Convenção CDL aponta para transformação nos negócios

Economia Criativa

Convenção CDL aponta para transformação nos negócios

17ª edição do evento reuniu 850 pessoas no Clube Tiro e Caça, em Lajeado

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Convenção CDL aponta para transformação nos negócios
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O mundo de transformações rápidas e suas consequências para os negócios foi o tema da 17ª convenção CDL Lajeado. O evento realizado dia 22 de junho no Clube Tiro e Caça provocou os participantes a encontrar as mudanças necessárias para seus negócios diante desta nova realidade.

Principal atração do evento, o historiador e professor Leandro Karnal falou sobre o momento de crise moral e política enfrentado pelo Brasil. Para ele, o brasileiro está pessimista em relação ao futuro e impactado pela ausência de valores nas mais diferentes instituições.

Conforme Karnal, o pessimismo é importante, mas pode levar à inércia. Sendo assim, considera imprescindível a retomada do otimismo para realizar os avanços necessários para a sociedade. “Só o trabalho trará esses avanços e só os otimistas trabalham.”

Diante das incertezas deste novo tempo, o palestrante provocou os participantes a saírem da inércia e serem a mudança necessária para suas vidas. O problema, segundo ele, é que o nosso cérebro não está acostumado a mudar e tende a buscar por zonas de conforto.

Diante da velocidade das transformações no mundo, alerta, não adianta resistir à mudança, caso contrário, ficaremos presos a um modelo ultrapassado. “Mudar é difícil, não mudar é fatal.”

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Conforme o historiador, o brasileiro ainda é muito apegado a buscar explicações ocultas e acreditar em crendices para determinar os motivos para o fracasso ou o sucesso. Cita como exemplo a crença de que comer lentilha ou usar roupas amarelas no ano novo servem para atrair dinheiro.

“Os ricos que eu conheço nunca comeram lentilha”, ironizou. Segundo ele, o único caminho para ser bem-sucedido é a dedicação, e os resultados obtidos dependem das nossas atitudes. Lembra que parte da população está inebriada por banalidades de fácil consumo. Fascinadas com um mundo que não existe, se tornam egoístas e infelizes.

Para Karnal, não se adaptar às mudanças da sociedade é fatal

Para Karnal, não se adaptar às mudanças da sociedade é fatal

Segundo Karnal, a gestão de mudanças passa pela consciência de que somos sócios majoritários da nossa existência e que, quando se tem ação, estratégia e mudança, a felicidade pessoal e profissional fica mais próxima de ser alcançada.

Primeiro palestrante do dia, Gustavo Bozetti fez uma apresentação baseada nas atitudes e comportamentos capazes de alavancar o sucesso. Presidente Master Mind e da Napoleon Hill do RS, Bozetti apontou a necessidade de sair da zona de conforto para criar condições de se adaptar à sociedade contemporânea.

Segundo ele, para isso, é preciso saber a diferença entre uma simples e rápida mudança, e uma transformação profunda. Conforme o palestrante, o foco e a disciplina são características capazes de transformar a vida das pessoas e promover as mudanças necessárias para a evolução.

Neoconsumidores

Diretor da agência Escala, João Miragem, falou sobre os vetores básicos para compreender as mudanças nos padrões de consumo. O primeiro deles é a transformação social causada pelas mudanças comportamentais da chamada geração Z. “É preciso pensar em como fazer negócios não apenas com esses jovens, mas com o mundo que eles estão moldando”, aponta. Segundo ele, o comportamento da nova geração está relacionado com a revolução tecnológica.

Outro fator importante para compreender o comportamento do novo consumidor, explica Miragem, é a descrença com as instituições, uma vez que essas estão fechadas em torno de interesses cada vez mais pessoais. “Os jovens buscam novas formas de se organizar para se sentirem representados.”

