Como um investidor perdeu R$ 800 mil em vinte dias

MERCADO VIRTUAL

Como um investidor perdeu R$ 800 mil em vinte dias

Esse foi um dos mais de dez casos de estelionato registrados na Delegacia de Polícia de Lajeado

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Flávio (nome fictício) conheceu uma empresa de marketing multinível que investe em moeda digital e foi convidado para fazer parte do grupo de investimento. Em contrapartida, teria ganhos que chegariam a 3,5% por dia.
 
Um homem, que se identificava como sócio da empresa, encaminhava vídeos publicitários com oportunidade de rendimentos fáceis e uma vida de ostentação. Instigado pelas promessas, Flávio investiu R$ 800 mil. Também convidou outras pessoas para fazer parte do sistema de pirâmide financeira na expectativa de agregar mais rendimentos.
 
Toda a negociação ocorreu em conversas virtuais via WhatsApp. Nenhum contrato foi assinado. Havia apenas o acordo de que os valores aplicados e rendimentos poderiam ser retirados a qualquer momento.
 
Em 20 dias, Flávio tentou sacar parte dos juros agregados no período (valor chegaria a R$ 400 mil). Não conseguiu. Assim como ele, outros investidores da pirâmide financeira ficaram sem receber valores solicitados.
 
Foi quando Flávio percebeu que algo estava errado. Ele procurou auxílio de um advogado e foi orientado a pedir apenas o ressarcimento dos R$ 800 mil investidos inicialmente. Nesse momento, o suposto sócio da empresa alegou que era apenas um funcionário e estava enfrentando dificuldades financeiras. Poucos dias depois, a conta de Flávio foi excluída. A vítima registrou uma ocorrência na Delegacia de Polícia. O caso foi enquadrado como estelionato e está sob investigação.
 

Uma busca difícil

O relato acima é real e ocorreu com um morador de Cruzeiro do Sul no período entre janeiro e abril deste ano. Advogado da vítima, Evandro Quadros busca responsabilizar os estelionatários e recuperar os valores investidos.
 
A inexistência de um contrato e a fragmentação do sistema de pirâmide financeira sem constituição societária clara dificultam o trabalho. “Na sociedade atual, o investidor precisa conhecer e solicitar formalmente a identificação de com quem está realizando negócio”, recomenda.
 
Com auxílio da polícia, Quadros realiza uma ação civil para identificar os responsáveis pela empresa de marketing multinível e verificar a capacidade patrimonial dos donos como questão de garantia para a vítima.
 

Mais de dez fraudes na Delegacia de Lajeado

Em um vídeo nas redes sociais, a delegada Márcia Scherer alertou para as fraudes desse tipo que ocorrem na região. Conforme ela, são mais de dez ocorrências na Delegacia de Polícia de Lajeado sobre perdas em investimentos no mercado das moedas digitais. A maioria foi registrada nas últimas duas semanas.
 
Duas empresas foram identificadas praticando o estelionato no Vale, informou a delegada. Elas apagaram os registros na internet após a constatação dos crimes.
 
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FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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