Com a conclusão da análise psicológica da mãe do bebê abandonado em uma lixeira no fim de abril, o delegado da Polícia Civil, João Alberto Selig, decidiu indiciar a mulher de 41 anos por abandono de incapaz. O processo segue para o Ministério Público (MP). A reclusão para casos do tipo pode chegar a três anos.
O laudo do Instituto Psiquiátrico Forense, de Porto Alegre, contou com a informações de um profissional com histórico de atendimento da mãe. De acordo com Selig, o resultado foi determinante para o indiciamento.
Para ele, a mãe reconheceu o abandono e não remorso pelo caso. “Ela não apresentou sinais de depressão ou arrependimento, mas relatava medo de ser presa.”
A investigação também foi desenvolvida no entorno de onde mora a família e parentes da indiciada. Selig acredita ser difícil a prisão da mãe pelo caso devido ao tempo de pena prevista. Ainda sem nome, a criança é mantida em um abrigo, enquanto os avós maternos buscam na Justiça a guarda provisória do neto.
Segundo o advogado da família, Márcio Arcari, uma avaliação das condições financeiras e psicológicas dos avós deve ser feita nos próximos dias. Ela foi solicitada pelo juiz responsável pelo caso.
Apesar do prazo de 15 dias para ser concluído, a avaliação aguardava o término das férias da profissional responsável e o laudo deve ser entregue até a próxima semana. A etapa antecede uma audiência para tentar definir a guarda da criança enquanto o processo criminal segue indefinido.
A tendência, indica, é por um resultado favorável na análise de ambiente. Segundo Araci, eles estavam preparados para o neto, mas a família acreditava em mais tempo para o nascimento. “Eles esperavam essa criança. O enxoval e o carrinho estavam comprados.”
Relembre
Na tarde do dia 27 de abril, a dona de casa Neiva Numer, 57, encontrou o recém-nascido quando chegou na lixeira próximo à residência, no centro. O menino estava com um pijama e enrolado em um casaco. Ela chamou a filha e a Brigada Militar para encaminharem a criança ao hospital do município. Após o atendimento, ele foi enviado para um orfanato.
O bebe, segundo estimativa médica, havia nascido menos de 48 horas antes de ter sido encontrado pela dona de casa. O parto ocorreu na casa da mãe, sem que o marido soubesse. Apesar de saber da gestação, os familiares desconheciam o tempo de gravidez.
Em maio, em entrevista ao A Hora, a avó da criança afirmou que a filha havia se arrependido do abandono. Na época, garantiu que ela chegou voltar ao local onde a criança estava e viu o momento Neiva encontrou o recém-nascido.
A repercussão do caso na internet abalaram a família e ela defendeu a filha, mãe de outas cinco crianças. Ela também relatou receio de represálias da comunidade local com os netos.