A hora de planejar e agir

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A hora de planejar e agir

A campanha eleitoral foi marcada por promessas animadoras. Garantias de obras e ações inadiáveis ocorreram por toda parte. Os administradores eleitos, nesse domingo, assumem os cargos em janeiro com este desafio: cumprir os compromissos ostentados ao longo desses três meses,…

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

aA campanha eleitoral foi marcada por promessas animadoras. Garantias de obras e ações inadiáveis ocorreram por toda parte. Os administradores eleitos, nesse domingo, assumem os cargos em janeiro com este desafio: cumprir os compromissos ostentados ao longo desses três meses, levando mais saúde, educação, emprego e tantos outros serviços básicos à população. Básicos porque é para isso que pagamos taxas e impostos. A sociedade tem direito de ser bem atendida, e os administradores públicos de honrar.

A cada eleição se alimenta a esperança de aperfeiçoar o trânsito, acabar com os esgotos a céu aberto, melhorar a iluminação pública, o ensino, e, sobretudo, o drama do mau atendimento na saúde. Situações eloquentes que clamammedidas imediatas. A confiança a isso foi depositada nas urnas e repassada para cada um dos 37 prefeitos e 349 vereadores eleitos no Vale do Taquari.

Os descumprimentos de sucessivas promessas deixam a população escaldada e desconfiada. Os novos eleitos chegam com essa rotulagem. Em suas mãos está a oportunidade de quebrar esse paradigma e reconquistar o crédito dos eleitores.

Muito se falou em qualidade de vida, respeito e zelo com o dinheiro público. Agora é o momento de praticar. Guardadas exceções, os planos de governo apresentados nessa campanha são miúdos e superficiais. Precisam “ganhar corpo” e qualidade. Os serviços básicos estão contemplados, mas falta ordenamento: o que e como se quer a cidade, não só em quatro anos, mas para as próximas décadas. Gestores não podem mais incorrer no mesmo erro dos antepassados, comprometendo a evolução da sociedade e dos municípios por falta de planejamento adequado.

O sucesso começa por um foco. A flecha a ser lançada precisa ter alvo. Que os novos prefeitos e vereadores do Vale do Taquari saibam explorar nossas riquezas, virtudes e potenciais. Criem alternativas de renda, de sustentabilidade e em especial, de qualidade de vida. Que atendam as perspectivas criadas e não tornem suas juras em discursos evasivos e “politiqueiros”. A hora de pensar no bem-estar dos cidadãos é agora.

A eleição marca a renovação em todas as cidades, mesmo que o prefeito e vereadores sigam os mesmos em algumas. Algo de novo haverá em toda a região em função dos compromissos assumidos. Interrompem-se sucessivas gestões do mesmo partido – em Lajeado, por exemplo, o PP administra havia 16 anos – onde o sentimento de mudança é ainda maior.

A democracia é exaltada ao passo que o Judiciário comemora a tranquilidade e respeito durante as votações e as festas. Um deslize aqui e outro acolá foi flagrado, mas insuficiente para manchar a média geral. Um avanço importante.

Nenhuma compra de votos foi oficializada, mesmo que mais de 550 autoridades policiais estivessem nas ruas para combater a corrupção. Não foi dessa vez que os currais eleitorais existentes foram combatidos. Tarefa a ser intensificada.

A partir de agora, o importante é que os reeleitos aprimorem o que é necessário e continuem com os acertos e que os substitutos e substituídos tenham maturidade para fazer uma transição pacífica e profissional. É preciso ganhar tempo e avançar no atendimento das demandas dos cidadãos. Dessa forma, o Vale do Taquari poderá consolidar sua importância no contexto estadual, como região influente e desenvolvida.

Nove candidatos vencem comdiferença menor que 50 votos

Os resultados foram apertados nestas eleições em nove cidades da região, onde a diferença ficou abaixo de 50. A votação mais próxima foi em Relvado, onde Adroaldo da Croce ganhou com apenas dois votos a mais. Em Capitão, Forquetinha, Ilópolis, Imigrante, Nova Bréscia, Poço das Antas, Progresso e Santa Clara do Sul a diferença ficou entre 10 e 46.

Essa disputa nas cidades menores era prevista. Nestas comunidades para conseguir o voto, os políticos tiveram que visitar cada um dos moradores, já que um voto poderia representar a vitória.

