Horror e covardia

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Horror e covardia

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A sociedade brasileira está atônita. O momento é de consternação geral e de muita solidariedade às famílias de Blumenau. O massacre na escolinha Cantinho Bom Pastor atinge a todos. Tristeza, revolta, desejo de vingança. Sentimentos que se unem na nossa resposta primordial.

Precisamos compreender essas sinapses neurais e de certa forma aceitá-las. Depois, respirar fundo e tentar, em meio a toda essa confusão, ressignificar cada pensamento. Sermos racionais e entendermos que vingança e Justiça são coisas distintas.

Responder brutalidade com mais brutalidade nos torna iguais. Nos coloca no mesmo nível desse psicopata. O criminoso atentou contra quem não podia se defender. Depois se entregou. Mais uma prova do quão covarde esse indivíduo foi.

Conexões macabras

A internet potencializou o encontro de grupos extremistas e de pessoas com patologias psíquicas. As investigações no país apontam a existência de uma rede de trocas de informação voltadas a encorajar, instrumentalizar, orientar e (sim, por mais inacreditável que pareça) comemorar massacres.

Conforme artigo da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, cerca de 80% das pessoas que desenvolvem o Transtorno da Personalidade Antissocial (psicopatia) apresentam os primeiros sintomas a partir dos 11 anos, podendo ser mais perceptíveis a partir dos 15 anos.

Essa prevalência pode perder força, quando o indivíduo aprende a lidar com seus sentimentos e comportamentos. Agora imaginem. O lado obscuro da internet consegue reunir pessoas voltadas a condutas macabras. Elas se valem da fragilidade dos jovens e disseminam ódio. Povoam o imaginário de que é preciso “se vingar” da sociedade.

A cada 100 pessoas, uma é psicopata

Estimativas mundiais apontam que 1% da população sofre de alguma patologia psicológica severa, com traços de psicopatias sociais. Pode parecer pouco, mas vamos transferir para a realidade brasileira. Seriam 2,2 milhões de pessoas.

Com as lacunas nos diagnósticos, no tratamento e associados a outros problemas de saúde mental, consumo de drogas, bullying e acesso a armas, aumenta o risco de atos de violência.

O que há por trás dos ataques?

Pesquisas pelo mundo tentam entender o que leva alguém a matar sem motivos aparentes. Um tema complexo e diverso, mas com alguns fatores risco:

SAÚDE MENTAL: uma das principais questões apontadas por especialistas é a presença de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, esquizofrenia e transtornos de personalidade. Essas condições podem levar a comportamentos violentos;

HISTÓRICO DE BULLYING: principal fator da violência escolar, o bullying afeta a autoestima e autoconfiança. A vítima pode reagir com agressividade;

DIFICULDADE EM SE RELACIONAR: falta de habilidades sociais e de relacionamento podem contribuir para comportamentos violentos;

ACESSO A ARMAS DE FOGO: nos EUA, estados com leis mais brandas de acesso a armamentos tem mais incidência de ataques em escolas.

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