“Você é responsável por aquilo que escreve”

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“Você é responsável por aquilo que escreve”

A intolerância nas redes sociais e as consequências dos discursos de ódio foram pauta do comentário da professora Elisabete Barreto Müller na programação da Rádio A Hora 102.9

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“Você é responsável por aquilo que escreve”
(Foto: Divulgação/ Arquivo A Hora)
Vale do Taquari

O programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, conversou com a delegada aposentada e professora universitária, Elisabete Barreto Müller, nesta terça-feira, 4. Em seu comentário semanal, repercutiu as críticas que recebeu nas redes sociais após manifestar a sua opinião sobre o comportamento de parte da população que ataca as instituições democráticas.

“Como policial me acostumei com as críticas porque vem da sociedade, da imprensa, da Justiça e do Ministério Público. Quando me exponho a fazer comentários, sei que vou receber críticas e isso faz parte do jogo democrático. Faz bem ouvir, reconhecer e melhorar”, afirma.

Contudo, os comentários que recebeu no qual associaram e atribuíram um espectro político em sua fala causaram dúvida e choque. “Se estamos dentro de uma democracia, tanto direita como esquerda devem se opor a esses discursos de ódios”, afirma.

Ao concordar com tais posicionamentos extremistas, a delegada sugere que essas pessoas são favoráveis ao holocausto e a Ku Klux Klan [organização civil que prega a supremacia racial branca e o racismo nos EUA]. “Se eles são parceiros desse ódio merecem também meu repúdio porque são comentários criminosos”, salienta.

Conforme Elisabete, ao fazer comentários como estes, parte da sociedade se mostra ignorante “no sentido de que não dominam certos conceitos, mas querem comentar sobre”. “Jamais vou me meter nas redes sociais para falar algo que não domino ou para xingar e dizer palavrões para as pessoas”, aponta.

Para ela, parte da população perdeu o respeito e possuem uma visão maniqueísta do mundo, pois acredita que a sua visão é do bem e quem pensa diferente é do mal. De acordo com a professora, não se pode naturalizar esse ódio.

“Ao colocar na rede, não está mais no espaço privado e sim no público. Por isso, você é responsável por aquilo que escreve”, ressalta.

Elisabete trouxe dados de uma pesquisa feita pela SaferNet, organização não governamental, sem fins lucrativos, que defende e promove os direitos humanos na internet. Segundo ela, a entidade recebeu 2,5 milhões de denúncias relacionados a crimes de ódio de forma virtual e traçou um perfil sobre as vítimas desses crimes: 59,7% são pessoas negras e 67% são mulheres.

A ex-delegada reforça que é necessário “dar um basta e denunciar” comentários que ofendem as pessoas e pregam o ódio. Segunda ela, é preciso respeitar os limites da liberdade de expressão.

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