Executivo quer reestruturar antigo centro

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Executivo quer reestruturar antigo centro

Projeto elaborado por dois anos busca atrair investimentos para o bairro Praia

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A marginalidade que tomou conta de boa parte do bairro centro motivou um estudo de reestruturação da zona urbana mais antiga da cidade. O projeto do Executivo apresenta facilida­des para uma maior ocupação dos terrenos, a fim de atrair in­vestidores, empresas, comércios e novos moradores.

Na noite de ontem, no auditório da prefeitura, mais de cem pes­soas participaram da audiência pública, apresentando reivindica­ções que serão incluídas no proje­to. A previsão é que ele seja vota­do na próxima sessão da câmara de vereadores.

bUma das propostas do projeto é o aumento da taxa de ocupação dos terrenos. A medida facilitará novas construções, devendo levar comércios e moradias para o lo­cal. O número de pavimentos será específico, de acordo com a dis­tância das áreas com o Rio Taqua­ri. “Haverá áreas com três, cinco ou mais pavimentos. Mas respei­taremos as áreas de proteção am­biental”, comenta o secretário de Planejamento, João Alberto Fluck.

Foi realizado um zoneamento da área que será reestruturada. São cerca de 30 quadras entre as ruas Bento Gonçalves, Francisco Oscar Karnal, Osvaldo Aranha e a ponte sobre o Arroio Saraquá.

Um comitê formado por 14 representantes dos poderes pú­blicos e de entidades civis será responsável por nortear as ações públicas ou privadas que impli­quem mudanças urbanísticas e em novas atividades recreati­vas.

Fluck garante que não serão permitidas demolições de imó­veis históricos cadastrados no Inventário do Patrimônio Cul­tural de Lajeado. “Só em casos extremos e com autorização do Comitê.”

O secretário diz que, entre as possíveis melhorias, estão me­lhor iluminação, utilização de espaços púbicos – como o cam­po do São José – para ativida­des de recreação, recuperação das principais praças localiza­das dentro do zoneamento, e incentivos para proprietários de prédios históricos realiza­rem reformas.

A história da antiga área

Com o crescimento da cidade, o centro se afastou do rio e prédios an­tigos foram abandonados. Morando naquela área desde 1957, o consultor de empresas Ítalo Reali lembra que no passado o local abrigava grandes em­presas, como as concessionárias Ford e Chevrolet, além do Banco do Brasil e dos extintos Banco Agrícola e Banco da Província.

Hoje, poucos bares utilizam o local. Muitos utilizados como casas de pros­tituição. Reali lamenta, mas demons­tra esperança na recuperação da área onde deu seus primeiros passos. “Mi­nha casa está toda protegida por cer­ca elétrica, mas daqui não saio”, con­ta. “Precisamos lutar por esse lugar, porque ninguém lutará pela gente.”

Reali comenta que conversou com diversos empresários da cidade e que há grande interesse pelo reaproveita­mento daquela área. “Esse projeto é o primeiro passo para iniciarmos a re­cuperação do nosso bairro.” Para ele, o mínimo que os moradores merecem é o direito de caminhar com tranqui­lidade no local onde passaram boa parte de suas vidas.

Reivindicações dos moradores

– Policiamento ostensivo 24 horas, para segurança de idosos e moradores e combate ao uso e tráfico de drogas;

– Controle dos excessos de sons de igrejas e bares;

– Recolhimento de lixo verde e entulhos toda a semana e instalação de novas lixeiras;

– Ocupação de prédios desocupados e recuperação de terrenos baldios;

– Cancelamento de alvarás para bares noturnos utilizados como casas de prostituição;

– Maior segurança nas escolas, praças, ciclovia e entidades sociais;

– Melhor iluminação e plantio de árvores nas principais ruas;

– Recuperação de calçadas e meio-fio;

– Isenção de IPTU para proprietários de prédios históricos;

Moradores com medo

As recentes mortes ocorridas naquela região amedrontam antigos moradores. Ameaçados, muitos preferem não se identifi­car. Uma moradora, que vive há mais de 50 anos na rua Borges de Medeiros lamenta a insegu­rança do local. Segundo ela, é comum ouvir disparos de arma de fogo durante as noites. “Tudo por causa do tráfico de drogas.”

Sua vizinha endossa o comen­tário. Garante que seus filhos foram alvejados, quando volta­vam para casa. Era pouco mais de 19h. “Por pouco não matam meus guris.” Ela diz que não registrou ocorrência na polícia com medo de represálias. Os principais pontos de uso e tráfi­co de drogas são a rua Francis­co Oscar Karnal, o antigo cam­po do São José e a ciclovia junto à rua Osvaldo Aranha.

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