A instantaneidade foi outra característica apontada pelo palestrante. Segundo Miragem, o agora ganha significado no momento em que as experiências se tornam cada vez mais efêmeras. “Esse é o mundo com o qual temos que aprender a nos relacionar.” Conforme o palestrante, diante das características dos neoconsumidores, marcas e empresas precisam focar mais em criar uma cultura do que em vender um produto. Para isso, conclui, é preciso parar de planejar o futuro e investir na compreensão do momento.

Política conturbada

A jornalista Carolina Bahia proferiu sua palestra por videoconferência, direto de Brasília, devido ao momento de instabilidade institucional do país. Segundo Carolina, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Temer por corrupção e obstrução de Justiça, o que demonstra a gravidade da crise política.

A jornalista explica que caberá à Câmara dos Deputados a decisão de acatar ou não a denúncia de Janot. Segundo ela, Temer ainda se agarra ao apoio político que recebe no Congresso e à possibilidade de aprovar as reformas trabalhista e da Previdência para se manter no poder. Porém, ressalta que governo hoje não tem votos para avançar com as propostas.

“A preocupação do governo é apenas em garantir a própria sobrevivência”, aponta. Em caso de queda do presidente, Carolina lembra que o próximo na linha de sucessão é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também denunciado pela lava-jato. Segundo ela, não há um nome de consenso em caso de eleição indireta no Congresso.

Para 2018, Carolina projeta mais dúvidas. Segundo ela, dos nomes que aparecem na lista de presidenciáveis para as próximas eleições, não existem candidaturas confirmadas. Lembra que os três principais partidos, PSDB, PMDB e PT, estão envolvidos na lava-jato, juntos com seus principais líderes.

Teve um período da história em que a boa publicidade vendia produto ruim. Isso acabou.

Teve um período da história em que a boa publicidade vendia produto ruim. Isso acabou.

“Se investe pouco em entender e desenvolver a empresa e seu produto.”

Negócios em Pauta – O que é preciso compreender para fazer negócios nesta nova realidade econômica e tecnológica?

João Miragem – Tenho percebido a dificuldade do empresário em saber como ele ganha dinheiro. Esse é o básico, as marcas e os negócios precisam entender quem eles são. Existe autoanálise serve para identificar o que estou oferecendo para o mercado e que tipo de relação estou construindo. Saber o que tenho de valor, de verdade, e por que as minhas transações estão ocorrendo. Entendendo isso, o empresário saberá por meio do que ele se relaciona com as pessoas, quando deve pisar no acelerador e no freio. Saberá o que deve promover enquanto produto e imagem, os pontos em que deve investir e fortalecer dentro da empresa. Vejo muita empresa investindo em estrutura de controle, e pouco em pesquisa e desenvolvimentismo. Se investe pouco em entender e desenvolver a empresa e seu produto.

O tempo das fórmulas prontas na publicidade acabou?

Miragem – Teve um período da história em que a boa publicidade vendia produto ruim. Isso acabou. Hoje a boa publicidade não salva um produto ruim e precisamos olhar para isso. O que estou fazendo tem valor? Existe uma quantidade incrível de informações disponível hoje, mas pouco se olha para dentro. As pessoas vão para a rua buscar tendências o que está acontecendo do lado de fora, mas 70% das informações que você precisa estão dentro de casa. Se não estão, você está mal organizado.

Como o empresário deve buscar as informações sobre seu negócio?

Miragem – Na loja, você tem contato direto com o seu consumidor. Os seus vendedores se relacionam com vendedores de outras lojas, fazem entrevistas em outros lugares. Eles têm o que você precisa para entender o seu ambiente competitivo. Toda vez que um cliente faz uma compra, que informações você obtém dessa pessoa, e como usa essa informação na tomada de decisões do dia a dia? Pouca gente faz esse tipo de reflexão, normalmente apenas as grandes empresas. Para as médias e pequenas empresas, é ainda mais fácil porque se relacionam com menos pessoas. Essa organização da espinha dorsal do negócio é o principal. Quem fizer esse dever de casa enxergará onde estão os buracos abertos dentro do seu negócio.

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