A votação em Relvado foi a mais acirrada do estado. A população conheceu o vencedor apenas na abertura da última urna e de virada. O candidato a prefeito Adroaldo da Croce (PT) e o candidato a vice, Ari João Reginatto (PDT) ,superaram o atual prefeito Jatir José Radaelli (PMDB) e seu vice Olir Pasqualli (PMDB) por apenas dois votos de diferença. Foram 988 contra 986 votos.

Funcionário público há 20 anos, Croce é natural de Relvado. Ele atribuiu a vitória ao esforço e trabalho da coligação (PP, PTB, PT e PDT) até o último instante e à sensibilidade da comunidade ao acreditar na mudança proposta. Reconheceu a força do adversário, destacando seu respeito por ele.

Da Croce conta que nos últimos 15 dias, tinha convicção de que venceria por pelo menos 150 votos, ficando surpreso com o resultado. “Valorizamos a visita de porta em porta, evitamos ouvir as críticas e mantivemos nossa caminhada com humildade até o fim.”

Nos momentos decisivos, relembra que perdiam por 16 votos até a penúltima urna. A diferença de 18 votos favoráveis em Linha Pontão garantiu a virada e vitória.

Com o lema: “Renovar e unir com sustentabilidade”, os candidatos propõem um trabalho de união com a comunidade e Poderes, buscando a valorização social e maior geração de emprego e renda no município.

“O principal projeto é trabalhar valorizando as pessoas”, diz Da Croce. Os candidatos agradecem a população e os coordenadores de campanha pelo voto de confiança. Ao todo, o município tem 2.160 eleitores, dos quais 0,49% votaram em branco (dez) e 2,07% (42) anularam seu voto.

No Legislativo, os candidatos vencedores somam na maioria a situação: Clenir Martini (PP), Odi Lorenzini (PMDB), Natalin Reginatto (PDT), João Carlos Bertolini (PP), Anadir Nardi (PMDB), Fernando Frozz (PP), Nevile Delazari (PMDB), Airton Zonatto (PP) e Marciana Da Broi (PMDB).

Vitória além dos 50%

A maior diferença de votação foi em Colinas, onde Gilberto Keller se elegeu com 66,28% dos votos válidos. Em seguida, Alvimar Lisot de Doutro Ricardo, 65,35%, e Luis Fernando Schmidt, de Lajeado, – 64,85% abriram as maiores margens em relação aos adversários.

Reeleito Gilberto Keller esperava o resultado porque durante a campanha o partido contratou uma pesquisa. Salienta que sempre há a tensão no momento da votação.

Acredita que o resultado é fruto do trabalho que fez durante os três anos e meio no mandato. Segundo Keller, o político precisa estar próximo da comunidade, só assim saberá as verdadeiras necessidades. “Nem sempre o problema é solucionado com grandes obras. Às vezes um bueiro entupido ajuda três famílias e é possível solucionar rápido.”

Keller diz que o segredo da reeleição foram seus investimentos em saúde, educação e agricultura.

Luis Fernando Schmidt, de Lajeado, teve a maior votação em número no Vale. Foram 27.566 votos, 14.551 a mais que o segundo colocado, Marcelo Caumo. A oposição assumirá a cadeira do Executivo depois de 16 anos. A vantagem foi prevista em pesquisas divulgadas durante a semana.

Maioria dos candidatos a prefeito se reelege

Dez prefeitos foram reconduzidos ao cargo pelos eleitores neste domingo, no Vale do Taquari. O número representa 55,5% dos 18 que tentaram se manter no comando dos municípios. Destes, o único que estava certo da reeleição era Sérgio Marasca (PT), de Westfália.

Ele foi candidato único no município. O governo teve a aceitação da maioria da comunidade e fez os oposicionistas desistirem de registrar candidatura. Apesar da certeza, o petista teve 79,14% dos 2.344 votos computados – 489 foram brancos e nulos, e 207 eleitores se abstiveram.

Para Marasca, o resultado foi obtido devido à boa relação entre o Executivo e todos os vereadores, sem dar prioridade para os que compõem a base governista. Vereador por dois mandatos ressalta esse conhecimento político como principal fator para manter um bom diálogo com todos os representantes da população.

“Quando todos os partidos confiam em ti, a tua responsabilidade e o teu compromisso são maiores.” Acrescenta que está preparado para fazer um trabalho melhor e quem sabe conquistar uma aprovação superior à obtida nas urnas.

Entre os méritos para a conquista, destaca a insistente busca por recursos federais, que complementam o orçamento do município de quase três mil habitantes. Cita a construção do prédio da Escola Estadual de Ensino Médio Westfália, que contará com R$ 1,5 milhão encaminhados pelo governo do estado.

