“Não tem valor que  pagaria o trabalho voluntário”

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“Não tem valor que pagaria o trabalho voluntário”

Aos 64 anos, Solange Lanius foi convidada a fazer parte da diretoria da Associação de Pais e Amigos da Fundef (APAF). Desde o ano passado, ela é líder do grupo responsável pelo brechó da entidade. Eles têm uma loja que atende três dias da semana. Uma vez por mês o grupo vende roupas na rua. Neste ano, a venda nas calçadas iniciou ontem

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“Não tem valor que  pagaria o trabalho voluntário”
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O valor arrecadado para roupas é revertido em que?
É para a casa de acolhida da Fundef. É um espaço maravilhoso que acolhe as pessoas que vem fazer, pelo SUS, tratamento de lábio leporino e eventuais problemas de audição e não tem onde ficar. A APAF cobra R$ 15 o pernoite das pessoas que fazem o uso da casa. Mas, tem muita gente que não tem esses valores para pagar. A casa precisa ser mantida.

Como iniciou o brechó?
Quando esse grupo chegou, já existia uma sala onde faziam vendas de roupas usadas para as pessoas que ficavam na casa. Nós ampliamos, e nos fundos da casa montamos um espaço para esse brechó, que atende pessoas acolhidas pela casa mas é aberta a pessoas de fora. Atendemos nas terças, quartas e quinas, das 13h30 às 16h. Os preços são muito acessíveis. Hoje, as peças custam entre R$ 1 e R$ 7.

Em quantas voluntárias vocês trabalham?
Nós somos oito. Neste ano, aumentou significativamente o número das nossas parceiras. Com isso, já estamos desenhando trabalhar de manhã. Se conseguirmos mais uma ou duas voluntárias, para abrir as portas da loja de manhã. O horário seria das 9h às 11h. Nós já achamos o nosso brechó de loja porque está muito bonito, muito diversificado. Nós temos calçados infantis, masculinos e femininos. Também roupas. Temos agora meia estação, ainda tem peças de verão e começamos a colocar nas prateleiras roupas de inverno. Nós oferecemos muitas opções.

Na realidade, o trabalho dá esse subsídio para casa, mas também oferece para a pessoa que não se importa em comprar uma coisa usada a ter um material para o inverno, ou até guardar para o verão do ano que vem por um preço muito simbólico.

E esse brechó na rua. Quando começou?
Nós começamos no ano passado, acho que foi em agosto. Uma das nossas voluntárias teve a ideia de trazer o brechó para a rua. E ano passado, nós fizemos 10 eventos. A gente sempre faz até o dia 15 de cada mês e neste ano é o primeiro. A gente vê que dá muito certo porque tem uma visibilidade e começa a fazer propaganda do nosso trabalho. Nós atingimos assim pessoas que passam pela cidade.

Isso tudo é trabalho e não é pago com dinheiro. O que te motiva?
Não tem valor que pagaria o trabalho voluntário. No fim do dia, a gente fica bem cansada. Mas, é uma coisa compensadora. Percebemos que não precisava trabalhar no vermelho. Seriamos criativos e acharíamos uma saída para resolver esse problema, que era sério. Eu e essas minhas parceiras temos uma ideia parecida e isso faz a gente se sintonizar. Nós não trabalhamos apenas para sair de casa e se ocupar. A gente faz porque um problema existe e vamos à luta para sanar esse problema. Nós não vamos à rua para botar dinheiro no banco.


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