Como de costume, depois do jogo de vôlei das quartas-feiras, um grupo de pessoas fez um churrasco no ginásio da comunidade de Novo Paraíso.
Por volta das 23h daquela noite, 31, enquanto confraternizavam, cinco criminosos armados entraram no local, fizeram reféns e saquearam dinheiro e pertences das vítimas.
“Três deles entraram e nos renderam. Roubaram dinheiro, celulares e pertences. Outros dois ficaram na porta esperando a ação do trio”, conta um morador do Novo Paraíso que prefere não se identificar por medo de represália de facções.
“O medo que sentimos desta violência toda é indescritível. Somos reféns desta bandidagem. Sensação é de impotência total”, desabafa.
Os bandidos fugiram em um veículo HB20 branco roubado de uma das vítimas.
Mortes
Na madrugada de sábado, 3, o HB20 foi encontrado incendiado na Estrada Frei Leonardo Braun, na Linha São Luis.
Dentro do veículo, foram encontrados dois corpos carbonizados. Segundo a Polícia Civil (PC), as vítimas eram um casal.
Um deles foi encontrado no porta-malas, com as mãos amarradas. A outra pessoa foi localizada no banco de trás.
A PC só conseguiu identificar os corpos por meio de exame de DNA. Os nomes não foram divulgados.
As mortes desse fim de semana somam um total de 21 ligadas ao tráfico de drogas neste ano entre as cidades de Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul.
Entrevista
“Um mata de um lado, outro mata do outro”
Responsável pela investigação do caso, o delegado José Romaci Reis aponta que guerra entre grupos rivais do tráfico de drogas vai reduzir apenas com novas regras contra o crime.
A Hora – As mortes ligadas ao tráfico de drogas se intensificaram na região desde o assassinato de Adriano de Moraes, no centro. A resposta veio um dia depois, com Santinho morto no bairro Santo Antônio. Ao que se deve esta crescente de homicídios?
José Romaci Reis – Isso é disputa por ponto de tráfico de drogas. Um fica devendo para outro, outro invadiu o ponto de um rival e assim por diante. Resultado disso, um mata de um lado, outro mata do outro. A política deles vai continuar assim até que a gente possa intervir de maneira mais contundente para conseguir tirar esses elementos de circulação. O problema é que você tira um e vem outro. E assim segue, enquanto eles vão se autoexterminando.
Estes assassinatos têm ocorrido com violência. Normalmente, essas pessoas morrem com cerca de 10 disparos. Nesse caso de Estrela, os corpos foram encontrados carbonizados. O que explica o modo de matar desses grupos?
Reis – Cada um deles quer mostrar maior poder. Aí quando mata um de um lado, vão lá e matam do outro lado. Quando uma facção tá mais enfraquecida, a outra aproveita para atacar. Enquanto uns vão crescendo, outros vão diminuindo.
