Latvida reinicia produção após 29 dias

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Latvida reinicia produção após 29 dias

Empresa é a primeira a aderir ao programa que muda critérios de transporte do leite

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Estrela – A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio liberou as linhas de produção da Latvida. As atividades estavam paralisadas desde o dia 8 de maio, após a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) detectar irregularidades estruturais e sanitárias.

Ontem, em ato na prefeitura, o diretor geral da empresa, Rui Sulzbach, assinou a adesão ao Programa de Coleta à Granel. Publicada no mês passado, a norma regulamenta a coleta de leite cru refrigerado e o transporte até a indústria. A Latvida foi a primeira no estado a se comprometer em adequar o processo em 60 dias.

Nesse período, os empreendedores terão de apresentar um plano de trabalho detalhando os passos adotados para atender as determinações. No documento, devem constar o nome dos produtores dos quais a empresa compra a matéria-prima.

As exigências valem também para as transportadoras, pois não haverá mais a compra avulsa do leite, assim só chegarão às plataformas produto de empresas credenciadas. O estado pretende eliminar os atravessadores, que atuam sem contratos tanto com produtores quanto indústrias.

De acordo com o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, toda a cadeia leiteira estadual será beneficiada com os projetos em execução. Para ele, o fato de o Ministério Público (MP) ter deflagrado a operação Leite Compen$ado ocorreu porque a produção estadual é menor do que a capacidade de processamento industrial. “Como o que precisamos para ampliar é a matéria-prima, há uma disputa pelo leite.”

Com 12 anos de atuação, a empresa tem 300 funcionários. Até a paralisação, industrializava 300 mil litros de leite por dia. São 1,6 mil produtores credenciados e mais cem empregos indiretos. A Latvida é a sexta em arrecadação para o município, com 2,6% do ICMS.

“Passamos por um tsunami”

Após o MP citar a empresa como uma das suspeitas de receber leite adulterado, a imagem da Latvida frente à opinião pública foi manchada. “Foi um problema sério. Passamos por um tsunami”, desabafa o porta-voz da empresa, Paulo Pereira.

De acordo com ele, a Latvida sempre apoiou as medidas para proteção da qualidade do leite. “Nunca tivemos produtos contaminados.” Para Pereira, houve um equívoco do MP ao associar o nome da fábrica à operação.

Segundo ele, em uma amostra foi detectada a presença de formaldeído. Depois disso, outras quatro análises foram feitas nos mesmos lotes. Essas mostraram que o produto estava dentro da normalidade. “Nos sentimos injustiçados por termos sido envolvidos.”

Pereira ressalta que nenhum integrante da Latvida foi chamado para prestar depoimento sobre as irregularidades. “A fiscalização pediu adequação na estrutura da fábrica.” Em um primeiro momento, a empresa não pretende ingressar com ação judicial.

Ampliar a produção

Para o secretário Mainardi, o escândalo do leite provocou a reação dos órgãos públicos, empresas e produtores. Manifesta a necessidade de aumentar o controle e profissionalizar o processo. “Demos um salto. Adquirimos nossa maioridade.”

Como exemplo, cita o encaminhamento de projetos para a Assembleia Legislativa que há dois anos eram discutidos, em especial o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Prodeleite).

A partir dessas medidas, o estado estima dobrar a produção em dez anos. São produzidos dez milhões de litros por ano. O consumo no estado é de quatro milhões, o restante é vendido para outras regiões e para o exterior.

Relembre o caso

A Dipoa suspendeu a venda das linhas de leite UHT (integral, semidesnatado e desnatado) beneficiadas e envasadas pela Latvida no dia 1º de abril em virtude da verificação do formaldeído na amostra levada à análise.

Frente a isso, em ação conjunta com o MP, realizaram vistorias na empresa. No dia 23 de abril, constataram problemas na estrutura, higiênico-sanitárias. Isso propiciava a contaminação dos produtos, representando risco à saúde dos consumidores.

Em 8 de maio, a Latvida foi impedida de produzir e comerciar produtos lácteos. Outras três vistorias foram feitas. A última nessa terça-feira. Pela inspeção, as exigências foram atendidas e o Dipoa deu parecer favorável à reabertura.

Medidas previstas

Contratação de fiscais agropecuários e técnicos para o Departamento de Defesa Agropecuária;

Adesão do estado ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi);

Implementação do Prodeleite;

Criação do Instituto Gaúcho do Leite e do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva;

Desenvolver o Programa Mais Leite de Qualidade, proporcionando linhas de crédito para compra de resfriadores e ordenhadeiras.

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