Indústria projeta maior demanda por profissionais de nível técnico

OPORTUNIDADES NO SETOR

Indústria projeta maior demanda por profissionais de nível técnico

Avanços tecnológicos dos processos industriais exigem mão de obra qualificada. Estudo da Fiergs aponta necessidade de formar 5 mil técnicos em 2023

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Indústria projeta maior demanda por profissionais de nível técnico
Parcerias entre indústrias e Tecnovates incentivam a qualificação profissional para atender demanda do setor produtivo. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

A região emprega mais de 46,2 mil profissionais na indústria. O número corresponde a 42,9% do total de trabalhadores com carteira assinada. Entre os segmentos com maior demanda está a área da transformação de alimentos e bebidas. Com a automação de processos para maior produtividade, aumentam as lacunas da mão de obra qualificada.

Diante das perspectivas de expansão para 2023, as indústrias projetam a necessidade de mais profissionais com formação em nível técnico. Dados do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) indicam que 95% das empresas precisam contratar. Para atrair jovens e reduzir o déficit de trabalhadores, a região deve ampliar a opção de cursos.

De acordo com o coordenador técnico de Educação Profissional do Senai Lajeado, Marcelo Francisco Schedler, há uma expectativa de receber pelo menos 90 alunos em cursos técnicos durante o ano. Eles se unem a outros 150 que iniciaram os estudos entre 2021 e 2022.

“O Senai de Lajeado recebeu a habilitação de cursos técnicos há dois anos. Nossa meta é ter um ciclo de pelo menos 400 jovens em formação”, observa Schedler. Segundo ele, por muito tempo houve o desequilíbrio nos níveis de ensino e a área técnica ficou em segundo plano. Na sua avaliação, a transformação das indústrias desperta a necessidade desses profissionais.

Hoje, a unidade regional do Senai conta com quatro modalidades de cursos técnicos e até o fim do ano deve receber nova habilitação. “Temos uma demanda significativa tanto na área mecânica quanto elétrica, em especial voltada à indústria de alimentos”, pontua Schedler.

Com duração média de um ano e meio a dois anos, os cursos técnicos são considerados uma ferramenta importante para a rápida inserção ao mercado de trabalho. Além da demanda por profissionais com essa formação, a remuneração destes profissionais também é atrativa. Os formados em automação, eletrotécnica, eletroeletrônica e eletromecânica recebem de R$ 3 mil a R$ 5 mil.

5 mil técnicos em um ano

Levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) revela que o RS precisa formar 5 mil técnicos durante o ano. As áreas mais procuradas estão vinculadas ao perfil profissional dos cursos técnicos de Mecatrônica e Automação Industrial, que apresentam maior flexibilidade nas operações das indústrias e potencializam o crescimento da carreira profissional.

O diretor regional do Senai/RS, Carlos Trein, destaca que muitas indústrias gaúchas precisam de profissionais e há um grande número de pessoas desempregadas no estado (cerca de 370 mil). O problema é a falta de qualificação.

“Os cursos técnicos estão alinhados com o constante investimento nas tecnologias da Indústria 4.0 (manufatura digital) e com movimento de modernização que representa a integração de diferentes tecnologias como inteligência artificial, robótica, sistema ciber-físico, entre outros”, afirma Trein.

“Déficit de profissionais força automação de processos”

A lacuna de mão de obra compromete a produtividade em diferentes setores da economia. De acordo com o diretor da área industrial da Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Anderson Capitanio, a escassez de profissionais também desafia níveis básicos do processo produtivo.

Em sua percepção, não há solução de curto e médio prazo. “O déficit de profissionais força a automação de processos. Eu mesmo investi em uma empacotadora que faz o serviço de dois funcionários, pois havia dificuldade de contratar”, reitera Capitanio.

Ainda segundo o diretor de indústria da CIC-VT, o setor passa por constante transformação. “Surgem muitas demandas tecnológicas e o modelo de ensino não acompanhou essa evolução. Os próprios hábitos dos jovens mudaram e precisamos encontrar a forma certa de atraí-los para o mercado de trabalho.”

Pesquisa e inovação

Outra estrutura disponível para a formação técnica é o Parque Científico e Tecnológico da Univates (Tecnovates). Por meio de parcerias com empresas, são desenvolvidas soluções para atender o setor produtivo. O local conta com linhas de produção para aproximar ao máximo os estudantes da experiência do cotidiano de uma fábrica.

Um desses espaços é o Centro de Pesquisa em Energias e Tecnologias Sustentáveis. De acordo com a analista de laboratório Munique Marder, desde 2011 é oferecida a infraestrutura para a indústria. “Atendemos as demandas da academia, empresas e demais organizações que necessitem de qualificação ou na forma de prestação de serviço.”

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