O município gastará com terraplenagem. “O que é irrisório.” Outros trabalhos feitos com dinheiro das esferas estadual e federal são a compra de maquinário para o Parque de Máquinas, no valor de R$ 630 mil, a construção de asfaltos e uma visão voltada ao futuro.

Mesmo sem necessidade, implementará o Plano Diretor para os próximos quatro anos. Quer direcionar onde serão instaladas as indústrias e onde ficarão as localidades comerciais e residenciais do município.

Surpresa

A reeleição foi negada pelos eleitores de Bom Retiro do Sul, Canudos do Vale, Mato Leitão, Poço das Antas, Coqueiro Baixo, Relvado, Roca Sales e Sério. O resultado surpreendeu a coordenação regional do PMDB. O coordenador da sigla no Vale, Gilberto Keller tenta entender o que levou a perda do Executivo em Relvado. “Era um lugar que não imaginávamos ficar de fora.”

O prefeito e candidato a reeleição por Canudos do Vale, Cléo Lemes da Silva (PP) foi o único que não teve votos computados. A anulação ocorreu porque ele concorre com recurso para reverter a decisão da juíza Débora Gerhardt de Marque, da Comarca de Lajeado.

Ela cassou o registro de candidatura, por demissão de duas servidoras municipais. A magistrada entendeu abuso de poder político e econômico. Mesmo se os votos fossem contabilizados, Lemes da Silva perderia as eleições.

O adversário, Luiz Alberto Reginatto (PMDB) conquistou 1.020 votos, equivalente a 51,3% dos 2.088 possíveis. A abstenção foi de 4,89%.

Schmidt quebra ahegemonia do PP

A insistência de Luis Fernando Schmidt (PT) surtiu efeito após 16 anos. No domingo, foi eleito prefeito depois de três tentativas frustradas – desde 1996 ele tenta o principal cargo da política municipal.

O resultado foi esmagador. Dos 46.131 votos, obteve a confiança de 64,85% dos eleitores. A diferença para o segundo colocado, Marcelo Caumo (PP), foi de 14.551 votos. Em 2008, a diferença do petista para a vitoriosa, Carmen Regina Cardoso, foi de 373 votos.

Para Schmidt, a aliança das oposições e a experiência obtidas com as derrotas foram fundamentais para o sucesso de 2012. “Quatro anos passam rapidamente, mas são suficientes para amadurecermos.” Uma alusão aos dois últimos pleitos, quando alguns partidos hoje coligados estavam em lados opostos. O PDT é um deles. O partido de Ênio Bacci fazia parte do governo Carmen e, neste ano, decidiu apoiar Schmidt.

O petista e os aliados, como o vice-prefeito, Vilsinho Jaques (PMDB), descansarão nesta semana. Schmidt volta para a Assembleia Legislativa, onde retorna como deputado estadual e cumprirá o mandato até o fim do ano. Mas, na próxima semana, projeta iniciar a transação de governo com os progressistas.

Ele acredita que não terá dificuldades em ver os dados positivos e negativos do município. Ressalta a experiência da atual prefeita e conta com o apoio dela para poder planejar as próximas ações com mais consistência. As reuniões serão feitas em consonância com o trabalho exercido no Parlamento gaúcho.

Montagem da equipe

Schmidt afirma que é cedo para pensar na construção do secretariado. “Esses partidos confiaram em mim, sem fazer exigências de repartições.” Acrescenta que a constituição será feita com tranquilidade e lealdade.

A única certeza é quanto à forma de administrar. O governo do petista será técnico e político. Secretários que tiverem experiência política serão assessorados por técnicos e vice-versa. Salienta que esta conciliação é necessária para suprir a carência de conhecimento que técnicos e políticos têm sobre determinados assuntos.

O petista não descarta conversar com o PV e o PC do B, partidos que lançaram a terceira via com Juliana Baiocco como prefeita e Luciano Antunes, como vice-prefeito. Segundo Schmidt, as duas siglas têm pessoas importantes que podem auxiliar nos programas de governo. Porém, os encontros só serão feitos com o aval dos demais partidos aliados ao PT e ao PMDB.

Prioridades de governo

A administração municipal petista será transparente. Schmidts se comprometeu a usar ferramentas da internet, como as redes sociais, e em conversas com os moradores. Uma das maneiras de ouvir a comunidade é na verificação das obras que serão realizadas.

