Suco revigora os parreirais

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Suco revigora os parreirais

Vendas do setor crescem 30% ao ano devido à procura por alimentos mais saudáveis. O produto integral (feito com 100% da fruta, sem adição de água, açúcar ou conservante) é um dos principais responsáveis pelo sucesso. A comercialização passou de 37 milhões de litros em 2010 para mais de 108 milhões no ano passado.

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Suco revigora os parreirais

Cor vibrante, aroma de frutas vermelhas, doçura natural e um toque de acidez. Essas são características que marcam os sucos de uva.

O produto é obtido por meio de um processo no qual os cachos são colhidos manualmente, depois a fruta é esmagada e, em seguida, engarrafada. Sem a adição de açúcar, água ou conservante.

Segundo o enólogo e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá, para atender ao crescimento da demanda de um público que busca cada vez mais incorporar produtos saudáveis no cardápio diário, as vinícolas e agroindústrias, a maior parte delas concentradas no RS, fazem grandes investimentos no setor, que teve crescimento superior a 100% nos últimos cinco anos.

A comercialização do produto passou de 37 milhões de litros em 2010 para mais de 108 milhões no ano passado. Em 2015, mais de 60% do processamento de uvas americanas e híbridas foi destinado à produção de suco e derivados, um crescimento superior a 30%.

“O consumo aumenta pela procura cada vez mais crescente por produtos saudáveis, saborosos e naturais. Além disso, pode ser consumido por pessoas de todas as idades, sem contraindicação.”

Desde 2009, o produto é um item obrigatório na merenda escolar, o que também estimula o consumo. O RS é responsável por 90% da produção nacional de sucos e derivados. A maior parte ainda é voltada para o mercado interno, mas aos poucos o produto conquista outros países. Os principais importadores hoje são Venezuela, Líbia e Paraguai.

Ausência nas feiras

Com pouca oferta, a família desistiu de participar de feiras e exposições como a Expodireto, em Não-Me-Toque, e Expoagro Afubra, em Rio Pardo. Hoje o suco é distribuído para mercados do Vale do Taquari, Porto Alegre e estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

“Faltará suco até metade do ano se as vendas se repetirem.” Com pouco produto no estoque, a tendência é de aumento no preço. A garrafa passará de R$ 5 para R$ 7. “Pode chegar a R$ 12 até novembro se ainda tivermos produto.”

Refrescante e saudável 

“É 100% integral. Pode ser consumido por crianças e idosos, sem restrições”. É assim que a produtora Adriana Polese, da agroindústria Polezi, de Putinga, tenta explicar o aumento do consumo. E faz sentido: a bebida é 100% natural e integral e traz benefícios à saúde, muitas vezes, também associados ao vinho.

Pioneira na atividade, a família iniciou a produção há 12 anos. O empreendimento industrializa até cem mil litros por safra. “Em colheitas normais, com uvas de boa qualidade, chegamos a produzir 50 mil litros. No último ano, sobraram apenas cem litros. As vendas só aumentam por ser um produto totalmente saudável.”

Neste ciclo, as intempéries provocaram a perda de até 80% da produtividade dos seis hectares cultivados pelos Polese e nos outros parreirais mantidos por 12 famílias associadas que fornecem a matéria-prima. Para atender a demanda, foram comprados 12 mil quilos de uvas de produtores da Serra Gaúcha. Com a oferta escassa, foram envazados apenas 15 mil litros. A variedade utilizada é a bordô.

Depois da seleção minuciosa dos cachos, a uva, ainda com a casca, passa por um processo que dura duas horas e 30 minutos – colocada em uma máquina, é submetida a um superaquecimento e, em seguida, engarrafada. “Só usamos a polpa e isso faz o suco ter o gosto da fruta e mantém todos os seus benefícios.”

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