Venda de carne à Rússia anima indústria nacional

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Venda de carne à Rússia anima indústria nacional

Dos nove frigoríficos autorizados pelo governo de Vladimir Putin, quatro são gaúchos

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A reabertura do mercado russo às exportações brasileiras de carne bovina e suína foi confirmada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi. Entre os nove frigoríficos autorizados por Moscou, quatro são gaúchos. No RS, foram beneficiados abatedouros em Santa Rosa e Santo Ângelo, da empresa Alibem, em Sarandi, da cooperativa Aurora, e em Seberi, da Adelle Foods.

Além de não possibilitar a entrada de produtos das maiores indústrias de carne do Brasil, BRF e JBS, reduziu de forma significativa a quantidade de marcas com possibilidade de ingressar na Rússia. Antes do embargo, em dezembro de 2017, 48 frigoríficos exportavam para o mercado russo.

Em 2017, as exportações para a Rússia representaram 40% dos embarques da carne suína brasileira e 10% das exportações de carne bovina. Conforme o governo federal, foram cerca de US$ 693 milhões em compras de carne suína e US$ 487 milhões de carne bovina.

Cooperativas de fora

Apesar de terem umas das mais modernas plantas industriais e um sistema integrado de produção nos mesmos moldes dos frigoríficos contemplados, as cooperativas Languiru, em Teutônia, e Dália Alimentos, de Encantado, não estão na lista de empreendimentos autorizados pelo governo russo.

Conforme a direção das empresas, não há interesse em manter negócios com o país europeu.

O motivo são as restrições impostas. “Nas atuais regras do jogo, a Dália não tem interesse”, diz o presidente executivo da cooperativa, Carlos Alberto Freitas. Segundo ele, atender as barreiras seria mudar o método de produção, em especial na alimentação dos suínos.

De acordo com ele, as exigências a um componente da ração animal também inviabilizam a venda por parte de outros países produtores, como no caso dos Estados Unidos.

O presidente da Languiru, Dirceu Bayer, também afirma que a cooperativa não pretende abrir negociação com a Rússia, pelo mesmo motivo apresentado pela Dália Alimentos. “Não poderíamos usar determinada fórmula de rações. Preferimos ter melhores índices de produtividade e uma eventual exportação não compensaria”, explica.

Mais competição

Apesar do desinteresse em negociar com a Rússia, os dirigentes das cooperativas da região enaltecem a reabertura do mercado como positiva para a economia gaúcha e nacional. “É uma ótima notícia. Beneficia a toda a cadeia produtiva. Os estoques de carne suína estão altos e o mercado interno não está absorvendo”, diz o presidente da Languiru.

Para o dirigente da Dália Alimentos, Freitas, outro ponto a ser destacado é a qualidade da produção gaúcha. “O governo russo decidiu comprar carne suína só de frigoríficos gaúchos. Isso mostra a qualidade do trabalho do nosso estado”, realça.

Na avaliação dele, o segmento de industrialização da carne suína estava operando com prejuízos desde março. “Com a volta da exportação, o setor poderá se recuperar pelo fato de garantir um maior equilíbrio financeiro com a venda no mercado interno.”

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br | Colaboração: Alexandre Miorim

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