Programas bons do governo progressista serão mantidos, mas o novo prefeito diz que muito tem de ser feito. Uma das principais carências, segundo ele, é na Saúde. Cita como exemplo a falta de atendimento em cirurgias e exames especializados. As mudanças, entretanto, ocorrerão ao longo dos quatro anos e de acordo com a necessidade.

Schmidt se comprometeu a ampliar as vagas nas creches e, no segundo ano de governo, algumas atenderão em período integral. Creches também serão denominadas algumas estruturas a serem feitas pelo novo governo, especializada para o atendimento de idosos.

Essas instituições funcionarão em turno integral, onde os familiares deixam os idosos e os buscam no fim do dia. Os locais contarão com jogos, alimentação e outros atendimentos voltados para os mais velhos.

Quanto à drogadição, buscará auxílio de igrejas. Acredita que o apoio destas instituições é fundamental para que os dependentes químicos em recuperação consigam desistir das drogas por meio da religiosidade.

Schmidt disse que fará políticas públicas para os deficientes, ajudando a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Pavimentações e obras de saneamento básico também estão na lista de prioridades. O governo criará um mecanismo para conseguir fazer a contrapartida nos investimentos federais que podem ser buscados por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2.

Pesquisas partidárias tentam enganar eleitores

Nas semanas que antecederam as eleições, coligações publicaram dezenas de pesquisas às majoritárias. Muitas com dados duvidosos, algumas com mais de 40 dias de defasagem. Os números mostraram diferenças mínimas entre os candidatos e com margens de erro que remetia a empates técnicos.

Encomendadas pelas coligações, os levantamentos tornam-se ferramenta de marketing político. As publicações mostram números divergentes.

Ao usá-las com material de publicidade, algumas coligações tentam convencer eleitores indecisos. Por outro lado, a divulgação desses materiais podem cair em descrédito. Comerciante de Encantado, Clarice Weber, 38, é uma que não acredita em pesquisas eleitorais.

Para ela, cada partido faz entrevistas direcionadas para que os resultados sejam positivos para os aliados. “Só confio no resultado, não me deixo guiar por pesquisas.”

O professor aposentado de Estrela, Nilo Ângelo Bagatini, 73, afirma que as pesquisas não interferem na sua escolha. Conta que dificilmente avalia e compara os índices divulgados por coligações e veículos de comunicação.

Para o sociólogo Cesar Góes, as pesquisas são uma importante ferramenta de informação, mas ressalta que os números correspondem a uma fotografia do momento. “A intenção de voto não representa a opção de urna do eleitor.”

Comenta que as entrevistas feitas há um mês antes da eleição não é a mesma em relação aos últimos dias. Para ele, pressupor indução por base nas pesquisas é acreditar que um eleitorado de fácil manipulação. Segundo ele, é cada vez mais normal o eleitor desconfiar das pesquisas.

Góes acredita que a função dos levantamentos auxilia os eleitores a adotar parâmetros para o voto. Compara o papel das pesquisas com o horário eleitoral. “Com a complexidade dos grupos sociais, quanto mais informações elaboradas tivermos, os eleitores podem escolher com mais segurança.”

Visão diferente do sociólogo Valter Freitas. Para ele, esse tipo de levantamento prejudica as eleições. Diz que as pesquisas deveriam ser usadas apenas dentro dos partidos para definir os rumos da campanha. “Penso que as pesquisas atrapalham. Elas substituem aquilo que o eleitor deve fazer, como analisar as propostas, a coerência da coligação e a história dos candidatos.”

Concorda com a opinião de Góes no que diz respeito ao momento do levantamento. “O voto é volátil. Com mais de três semanas, o cenário nos municípios muda. Publicar algo que completa muitos dias de realização é tentar iludir as pessoas.”

Freitas cita a relação do voto dos indecisos. Segundo ele, há pessoas que tendem a decidir pelos candidatos que estão no topo das pesquisas.

Methodus acerta os resultados

As pesquisas encomendadas pelo Grupo Independente e jornal O Informativo, realizadas pelo Instituto Methodus, se aproximaram do resultado das urnas. Em Lajeado, os números na semana das eleições mostraram Luis Fernando Schmidt (PT) com 63,8%, Marcelo Caumo (PP) com 23,5 e Juliana Baiocco (PV) com 4,3%.

Encerrada a votação, a contagem ficou próxima do levantamento. O petista teve um percentual de 64,85%. Em segundo lugar, Caumo ficou com 30,62% e Juliana 4,54%.

