“Enquanto pudermos, vamos manter a cultura viva”

Notícia

“Enquanto pudermos, vamos manter a cultura viva”

Natural de Ilópolis, Marcos Merlin, 59, é um dos integrantes mais antigos e o gaiteiro do grupo Capeu de Paia, voltado a preservar a tradição italiana. Morador de Lajeado, trabalha no ramo da construção civil durante o dia e, à…

Por

“Enquanto pudermos, vamos manter a cultura viva”

Natural de Ilópolis, Marcos Merlin, 59, é um dos integrantes mais antigos e o gaiteiro do grupo Capeu de Paia, voltado a preservar a tradição italiana. Morador de Lajeado, trabalha no ramo da construção civil durante o dia e, à noite, dedica tempo à família e ao instrumento, que aprendeu a tocar sozinho ainda na adolescência

 
Qual é a sua relação com a Itália?
Meus bisavós vieram da Itália e se estabeleceram na região. Eu nasci em Ilópolis. A família tinha vinícola, atividade bem típica dos imigrantes italianos. Sempre falávamos o talian dentro de casa com os meus familiares, pais, avós. Por isso que sou um dos poucos que ainda falam o idioma.
 
 
Como funciona o grupo Capeu de Paia?
A gente tem um grupo de cantoria italiana, não é um coral, é mais livre. Eu sou o gaiteiro e a Jandira Ferri é a violonista, desde 1998. A gente ensaia uma hora por semana, nos domingos à noite, entre 19h e 20h. Nós participamos de encontros de grupos, encontros de famílias, aonde somos convidados, nós vamos. Atuamos só com músicas do folclore italiano mesmo, essa é a nossa proposta. Também temos dois eventos tradicionais por ano. Agora, em 7 de junho, vamos realizar o Filó na Paróquia do Moinhos. Mais pro fim do ano, a gente organiza ainda um encontro de grupos.
 
 
Qual é a importância de manter viva essa tradição?
Pelo que se vê da juventude de hoje, eu acho que a nossa geração é a última a ainda cultivar a cultura, se ninguém mais se esforçar um pouco. Viajamos para tudo que é lugar nos encontros de grupos, e onde tem mais italianos é a Região da Serra. Lá a gente ainda encontra um pouquinho mais de jovens. Mas da nossa geração de 50 ou 60 anos, por aqui nós somos últimos. Enquanto pudermos, vamos manter a cultura viva.
 
 
Por que isso é necessário?
Por causa de todo o esforço feito pelos imigrantes que vieram para cá. Os alemães também cuidam muito disso. Hoje tudo se misturou muito, mas a cultura italiana é muito forte. É uma forma de manter viva a memória de tudo o que aconteceu, pois foi muito sofrido aquele período para os imigrantes.
 
 
Como você aprendeu a tocar gaita?
Com 13 ou 14 anos, comecei a tocar sozinho e fui aprendendo. Meu pai foi fundador de um CTG em Ilópolis, foi ali que eu conheci o instrumento. Eu ia junto nos rodeios e comecei a mexer nas gaitas. Lembro que meu pai então comprou uma gaita velha e mandou reformar pra me dar. Tenho ela até hoje, mas pena que não funciona mais.
 
 

ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br

 

Acompanhe
nossas
redes sociais