Moradores de Palmas questionam transferência de antigo moinho

Estrutura

Moradores de Palmas questionam transferência de antigo moinho

Estrutura é levada ao Parque João Batista Marchese. Na avaliação dos filhos de ex-sócio, moinho deveria ser preservado no distrito encantadense

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Moradores de Palmas questionam transferência de antigo moinho
Tijolos e madeiras do antigo moinho são retirados de Palmas aos poucos desde setembro. Antes da transferência, estrutura ficou quase 15 anos sem investimentos e registrava danos (Foto: Fábio Kuhn)
Encantado

O futuro do antigo moinho de Palmas, em Encantado, gera divergências. De um lado, a administração municipal já trabalha na transferência da estrutura de tijolos e madeiras para o Parque João Batista Marchese. Do outro, filhos de ex-sócio afirmam não terem sido informados da mudança e cobram que a estrutura seja preservada no distrito encantadense.

Iniciada por Pedro Hoppe e Albino Hoppe, a construção do moinho de cilindros iniciou por volta da década de 50. Por muito anos, foi utilizada para moagem e produção de farinha, atraindo pessoas de toda a região e se tornando um dos pontos mais frequentados de Encantado no passado.

Durante as décadas, a estrutura passou pelas mãos de Fridoldo Schmöguel, Vitório Dende até chegar a uma sociedade formada por Erno Markus, Fernando Radi, Etwino Immich e Lauro Biger.

Com a substituição do plantio do trigo por soja e evolução das opções de moagem, a produção do moinho diminuiu até se tornar inviável financeiramente. Entre os anos 90 e início dos anos 2000, o empreendimento encerrou as atividades.

Em 2005, a estrutura foi comprada pela administração municipal (gestão de Agostinho Orsolin). Conforme a comunidade, havia a promessa de restaurar o moinho e torná-lo um ponto turístico. Entretanto o local acabou sem investimentos e registrando danos em sua estrutura física.

“Tiraram uma parte da nossa comunidade”

Etholdo Alberto Immich, 75, ainda se recorda da construção do moinho em sua infância. Na adolescência, ele trabalhou na moagem do trigo e milho ao lado pai Etwino – morador que acabou se tornando sócio do empreendimento.

Além de se tornar um dos principais pontos comerciais de Encantado, o moinho auxiliou no fornecimento de energia elétrica para parte da comunidade, lembra Immich.

A retirada do moinho pegou o filho do ex-sócio de surpresa. Immich cita saudade do passado e se diz triste pelo fato do moinho ser restaurado em outro ponto da cidade. “Poderia ser algo para o turismo de Palmas, mas as coisas são levadas embora. Nossa comunidade está ficando esquecida”, lamenta.

A irmã de Immich, Marlise Guerini questiona como foi definido o destino do antigo empreendimento. Segundo ela, nenhuma reunião foi realizada para saber o posicionamento da comunidade. “Tiraram uma parte da nossa comunidade. Não teve reunião, não teve perguntas, não teve nada. Ficamos sabendo quando eles já estavam retirando o moinho de lá”, comenta.

Marlise lamenta a transferência do moinho e avalia que parte da história dos antepassados se perde com a estrutura sendo levada de Palmas.

Praça e réplica

Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o governo de Encantado esclarece que foi “acertado com a comunidade” que o espaço do moinho antigo em Palmas será transformado em uma praça e ali será construída uma réplica do moinho. A estrutura do antigo empreendimento será restaurado e fará parte do Parque Histórico dos Imigrantes junto ao Parque João Batista Marchese.

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