As consequências de mais um massacre em escola criam temor em toda a sociedade. As imagens sobre o ataque em Blumenau na manhã de ontem elevam a sensação de insegurança e fazem com que professores, pais e alunos questionem autoridades sobre como coibir novos episódios.
Mensagens por meio das redes sociais e grupos de WhatsApp potencializam as informações e contribuem com o sentimento de pânico entre as famílias. Frente aos fatos de Santa Catarina, associados a duas supostas ameaças em colégios de Lajeado, Brigada Militar, Polícia Civil e Secretaria Municipal de Segurança Pública, aumentam a presença em estabelecimentos de ensino.
“Desde o fim de semana temos informações de fatos fora do comum. Com isso, destinamos mais policiais para acompanhar a movimentação nas escolas”, conta o tenente coronel, responsável pelo Comando Regional de Patrulhamento Ostensivo (CRPO), Alessandro Augusto Bernardes dos Santos.
De acordo com ele, houve dois fatos semelhantes em Lajeado. Em ambos os casos, as “ameaças” foram feitas em mensagens em porta de banheiro. Uma na escola Dom Pedro I, no bairro Jardim do Cedro, e outra no Colégio Sinodal de Conventos.
Na segunda-feira pela manhã, conta o oficial, foi estabelecido o protocolo de atuação.
Na porta do banheiro masculino da escola Dom Pedro I, foi desenhada uma suástica nazista com a data de hoje (06/04). Enquanto em Conventos, a frase: “massacre 04/04/23”. “Trabalhamos com a inteligência para verificar o nível de veracidade. Apesar dos escritos, já conhecemos as circunstâncias e percebemos que não seria nada grave. Mesmo assim, jamais subestimamos o risco e nos deslocamos para os locais citados.”
Foto: Felipe Neitzke
A secretária de Educação de Lajeado, Adriana Vetorello, reconhece que o momento é de preocupação extrema. Ao mesmo tempo, afirma que as equipes das escolas estão orientadas a como agir. Entre as medidas se destacam o controle de entrada e saída, identificação de visitantes, e contato direto em caso de algum fato atípico. “Tivemos as ameaças nesta semana e agora esse ataque em Santa Catarina. Sem dúvida isso mexe com as nossas emoções. Mas estamos atentas e monitorando. Temos controle da situação, por meio de protocolos claros de prevenção e de ação.”
Debate nas escolas
Os episódios de ameaças em Lajeado mobilizou a comunidade escolar de diversas instituições. Colégios agendam reuniões com pais para debater mais medidas de segurança. Em Conventos, após reunião com integrantes do conselho escolar, foram determinadas ações preventivas internas. Em nota, a direção informa que serão dadas prioridades à aspectos de segurança, inclusive com possibilidade de contratação de uma empresa especializada.
No Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT) foi marcado um encontro com as famílias na segunda-feira, 10 de abril, para elaborar estratégias de segurança.
Por parte do município de Lajeado, o prefeito Marcelo Caumo, antecipa a possibilidade de investimento em mais câmeras de monitoramento no entorno das escolas da rede. Muitos estabelecimentos contam com circuitos internos de vídeo. A ideia, segundo ele, é agilizar o projeto em análise na Secretaria de Segurança Pública, para que as ruas nas proximidades das instituições de ensino estejam conectadas à rede de monitoramento na central da Brigada Militar.
Investimento para mais controle
Em Estrela, o governo municipal ressalta que os 21 colégios da rede municipal têm sistema de monitoramento por câmeras em tempo real. Também foram comprados detectores de metais móveis. Além disso, todas as unidades escolares da rede municipal de ensino ficam com as imagens das entradas registradas.
“Fizemos esses investimentos neste meio de segurança e a proposta é seguir com esse processo pois têm trazido bons resultados”, diz a secretária de Educação, Elisângela Mendes. Junto com esses equipamentos, foi criado o Gabinete da Segurança. O responsável pela organização, secretário de Administração e Segurança, César Augusto Pereira da Silva, frisa que o sistema garante contato direto com todos os órgãos de segurança.“Precisamos estar unidos. Não adianta sermos eficientes em um lado e falharmos em outro, pois todos acabam perdendo. Já estamos reforçando o pedido para, neste momento mais conturbado pelos acontecimentos pelo país, aumentarmos o patrulhamento das forças oficiais nas imediações escolares.”
Ataque em Blumenau
Em 24 anos, foram 22 episódios de assassinatos em instituições de ensino do país. Em meio a pânico na sociedade, investigação policial em Santa Catarina verifica a possibilidade de que coordenação dos atos ocorram por meio de grupos na internet.
No massacre de ontem, um homem de 25 anos pulou o muro da escola infantil Cantinho do Bom Pastor e desferiu golpes de machadinha em crianças. Quatro morreram e outras três foram feridas. Uma em estado grave.
Depois do ato, o homem se entregou no quartel da polícia militar, distante cerca de dois quilômetros da escola. O criminoso tem vasta ficha policial, desde agressão, maus tratos a animais e posse de drogas.
A Polícia Civil de Santa Catarina apura se o autor planejou o ataque e se houve participação de outras pessoas. Existe a suspeita de que ele seja participante de um grupo extremista que se organiza por meio da internet.
Autoridades ampliam monitoramento e patrulha ostensiva diante de mensagens agressivas em escolas de Lajeado (Foto: Felipe Neitzke)
