“Ninguém lembra que é deficiente dentro da quadra”

Notícia

“Ninguém lembra que é deficiente dentro da quadra”

O empresário Leandro Henrique Paludo, 46, é um dos destaques da equipe Blindados do Vale. Após sofrer um acidente de trânsito em 2008, que lhe causou a amputação de uma das pernas, encontrou no basquete sobre rodas uma forte inspiração…

Por

“Ninguém lembra que é deficiente dentro da quadra”

O empresário Leandro Henrique Paludo, 46, é um dos destaques da equipe Blindados do Vale. Após sofrer um acidente de trânsito em 2008, que lhe causou a amputação de uma das pernas, encontrou no basquete sobre rodas uma forte inspiração para a vida.
• Como você descobriu o basquete?
Eu comecei em 2012. Foi quando o pessoal quis montar uma equipe mais competitiva. Antes a proposta era de um time mais inclusivo. Eu nunca havia entrado em uma quadra. Não tinha nem noção das regras.
• Como surgiu o interesse em jogar?
Foi pela falta de fazer um esporte. Antes do acidente, eu gostava de jogar vôlei, futebol, mas não tinha mais como praticar. Então surgiu um convite por parte do Cris, hoje treinador, que na época fazia um estágio de Educação Física na escola em que minha filha estudava, em Estrela. Ela foi assistir a um treino e me convidou para ir junto. No primeiro dia, já sentei na cadeira. Como eu tive que passar um período em cadeira de rodas após o acidente, foi fácil me adaptar. O difícil foi quando me jogaram a bola (risos).
• O que o basquete significa pra você hoje?
Uma das maiores motivações que eu tenho. Eu vou lá e jogo toda a minha energia acumulada. Esqueço os problemas. O foco é apenas jogar bola, treinar, brincar com a gurizada, que vira uma família. É a minha válvula de escape. Dentro da quadra, não existe mais um deficiente físico, mas sim um atleta competindo. Ninguém lembra que é deficiente dentro da quadra. Você passa a conviver com pessoas com deficiências semelhantes às suas, ou piores, o que gera outra visão da vida. Passa a se queixar menos e a agradecer mais.
• Quais são principais benefícios?
É a inclusão. É se sentir parte de uma coisa maior. Eu sei, por experiência própria, como é difícil se aceitar logo no início. A gente chega a pensar: “agora eu não sirvo para mais nada”. A pessoa se sente excluída da grande maioria, mas no esporte não. A gente passa a se sentir importante, útil de novo e capaz. Capaz de jogar, de sentir novas emoções, de conhecer novas pessoas, de evoluir.
• Qual sua mensagem para quem tem alguma deficiência?
Não abaixe a cabeça porque a vida não acabou. Na verdade, encerra-se um ciclo e inicia-se outro. O primeiro passo é se aceitar para poder compreender tudo o que pode acontecer. A partir daí, é possível ter uma vida fantástica de novo pela frente.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais