internas, treinamento específico ou curso profissionalizante têm sido saídas caseiras encontradas até aqui. Mas ainda é pouco.

O consolo (que é diferente de conforto) é que o problema não é apenas regional. A 23ª pesquisa da PWC, desenvolvida com centenas de CEOs de empresas do mundo inteiro, mostra que 74% dos entrevistados estão preocupados com a disponibilidade de competências essenciais para expandir seus negócios. Ou seja, a evolução das empresas pode travar na insuficiência de mão de obra preparada para atender as demandas atuais.

O novo ensino médio que bate a porta vem um pouco ao encontro desse paradoxo. A partir do próximo ano, os estudantes estarão mais perto da prática e menos afunilados na teoria. Aliás, está mais do que na hora das universidades (públicas ou privadas) também acelerarem suas transformações nos métodos de ensino, sob pena de perderem cada vez mais espaço e relevância. O “canudo” está valendo todo dia menos, ainda que ele não pode, jamais, ser negligenciado.

Promove, Prodel, Agil, Tríplice Helice, inovação, tecnologia. Muitas são as ferramentas e os canais criados para potencializar a formação de mão de obra e moldar as pessoas com base nas oportunidades. Fato é que precisamos diagnosticar de forma mais específica, qualificada e quantitativamente para acertar o alvo. E esta, convenhamos, é uma tarefa que ainda não fizemos. Chegou a hora.


O bafo na nuca e a união precisam continuar

O Estado tem sido teimoso nas negociações sobre o Plano de Concessões das rodovias estaduais. Esta semana, uma nova audiência no Palácio Piratini terminou frustrada. Até aqui, o Estado só fez de conta que nos ouve. Tem sido irredutível com a outorga, o prazo das obras e as praças físicas. Fato é: precisamos continuar mobilizados e unidos no mesmo propósito e resistir ao máximo a esta tentativa antidemocrática do governo de Eduardo Leite em emplacar essa concessão que pune os gaúchos.


Atrito

O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, causou desconforto ao falar, em entrevista à imprensa, que as entidades (CIC e Codevat) não têm autorização para falar em nome do governo de Lajeado sobre o tema concessão das rodovias. Criou uma divergência desnecessária e coloca líderes regionais em rota de colisão com o chefe do Executivo. Reitero: a região precisa fechar questão e bater pé. Vaidades e interesses paroquianos não podem se sobrepor ao interesse regional. Marcelo Caumo tem crédito. Pode se explicar, desfazer o mal-entendido e reafirmar seu apoio ao movimento legítimo e necessário que as entidades regionais fazem desde que o estado apresentou essa proposta descabida de concessão.


A Amvat faltou

De fato, na reunião frustrante de quinta-feira, na Casa Civil, faltou a presença da entidade que representa os prefeitos. A Amvat não esteve. Paulo Kohlrausch, o presidente da associação, tem sido atuante neste sentido e tem representado os municípios de forma pontual. De fato, não pode se imaginar que este movimento se faça apartado da força política regional, e muito por isso, não podemos perder para nós mesmos e começar a brigar por protagonismo ou espaço nas fotos. Não podemos perder o foco, por favor.

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