No segundo maior município do Vale, em Estrela, as pesquisas também mostravam vitória de Rafael Mallmann (PMDB). O percentual do candidato da coligação “Trabalho, Diálogo e Coração”, aparecia nas pesquisas com 60% das intenções de voto. Em seguida, Eduardo Wagner (PR), com 24%, e o candidato Gilmar Neitzke (PPS) com 8,8%.

No resultado oficial, o peemedebista foi eleito dentro da margem de erro de 5%, com 56,43% dos votos.

Em pesquisas realizadas em setembro, em Cruzeiro do Sul, Encantado e Teutônia, os dados se confirmaram. A exceção foi Arroio do Meio, que mostrava empate entre Sidnei Eckert (PMDB) e Danilo Bruxel (PP). Após a contagem, o atual prefeito foi confirmado por mais quatro anos.

Nos três demais, os levantamentos mostraram uma tendência que se confirmou nas urnas. Renato Altmann (PP) foi reeleito em Teutônia. Cruzeiro do Sul escolheu Cesar Leandro Marmitt (PP) e Paulo Costi governa Encantado por mais quatro anos.

Em todos os municípios, foram ouvidos 400 eleitores. A margem de erro foi estipulada em 5% para mais ou para menos.

Na avaliação da diretora do Instituto Methodus, Margrid Sauer, as pesquisas contribuem no processo democrático. Segundo ela, o resultado demonstra que o método adotado para as entrevistas está correto.

Para Margrid, o fato de as pesquisas serem publicadas não interferem no eleitor comum. Na opinião dela, os resultados de cada avaliação faz mais diferença para os comitês. “Com essas informações, os integrantes das coligações planejam as campanhas.”

Margrid relata que após a divulgação dos resultados, o instituto faz uma leitura das pesquisas. Aquelas com mais de um mês de realização são desconsideradas. Apenas os levantamentos das três últimas semanas são revistos pois mostram algo mais seguro em termos de metodologia de abordagens.

Comunidades carentes clamam por atenção

A perspectiva dos eleitores após a eleição municipal é que velhos problemas das cidades sejam resolvidos. Saneamento básico, segurança, saúde e emprego estão entre as prioridades de moradores dos bairros carentes.

Todas essas questões permeiam o imaginário coletivo. Alguns acreditam que a partir do voto se conseguirá as melhorias para a cidade ou bairro. Outros desdenham do direto de votar, assumem compromissos com candidatos devido a promessas de ajuda, emprego ou trocam a escolha por uma cesta básica.

No entanto, esse é o momento da democracia e que ultrapassa o ato do voto. Durante o período eleitoral, doutores e trabalhadores braçais têm a mesma importância aos candidatos. Mas é nas periferias que se reforçam promessas. Nesses locais, muitas vezes, o pleito é decidido.

Novas habitações para fugir das cheias

Para moradores do loteamento Marmitt, em Estrela, as enchentes estão entre os principais problemas. Perder o pouco que se tem dentro de casa é um risco que Iraci Saraiva Regner convive a cada enxurrada.

A dona de casa reclama do IPTU. Por ano, o valor de R$ 280 é demais para quem precisa sustentar seis filhos. A vida difícil contrasta com a alegria de acreditar que com a união da comunidade é possível melhorar o ambiente em que vive. “Não é só o prefeito que precisa fazer as coisas. Todos temos responsabilidades de fazer algo para mudar.”

Em uma casa de madeira que fica em área alagável de Estrela, sem condições de higiene, construída com restos de outras obras, o casal Erena Mallmann, 53, e Luiz Carlos Fragata, 51, vive há dez anos.

Catadores de materiais recicláveis, ganham R$ 0,18 por quilo de papelão. Dependem de doações para ter o comer. Emocionada, Erena lembra de moradores que elogiam o trabalho deles e ajudam de alguma forma. “Choro de alegria quando as pessoas são gentis com a gente.”

Essa necessidade de atenção é estendida à administração municipal. Pedem uma casa popular para sair do local que arrisca desabar em caso de algum vendaval ou enchente. O problema são os cavalos, usados para coletar os resíduos pelas ruas.

A expectativa do casal com o próximo governo não difere da visão atual. Erena e Fragata só esperam um pouco mais de ajuda e consideração da sociedade.

Reclamação na saúde

Em outros municípios, como no bairro Canabarro, em Teutônia, são 11 mil habitantes. O local mais carente fica no loteamento oito, logo depois dos trilhos por onde passam as locomotivas da América Latina Logística (ALL).

