A sequência de dias de altas temperaturas e baixa umidade do ar volta a agravar o cenário no campo. Além de comprometer o desenvolvimento das lavouras de milho e soja, eleva a demanda por água potável nas propriedades rurais.
Diante da escassez hídrica, 24 municípios da região encaminharam decretos de emergência. Desses, cinco foram homologados pelo Estado, quatro reconhecidos pelo governo federal e seis devolvidos para retificação ou complementação de dados. Os demais estão em análise por equipe da Defesa Civil.
A expectativa a partir dos documentos é obter apoio dos governos para mitigar os efeitos da seca e auxiliar as famílias por meio da distribuição de água, cestas básicas, prorrogação de parcelas de crédito rural, entre outras iniciativas.
Nesse sentido, a comitiva do governo gaúcho esteve em Brasília no início da semana para reiterar a necessidade de apoio aos municípios. Entre os pedidos está a inclusão do estado em políticas públicas de apoio às atividades de distribuição de água potável, hoje restritas ao semiárido nordestino e ao norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Até a tarde de ontem, 264 municípios do RS declararam situação de emergência. Desses, 253 já têm os decretos e 156 tiveram a situação homologada. Com a previsão de chuva abaixo da média para o mês de fevereiro, o governo gaúcho teme que a situação se agrave e as perdas aumentem a cada dia. Os relatórios apresentados pela Emater/RS-Ascar, Irga, Embrapa e Universidade Federal de Pelotas indicam déficit de chuva na faixa de 200 milímetros nos últimos três meses.
Estimativa de perdas
A apuração de perdas nas lavouras é feita pela equipe técnica da Emater/RS-Ascar. Com o agravamento do cenário, o valor supera os R$ 190 milhões. De acordo com o supervisor regional Cezar Burille, muitos municípios já emitiram o decreto e complementam as informações assim que são finalizados os laudos.
Burille observa ainda não ser possível estimar o impacto nas lavouras de soja. “Se for comparar os danos de dezembro até agora, praticamente dobraram. Na região alta do Vale janeiro choveu em média apenas 30 milímetros e temos uma safra de soja pela frente além da safrinha de milho.”
Ajustes nos decretos
Seis municípios da região tiveram os decretos devolvidos para retificação ou inclusão de dados. Entre eles, Encantado. De acordo com o secretário de Agricultura, Odocir Bagatini, o Estado solicitou alguns ajustes que foram providenciados na terça-feira. “São apontamentos simples que já foram corrigidos.”
Segundo Bagatini, embora a região tenha sido contemplada com chuva na semana passada, se nos próximos dias não ocorrerem novas precipitações, a tendência é comprometer ainda mais a produção agropecuária. “O maior problema está nas lavouras de milho para silagem. Em alguns casos a quebra de safra chega a 70%.”
Outra cidade com ajustes a serem feitos no decreto é Vespasiano Corrêa. Conforme o coordenador local da Defesa Civil, Remir Bagnara, foram solicitadas adequações na indicação de portarias normativas. “Já modificamos duas vezes o decreto. O ideal seria eles avaliarem toda a documentação e apontarem todas as situações de uma vez, isso otimizaria o processo.”
Além disso, Remir considera haver demora nas ações de apoio aos municípios. Da situação de estiagem em 2021 foram selecionados em programa do estado para construção de açudes e cisternas. A maioria dos investimentos ainda está em fase de implantação.
