Entidades do Vale pedem que interdição da BRF seja revista

Impacto econômico

Entidades do Vale pedem que interdição da BRF seja revista

Organizações da região pedem que apenas 50% da produção seja suspensa

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Atualizado sexta-feira,
08 de Maio de 2020 às 19:44

Entidades do Vale pedem que interdição da BRF seja revista
A juíza conclui que o estabelecimento apresenta grande risco de transmissão da doença entre os trabalhadores. Créditos: Gabriel Santos
Vale do Taquari

O Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari , CODEVAT, a Associação de Municípios do Vale do Taquari, AMVAT. a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS, FETAG, e a Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari,CIC/VT, pediram, em nota, que a interdição total da indústria BRF, em Lajeado, seja alterado.

As organizações sugerem que a interdição seja de 50% do setor produtivo, mesma sanção aplicada a Minuano Alimentos. Ao se manifestar, as entidades consideraram as consequências econômicas que a decisão pode gerar e a dificuldade que o setor primário enfrenta com as crises causadas pelo coronavírus e pela estiagem.

Confira o comunicado na íntegra:

Excelentíssimos Senhores Representantes do Judiciário e do Ministério Público,

O Vale do Taquari depende 80% diretamente e indiretamente do agronegócio. É uma região que possui pequenas propriedades agrícolas e da pecuária. No caso da pecuária, esta região, que possui um pouco menos de 2% do território do RS e mais de 3% da população regional, é responsável por 25% da produção de frangos, 15% da produção de suínos e 8% da produção leiteira.

Especificamente em se tratando da produção via integração de frangos e suínos, possui praticamente todos os elos dessas cadeias produtivas. Essa é uma região reconhecidamente identificada com a cadeia de alimentos, pois temos os produtores e temos as indústrias e todos os demais negócios vinculados a estes.

No Estado do RS são 7.500 famílias que produzem frango e 10.272 famílias que produzem suínos. Praticamente um quarto dos animais produzidos no Estado são abatidos no Vale do Taquari. (ASGAV; ACSURS).

Nossas entidades têm clareza das dificuldades enfrentadas por todos nesse momento de pandemia. Somos resilientes e entendemos que, individualmente e em nossos negócios, todos teremos impactos e, o que melhor devemos fazer neste momento, é sermos solidários e trabalharmos coletivamente para minimizar tais impactos.

No entanto, no caso da nossa região e do Estado do RS, temos outro componente que está prejudicando muito a produção da agricultura familiar e da pecuária, que é a estiagem que acontece desde o início do ano. Segundo a EMATER Regional Lajeado e Regional da SEAPDR Estrela, neste momento já temos 33 municípios do Vale do Taquari que decretaram situação de emergência, com prejuízos já identificados de 50% da produção de grãos e 20% da produção leiteira, o que equivale a 260 milhões de reais de prejuízos na região.

Considerando esse contexto, compreendemos plenamente as ações de todas as instâncias para a proteção da vida de cada indivíduo e realmente não podemos admitir perder ninguém, no entanto, nos sentimos na obrigação de indicar que ações como o fechamento dos frigoríficos têm impacto muito mais do que somente na produção e no conjunto de colaboradores das empresas, que deixam de trabalhar:

– são praticamente 20.000 famílias no Estado do RS que poderão ser afetadas com a diminuição do abate de animais;

– são milhões de animais hoje alojados e que não poderão ser abatidos (só no caso da atividade do frigorífico BRF são 7 milhões de frangos nesta condição);

Dessa forma, o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari – CODEVAT; a Associação de Municípios do Vale do Taquari – AMVAT; a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS – FETAG; e a Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari –
CIC/VT, solicitam aos senhores juízes envolvidos neste processo e o Ministério Público, que revejam a decisão de interdição do frigorífico BRF e tomem como ação o mesmo critério utilizado para o frigorífico Minuano, possibilitando assim que 50% da dos empregados atuem e que seja efetivado uma retomada gradual dos trabalhos.

Essa decisão igual às duas empresas possibilita uma ação mais efetiva de enfrentamento ao Covid-19, minimizando os impactos econômicos e sanitários das próprias empresas, mas fundamentalmente, dos produtores rurais que estão com animais alojados,
dívidas já assumidas, gastos já efetivados na produção e muitos frangos e suínos prontos para o abate.

Queremos aqui salientar nossa total concordância com o esforço para que evitemos as aglomerações e a escalada das contaminações por coronavírus, mas salientamos a necessidade de equilibrarmos essas ações levando em conta os impactos na vida e na saúde dos produtores rurais e de suas famílias.

Agradecemos e permanecemos a disposição!

Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari – CODEVAT

Associação de Municípios do Vale do Taquari – AMVAT

Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS – FETAG

Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari – CIC/VT

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