Com quatro filhos menores de idade e com um pai de 76 anos doente, o pedreiro Jorge Lindomar de Vargas, 35, escolheu os candidatos que apresentaram uma proposta para todo o município. Julga ser importante que todos sejam beneficiados, mesmo morando em um dos locais de maior vulnerabilidade.

A única reclamação é com o atendimento à saúde. O posto construído, segundo ele, tem poucos médicos, e as famílias precisam se dirigir a outros bairros para conseguir uma consulta.

Trabalho aos jovens

As poucas oportunidades de profissionalização aos jovens é uma das reclamações do soldador e mecânico Júlio Cezar Schveiger, 47. Morador do bairro Navegantes, em Encantado, espera mais participação dos vereadores para organizar lideranças do bairro.

Para ele, essa falta de representação política interfere na dificuldade em políticas públicas direcionadas à comunidade. Acredita que os vereadores devem visitar o bairro e buscar o envolvimento com os moradores para elaboração de projetos voltados às necessidades locais.

Outra moradora do bairro, Josefina Gobbi, 56, votou na esperança por mais segurança e saúde. Vivendo com o salário de pensionista, vende pastéis para reforçar o orçamento familiar. Em uma casa de pouco mais de 20 metros quadrados, sustenta dois netos e parte da família.

Espera que os Poderes auxiliem na reestruturação do bairro e retomada da segurança. “Se não cuidarem virará uma favela. Não há mais respeito, a gente sente medo.” Preocupa-se com o futuro dos netos e espera que seu voto contribua para a melhoria do município.

Programas contra a criminalidade

Em um dos bairros mais carentes de Lajeado, o Santo Antônio, o desejo dos eleitores é por mais segurança e melhorias na saúde. O casal Sabrina, 20, e Jaime Milani, 24, foi criado lá e diz que em todas as eleições sempre há pedidos e promessas. “Mas pouco é feito.”

Segundo Sabrina, inclusive os candidatos têm medo de irem ao bairro, pela falta de segurança. “Apenas um passou durante a campanha.”

De acordo com o casal, os jovens passam muito tempo nas ruas. Ela diz que falta um posto policial no bairro.

Legislativo se renova nas principais cidades

A maior parte das cadeiras legislativas na região será ocupada por novos nomes a partir do ano que vem. Dos 61 eleitos em Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Lajeado e Teutônia – as cinco maiores cidades do Vale, apenas 21 são reeleitos e 40 fazem parte do novo grupo. Com a mudança, os cinco municípios serão administrados por situacionistas na câmara de vereadores.

Teutônia tem o maior percentual de renovação, em que apenas três vereadores se reelegeram e outros oito novos candidatos ocuparão uma cadeira no Legislativo a partir de 2013. Lajeado é o município com maior quantidade proporcional de situacionistas, havendo dez vereadores aliados ao governo de Luís Fernando Schmidt (PT) e cinco da oposição (confira tabela abaixo).

Para o cientista político Bruno Lima Rocha, a câmara de vereadores perde autonomia, havendo maioria de situacionistas. Ressalta que o Legislativo tem a função de fiscalizar o Executivo e trabalhar de forma paralela na administração do município. De acordo com ele, os poderes se confundem, havendo o risco de a comunidade não ser ouvida igualmente, mas apenas os eleitores da situação.

Observa que como o voto é soberano, a decisão de eleger tais políticos foi da comunidade e isso deve ser respeitado, mas ressalta para os riscos. Para o especialista, a tendência é que houvesse um consenso no Legislativo e todos os vereadores decidissem da mesma forma por um projeto. Conforme o especialista, o maior problema da condição é que o município ganha autonomia para fazer o que quer.

Jovens vencem e são aposta

Em Forquetinha, a maioria também é situacionista, a exemplo da atual gestão. São seis novos vereadores e três reeleitos. O governo de Waldemar Laurindo Richeter (PP) aposta na força jovem para seguir administrando o município. Um fato curioso e inesperado é a eleição dos amigos Vianei Noll, o “Via”, (PP), e Gladistone da Silva, o “Toni”, (PSDB), ambos com 21 anos.

Os dois se conhecem desde a 1a série da Séries Iniciais e fizeram a campanha quase juntos. Apostaram na visita às residências e na formação do grupo de jovens para vencer as eleições. “Muitos não acreditavam em nós, mas focamos nosso trabalho de forma séria e honesta e mostramos que a juventude tem sua força.”

