Tecnologia ajuda investigações policiais

Vale do Taquari

Tecnologia ajuda investigações policiais

Em um mês, contato via aplicativos teve mais de 575 denúncias e quatro prisões

Por

A criação de uma linha exclusiva para denúncias à Polícia Civil gerou 575 denúncias no primeiro mês de funcionamento. Os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) indicam a recuperação de 27 veículos e a prisão de quatro pessoas no período com ajuda da ferramento, em que são aceitos contatos por aplicativos como o WhatsApp e o Telegram.

Nele, as denúncias podem ser feitas 24 horas de forma anônima. O serviço não substitui o registro de ocorrência. Todas as prisões, segundo a SSP, foram feitas pela 1ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de Gravataí (DPRM). Na área de atuação do órgão, também foram recuperados dez dos 27 veículos apreendidos.

Apesar de faltar informações oficiais sobre o uso da ferramenta na região, a disponibilidade é vista como positiva pelo delegado de Lajeado, Juliano Stobbe. De acordo com ele, os contatos com a central, em Porto Alegre, permitem integrar informações e auxiliam na formação de relatórios de inteligência mais detalhados.

Segundo Stobbe, o contato já era usados entre policiais e informantes e o novo serviço deve agregar agilidade e qualidade na apuração das investigações. “Facilita muito essa forma de um contato imediato. Claro que isoladamente eles não são suficientes para desencadear uma investigação, mas colaboram com um início.”

Medida positiva

Os resultados apresentados pelo serviço são considerados positivos pelo especialista em segurança estratégica, Gustavo Caleffi. Para ele, ainda não existe uma forte comunicação sobre o serviço, devido ao pouco tempo de atividade. Outro fator é a falta de cultura no uso da ferramenta.

De acordo com ele, fatores como a inexistência de limites de atendimentos e possibilidade de reduzir o número de ligações desnecessárias nos disque-denúncias estão entre os principais benefícios gerados. Ele salienta ainda a maior agilidade do recebimento de informações e uma aproximação entre população e órgãos de segurança pública.

“O resultado conquistado até o momento é muito positivo”

Gustavo Caleffi atua no segmento de segurança estratégia faz 12 anos. Foi consultor no Brasil de empresas israelenses de segurança. É instrutor do Curso de Segurança VIP e Dignitários (Acadepol) de Santa Catarina e diretor da Squadra Gestão de Riscos. 12_AHORA

A Hora – Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública do, no primeiro mês de atividade do serviço, foram registradas 575 denúncias, recuperação de 27 veículos e quatro prisões. Como avalia os resultados apresentados?

Gustavo Caleffi – Considerando-se que este serviço está há pouco tempo implementado, e que ainda não há uma forte comunicação e cultura da sociedade na sua utilização, podemos entender que o resultado conquistado até o momento é muito positivo.

Quais os resultados desse tipo de ferramenta dadas as limitações do setor no estado? Na sua avaliação, versões com abrangência reduzida da proposta poderiam ser implantadas?

Caleffi – Não vejo como reduzir essa atuação e inclusive acho perigoso essa redução. Quando temos essa informação centralizada, é possível ao órgão que gerencia essas demandas saber quais os recursos necessários a serem encaminhados para a ocorrência. Não adianta ter uma ação dessa em um batalhão de Brigada Militar, o qual muitas vezes não possui recursos e certamente terá que pedir apoio a outras unidades, mas esse não saberá qual a unidade que poderá lhe apoiar, por não ter uma visão macro. Por isso entendo que o mais adequado é sim uma operação centralizada.

Hoje, as denúncias são concentradas em uma central em Porto Alegre. Esse modelo é o ideal, considerando as deficiências de efetivo constatadas no interior gaúcho?

Caleffi – O caso de efetivo é um grave problema no interior e também na capital. Não vejo que faça diferença para distribuição de informação, ter essa informação chegando num batalhão regional ou local, do que num central. A informação irá existir e será distribuída, mas certamente a resposta dependerá de efetivo local.
Vejo também que, justamente pelo efetivo ser baixo na maioria dos locais do estado, seja provável que se distribuir essa tarefa em diversos batalhões a efetividade seja muito menor, pois esses batalhões provavelmente não terão agentes para monitorar esse tipo de serviço, invalidando assim a estratégia.

Acompanhe
nossas
redes sociais