Longe do alvo

Editorial

Longe do alvo

Foi publicado ontem pelo governo federal novo decreto sobre aquisição, posse e porte de armas de fogo no país. Considerado um “recuo” por alguns setores da sociedade, o texto teve poucas alterações em relação ao original, emitido no início deste…

Foi publicado ontem pelo governo federal novo decreto sobre aquisição, posse e porte de armas de fogo no país. Considerado um “recuo” por alguns setores da sociedade, o texto teve poucas alterações em relação ao original, emitido no início deste mês, e a sua constitucionalidade continua questionável.
 
Armar a sociedade está longe de ser uma política de segurança pública. A medida visa ao cumprimento de uma das principais promessas de campanha, que ajudaram a eleger o presidente. Diante da ousadia cada vez maior dos criminosos e da ineficiência do Estado, muitas pessoas acreditam que poderão garantir sozinhas a própria segurança.
 
Contudo, estimular a cultura do armamentismo consiste em uma política perigosa. Estudos de organizações voltadas ao tema demonstram a ineficiência de armas nas mãos de civis para tentar coibir a criminalidade. Pelo contrário, com mais armas em circulação, mais facilmente elas tendem a parar nas mãos de bandidos.
 
[bloco 1]
Nos Estados Unidos, onde as armas podem ser compradas até em supermercados, cresce o movimento da sociedade civil pelo aumento das restrições. Lá são recorrentes os casos de chacinas em escolas, universidades e ambientes públicos. Mesmo com o exemplo do país norte-americano, o Brasil caminha no sentido inverso.
 
Nesta semana, em Paracatu (MG), um assassino entrou armado numa igreja e matou três pessoas, depois de tirar a vida de ex-namorada a golpes de canivete. Uma arma de fogo não é necessária para matar alguém, mas é preciso reconhecer que ela facilita muito o processo.
 
Rumamos para uma sociedade cada vez mais violenta, e a concepção do “cada um por si” corrobora para um futuro de barbárie. Mesmo com os procedimentos exigidos, nem todos têm capacidade emocional e psíquica para possuir uma ferramenta que facilmente elimina vidas.
 
O governo insiste em dedicar foco e energia em questões que não estão entre as prioridades da sociedade brasileira. Antes de armas, a população precisa de empregos, melhores perspectivas financeiras e serviços públicos de qualidade. Enquanto disparam a carga tributária, o preço dos combustíveis e a tarifa da energia elétrica, seguem a passos lentos as reformas estruturais que a nação tanto necessita.
 
 

Acompanhe
nossas
redes sociais