Toni se elegeu com 124 votos, sendo 74 no centro, local em que reside. Vianei fez 108, ganhando maior aceitação na sua terra natal, São Vitor, onde recebeu 49. O progressista estava empatado no número de votos com Paulo Lenhart (PMDB), mas passou devido à legenda partidária.

Ressaltam que trabalhando com os jovens, as famílias são incentivadas a votar nos candidatos que os filhos apoiam. Toni cita que essa intermediação entre pais e filhos foi primordial para a eleição. O mesmo eleitorado elegeu quase os dois candidatos.

Ambos enfatizam que exercerão à risca a função de vereador, estando ao lado da comunidade. “Queremos aprender com os mais velhos, criando projetos para o crescimento ordenado do município. Nossa pretensão é fazer história.”

Sua proposta é atuar juntos e que não haja discussões, mas sim amizades que oportunizem o trabalho. Enfatizam que todos serão atendidos e vistos como iguais.

Ressaltam que Richter aposta na força dos jovens, tanto no Legislativo como no Executivo. Citam que amigos exercem funções importantes na prefeitura ou outros setores ligados ao município.

Toni e Vianei concluíram o Ensino Médio e almejam alguma especialização, mas preferem esperar passar os primeiros meses de mandato. Para eles, cada momento merece sua devida atenção e agora a prioridade é ser vereador.

Campeão de votos

A maior quantidade de votos no Vale de Taquari foi depositada ao vereador de Lajeado, Antônio de Castro Scheffer (PTB), que recebeu 2.153 votos. Ele foi eleito como mais votado pela quarta vez. A quantidade é maior do que a feita por 21 prefeitos eleitos nos 37 municípios da região.

Comemorações

Reportagem acompanhou as festas em alguns municípios com cobertura do A Hora

Depois de quatro tentativas, Mallmann vence

Pouco depois das 17h, quando as primeiras urnas de Estrela começaram a ser abertas, correligionários de Rafael Mallmann (PMDB) se reuniram no comitê. As informações pelo rádio e por telefone davam conta de uma vantagem destacável.

Às 17h40min, contabilizavam dois mil votos a mais em comparação com o segundo lugar, Eduardo Wagner. Muitos davam a vitória como certa. Após a confirmação da vitória, Mallmann partiu da comunidade de São Luiz em direção à carreata.

Assim que chegou no bairro dos Estados, uma multidão de eleitores fazia festa. Ele precisou ser escoltado por integrantes da coligação e policiais militares para chegar no caminhão. Devido à chuva, o discurso foi cancelado.

Comunidade reconduz Altmann à prefeitura

Carros com bandeiras azuis e estampa do número 11 fizeram a festa Teutônia depois das 18h31min de domingo. Nesta hora, o prefeito Renato Altmann (PP) e o vice-prefeito Evandro Biondo (PMDB) comemoravam com os militantes no comitê progressista, no bairro Canabarro,

Altmann foi eleito com 51,72% dos votos contra Jonatan Brönstrup (PSDB), que entrou no embate a menos de 45 dias para o fim do pleito – substituiu o pai, Ricardo, que estava ameaçado pela Lei da Ficha Limpa. Reconduzido ao posto, Altmann lamentou as atitudes dos oposicionistas durante a campanha. “Infelizmente, ainda existe uma mentalidade de entrar na vida pessoal dos adversários.”

Eckert garante reeleição em Arroio do Meio

O candidato a reeleição em Arroio do Meio, Sidnei Eckert aguardou o resultado da votação sozinho no sofá decorado com a bandeira do PMDB, em sua casa no loteamento Glória.

Colegas partidários o informaram da vitória parcial por telefone às 17h25min. O ritual é realizado em todas as eleições desde 2000, quando concorreu pela primeira vez a uma vaga na câmara de vereadores. Em suas primeiras falas como prefeito reeleito, Eckert prometeu nos próximos quatro anos dar continuidade ao trabalho realizado no primeiro mandato.

Cinco quilômetros distante dali, no comitê do coligação Arroio do Meio para Todos, centenas de pessoas comemoravam a reeleição. Eckert, o futuro vice-prefeito Áurio Scherer e o coordenador de campanha Klaus Schnack – atual vice-prefeito – foram conduzidos até o local por uma S-10. A festa se iniciou na Rua Coberta e seguiu com carreata pelos bairros arroio-meenses.

