Enchentes alertam para necessidade de melhorar resposta

impacto da cheia

Enchentes alertam para necessidade de melhorar resposta

Repique da cheia histórica trouxe novos transtornos e mostrou que a região precisa melhorar a capacidade de prever e gerir estes fenômenos

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Enchentes alertam para necessidade de melhorar resposta
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A água não havia baixado completamente das ruas e casas da região e a previsão do tempo já apontava para o risco de uma segunda enchente. A ocorrência de cheias seguidas é relativamente comum. A chuva forte nas cabeceiras quando o nível ainda não voltou ao normal e o solo encharcado influenciam este fenômeno.

O curto período de tempo entre as duas, de pouco mais de quatro dias, surpreendeu a região. O menor intervalo entre duas cheias era de 11 dias, em 1988. É o que aponta levantamento feito pela reportagem do A Hora a partir dos dados da pesquisa da engenheira ambiental Sofia Moraes.

O intervalo é medido entre os picos das enchentes. O nível do Taquari chegou a 27,39 metros na madrugada de quinta-feira, 9, entre 1h e 2h. Uma inundação considerada grande, que atingiu mais de mil edificações em Lajeado. O segundo pico foi registrado às 10h de ontem, quando rio chegou a 22,13 metros.

Mais cinco famílias tiveram de deixar suas casas na segunda cheia. Na noite de ontem, o Parque do Imigrante permanecia com 90 famílias totalizando 264 pessoas abrigadas no local.

Ainda que menor que a primeira, a segunda enchente também, causou estragos na região. Em Lajeado, um belvedere na orla foi interditado. O espaço localizado na rua Osvaldo Aranha, próximo à Júlio de Castilhos, apresenta risco de desabamento. Ontem, pelo menos dez pontos de vias da cidade tiveram de ser bloqueados.

Quatro cidades decretam emergência

Em função dos prejuízos causados pelas duas enchentes, pelo menos quatro municípios da região decretaram situação de emergência. Até o fechamento desta reportagem, Roca Sales, Muçum, Bom Retiro do Sul e Arroio do Meio haviam informado a emergência à Defesa Civil regional. O órgão prepara um relatório sobre a situação regional que deve ser concluído esta semana.

Carência tecnológica

Para o coordenador da Defesa Civil de Lajeado, Heitor Hoppe, não havia como fazer melhor previsão com as ferramentas disponíveis. Hoppe destaca que a quantidade de chuva foi bastante superior ao previsto pela meteorologia.

“Não houve falta da organização. O que acontece é uma carência tecnológica. Ainda estamos muito atrasados. Faltam ferramentas com base científica e tecnológica mais avançadas e técnicos habilitados nos municípios para fazer projeções e cálculos”, afirma.

Hoppe destaca que se trata de um evento atípico. “Temos que evoluir, mas é complexo termos estrutura adequada para um evento dessa magnitude”, conclui.

Melhorar o convívio com o rio

Para a engenheira ambiental Sofia Moraes, há medidas preventivas que podem ser adotadas para reduzir o impacto das próximas enchentes. As iniciativas mais básicas são desenvolver mais conhecimento sobre a bacia Taquari-Antas, tornar o sistema de monitoramento mais eficaz e menos concentrado, com a instalação de réguas e pluviômetros por diversos pontos.

“Uma solução barata é criar projetos que integrem a comunidade ao rio. Hoje, se alguma régua falha, nós não temos um plano B. Precisamos Instalar réguas físicas e ter representantes do poder público ou líderes comunitários habilitados a fazer a leitura”, propõe.

Sofia destaca que as inundações são um fenômeno natural dos rios com o qual seguiremos convivendo. “Cabe a nós, enquanto sociedade, buscar as melhores formas possíveis de convivência com o rio”.

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