Polícia registra média superior a três furtos e roubos por dia

Lajeado

Polícia registra média superior a três furtos e roubos por dia

Em março e abril, Polícia Civil contabiliza 197 crimes no município

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O que era para ser uma celebração de aniversário acabou se tornando o momento mais tenso da vida de Tatiana Feliceti, 31. No dia 2 de abril, ela ganhou das colegas de trabalho uma sessão de luzes em um salão de beleza do bairro Montanha.

Por volta das 19h, um grupo de assaltantes arrombou a porta do instituto e rendeu os dez ocupantes do local – seis funcionários e quatro clientes. “Me lembro que eles disseram para todos os clientes passarem os objetos de valor,” conta Tatiana.

Aproveitando a distração dos bandidos, ela conseguiu esconder um relógio. Os demais pertences – celular, maquiagem e bolsa com documentos – foram levados. Após a ação, os clientes e funcionários do salão de beleza foram trancados na sala de maquiagem. Sob choros e rezas, a espera durou 40 minutos até a Brigada Militar chegar ao local.

Natural de Muçum, Tatiana mora faz dez anos em Lajeado. Ela percebe o aumento da insegurança na cidade. “Não sei o que está acontecendo. Todas as pessoas com quem falo já sofreram com algum crime”, lamenta.

Três crimes por dia

A percepção de Tatiana é corroborada pelos números de furtos e roubos nos últimos meses. Em abril, foram registrados 111 delitos em 30 dias – uma média de 3,7 por dia. Em março, a quantidade foi 22% menor – 86 crimes em 31 dias, média de 2,7 por dia.

O delegado de Lajeado, Juliano Stobbe, percebe o aumento da criminalidade desde o ano passado, quando iniciou a diminuição gradativa dos efetivos policiais. “As forças de segurança se desdobram. Como o governador pede, fazem mais com menos. Mas chega ao ponto que não tem gente para estar na rua.”

Capitão da Brigada Militar, Luciano Johann destaca o fato de os autores dos delitos não permanecerem recolhidos e a diminuição do efetivo como dificuldades da BM. Nos últimos dois meses, foram realizadas 81 prisões por furto, roubos, tráfico, armas de fogo e foragidos.

Johann percebe uma diminuição do número de crimes se comparado com o mesmo período do ano passado, quando os meses de março e abril registraram 308 delitos.

“Quando a polícia diminui, a criminalidade aumenta”

A Hora – Aumentou o número de furtos e roubos em 2016?

Juliano Stobbe – Houve um aumento dos números, mas não especificamente em 2016. Já vem desde o ano passado com a diminuição gradativa do efetivo das forças policiais: Brigada Militar, Polícia Civil, Susepe e Instituto Geral de Perícias (IGP). A criminalidade é praticamente como uma conta matemática. Quando a polícia diminui, a criminalidade aumenta. Principalmente numa época de desempregos, oportunidade e até falta de vontade por parte dos interessados em cometer o crime. O principal aumento na criminalidade que se sente é contra o patrimônio. São criminosos que agem por oportunidade e fazem do crime contra o patrimônio o bem de vida. Percebendo que a possibilidade de prevenção e repressão do crime é menor pela falta de efetivo. Também percebem que alguns crimes, principalmente os furtos, têm uma pena baixa. Mesmo que pego em flagrante, o tempo de prisão é pequeno.
Como a Polícia Civil está lidando com a diminuição no efetivo policial?

Stobbe – Nosso efetivo é reduzido. Em questão de um ano e meio, houve uma diminuição de 40%. Assim, a gente atua com prioridades de gravidades do crime. Por exemplo, homicídios são nossa prioridade e roubos.
Queríamos cuidar de todos os casos. Mas acaba que crimes praticados sem violência, como os furtos, ficam em segundo plano. Assim a gente vai atuando. Fazendo tudo que dá na medida do possível.2016_05_07_fábio kuhn_criminalidade_delagado juliano stobbe

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