Aos gritos prefeito anuncia continuação do trabalho

A ansiedade e o nervosismo tomaram conta das mais de cem pessoas que estavam concentradas no comitê de Waldemar Laurindo Richter (PP), no centro, de Forquetinha. O prefeito se reelegeu e saiu da sala de apuração para anunciar a vitória: “Vencemos! Agora é só continuar trabalhando.” Os presentes aguardaram a lista dos vereadores eleitos – que assumiram a maioria na câmara de vereadores – e foram para o salão da comunidade evangélica festejar.

Ricardo Kich vence

Em Marques de Souza, cerca de 50 veículos participaram da carreata que teve inicio no Posto de gasolina da cidade e foi até o CTG Caminhos da Serra, onde os eleitos fizeram o discurso. Cerca de mil pessoas dançaram e festejaram ao som do Dj Cristiano Mertz

Vitória por 628 votos teve carreata e muita comemoração

Após passar por um período turbulento em maio, quando renunciou ao cargo de vereador devido à ameaça de ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por infidelidade partidária (do PMDB foi para o PP), Leandro César Marmitt, o Dingola, confirmou a popularidade em Cruzeiro do Sul.

Com uma diferença de 628 votos em relação ao segundo colocado José Iran Maria, se elegeu prefeito aos 40 anos.

O anúncio da vitória ocorreu por volta das 17h30min, na sede do comitê da coligação Juntos para Renovar (PP / DEM / PSDB / PSD), no centro. A comemoração se estendeu ao parque municipal de eventos e teve carreata pelas principais ruas da cidade. Em uma de suas primeiras manifestações após a vitória, Dingola citou o anseio da comunidade por mudanças como fator determinante para o resultado.

Vitória com 133 votos

Cerca de 200 pessoas aguardavam o resultado da eleição no comitê dos partidos PMDB, PSDB e PT que se localiza na rua 7 de setembro no centro de Sério. Por volta das 17h30min tinham confirmado a vitória de Elir Sartori e Paulinho, que foi com diferença de 133 votos. No centro, Elir ganhou 98 votos e no interior 35. Houve a carreata. Por volta das 19h a comemoração foi no salão paroquial do município com o som do Caribe Line de Boqueirão do Leão.

Terceira vitória seguida

A chuva se intensificava, e faltavam 30 minutos para o fim das eleições quando o vice-prefeito de Santa Clara do Sul, Inácio Hermann, o “Marião”, se trancou na loja de conveniências do Posto Rótula para apurar os resultados da votação no município. Buscava a reeleição, nesta com Fabiano Immich substituindo Paulo César Kohlrausch no cargo de prefeito.

Por detrás da porta de vidro, candidatos a vereador e dezenas de militantes da coligação PMDB/PTB observaram apreensivos às expressões faciais do político após cada ligação. A terceira vitória seguida do PMDB foi revelada quando Marião ergueu os braços para comemorar.

Em poucos minutos, as dezenas se transformaram em cerca de 200 pessoas. Sobre um caminhão, Immich veio de Sampainho para iniciar a carreta ao lado de Marião até o pórtico, e pela Avenida 28 de maio até a Sociedade Centro de Reservistas, na Festa da Vitória.

Festa de reeleição do prefeito

Os progressistas e eleitores de Paulo Costi vitorioso iniciaram a festa por volta das 17h45min, seguindo por mais de seis horas, mesmo sob temporal em Encantado.

Diferentes dos outros anos, em que o Executivo tinha no Legislativo a maioria como oposição, desta vez a situação obteve seis das 11 vagas. Sobre isso, Costi disse que a postura entre os Poderes será menos ferrenha, havendo maior aceitação e diálogo quanto a apresentação de novos projetos.

Ricardo Rockenbach é reeleito

Em Travesseiro, os festejos começaram cedo e a carreata teve inicio na escola Pedro Pretto e teve duração de 45min, no ápice do momento o “congestionamento” era de 2,5km. A comemoração foi finalizada no Ginásio da Escola Pedro Pretto, onde 750 pessoas participaram. A festa foi animada pelo musico Gustavo Rauber.

Apreensão antes da vitória

No comitê do PMDB e PDT mais de 400 pessoas aguardavam apreensivas o resultado em Canudos do Vale. Após o encerramento da contagem, foi anunciada a vitória de Luis Alberto Reginatto que ganhou com a diferença de cerca de 77 votos. Eles fizeram carreata pelas ruas da cidade, logo após comemoraram no Salão comunitário do município com a Banda Renovação de Forquetinha.

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