Jogo mortal  acende alerta

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Jogo mortal acende alerta

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O perigo das redes sociais em uma sociedade despreparada
É triste, mas verdade. Um macabro jogo viralizou em parte da Europa e na Rússia e agora desafia o Brasil. Adolescentes recebem desafios em que a última tarefa proposta é o suicídio.
Aqui no RS, a notícia mais próxima vem de Soledade, onde os pais encontraram sangue no quarto do filho e, ao seguirem os rastros até um matagal, surpreenderam o menino prestes a se matar.
A orientação de especialistas é que os pais monitorem e conversem com os filhos para evitar tragédias envolvendo esse tipo de barbárie. A internet não é brincadeira.
O jogo da Baleia Azul, como é denominado, funciona em grupos fechados na internet. Na web, um dos mentores passa a orientação do desafio a ser feito no dia. Dentre as tarefas, estão assistir a filmes de terror por 24 horas, cortar a pele e desenhar símbolos pré-estabelecidos. O jogo tem duração de 50 dias, com a tarefa mortal.
Os pré-adolescentes são mais suscetíveis por perderem mais facilmente o senso de realidade. A cada tarefa concluída, ele se sente mais poderoso.
Os especialistas são enfáticos ao decretar que os pais precisam ter voz ativa com os filhos e proibir certas atitudes, como passar noites em claro e virar o dia na frente de um videogame. Devem lembrá-los de seu papel, pois são crianças, adolescentes. Se for preciso, devem pedir ajuda profissional.
O monitoramento deve ser de todas as redes sociais. WhatsApp, Facebook ou grupos de bate-papo. É importante saber em quais grupos seus filhos estão se relacionando.
O pais não podem confundir firmeza com grosseria. Filhos não podem fazer o que querem. É fundamental impor limites, por mais que esperneiem ou façam chantagem emocional. Pais que amam são firmes e não frouxos.


Entrevista de Marc Ritchard disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=NEUCOsphoI0

Entrevista de Marc Ritchard disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=NEUCOsphoI0

Reflexo negativo também no mundo dos negócios

Em março, a revista CENP, direcionada aos publicitários brasileiros, traz uma entrevista com um dos maiores anunciantes do mundo e um ícone dos negócios: Marc Pritchard, presidente da ANA, a entidade dos anunciantes norte-americanos que reúne mais de mil marcas.
Sua palestra na Flórida causou verdadeiro impacto no mundo publicitário, em todo planeta, ao chamar de “porcaria” a maior parte da publicidade digital.
Ele ataca, principalmente, as redes sociais e critica a audiência. Cita que muitas marcas ficam ali bombardeando o consumidor com publicidade ruim, por meio de vários formatos e estratégias nefastas, enganadoras. Ficam se iludindo com visualizações e curtidas.
Ele ainda alerta para a enganação e fraudes na mensuração dos resultados. Empresários desavisados caem no “conto de fadas” dos defensores cegos das redes sociais e gastam dinheiro suado com produções para enxurrar no digital.
“Boa propaganda custa tempo e dinheiro. E da forma como está sendo feita, coloca recursos demais em intermediários não produtivos, com buracos negros que sugam verbas em processos e métodos fraudulentos”.
Os comentários de Pritchard ressaltam a crescente conscientização dos problemas de fraude na publicidade digital, ainda muito comum, escreve a revista na sua última edição. Pritchard reconhece que a P&G cometeu um engano ao se lançar ao mundo digital, sem critérios seguros e respaldados. E isso contribuiu para a situação chegar onde está.
Finalmente, alguém com credibilidade e conhecimento intercontinental posiciona as redes sociais e os lunáticos defensores de que elas são um caminho sem volta.
Ainda que uma legião de pessoas se atire todos os dias ao nefasto mundo da rede social, não significa que elas consumirão produtos ali expostos. Pelo contrário, a maioria está na rede social para bisbilhotar, se exibir ou tentar vender algo, quando não aplicar algum golpe ou atitude nefasta, como o triste exemplo da Baleia Azul.
Umberto Eco morreu, mas sua sabedoria ecoa no planeta ao afirmar que as redes sociais deram vazão a uma “legião de imbecis”.
De fato, quanta “porcaria” se passa e quanto tempo precioso é gasto para compartilhar bobagens e inverdades. Os americanos caíram em si, quando da eleição de Donald Trump. No Brasil, a febre ainda existe, mas está em decadência entre os mais esclarecidos.
Felizmente, o empresariado começa a perceber que a promessa de milagres – publicidade de graça ou quase de graça – não existe. A mídia digital deve ter responsabilidade, caso contrário, não tem valor. Os veículos tradicionais como jornal impresso, rádio e televisão, e seu arsenal de plataformas digitais confiáveis tornam-se essenciais e passam a servir de curadoria para as marcas sérias e preocupadas com a reputação. A rede social jamais conseguirá essa credibilidade.
Bem-vindos ao mundo real!

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