Controle do crime

Editorial

Controle do crime

Os grupos criminosos da Região Metropolitana se fortalecem, espalham ramificações pelo interior e fazem disparar os índices de homicídios. Neste ano, houve quase 30 assassinatos ligados ao narcotráfico nas cidades de Estrela e Lajeado. Nesse fim de semana, dois corpos…

Os grupos criminosos da Região Metropolitana se fortalecem, espalham ramificações pelo interior e fazem disparar os índices de homicídios. Neste ano, houve quase 30 assassinatos ligados ao narcotráfico nas cidades de Estrela e Lajeado.
Nesse fim de semana, dois corpos foram encontrados carbonizados dentro de um automóvel incendiado. Seria de um homem de 22 anos e da namorada dele. Um ano tão violento não acontecia desde 2014, quando as facções começaram a atuar com mais força no Vale do Taquari.
Dentro desses organismos marginais, criminosos disputam um mercado altamente lucrativo. Estima-se que o consumo de drogas em Lajeado gere por semana mais de R$ 500 mil. Tudo na mão desses grupos. Com tantos recursos, as consequências são mais armas, mais violência e mais crimes.
Nas áreas mais vulneráveis das cidades, criam-se quartéis generais do tráfico. Na ausência do Estado e das forças de segurança, os grupos tornam-se as autoridades. Por vezes, adotam a postura inclusive do poder público. Compram o remédio para um morador doente, ajudam com o gás, até com cestas básicas. Tudo com preços, desde o silêncio dos moradores até alguma ajuda específica, como esconder armas e drogas dentro de casa.
[bloco 1]
O cidadão, trabalhador, pai de família, vira refém e, por consequência, um cúmplice. Com medo de represálias, aceita as condições. Nesse círculo sem fim, a certeza de que o Estado não tem como quebrar essa realidade. As polícias trabalham com déficit, o sistema penitenciário caótico e a ausência de um plano de segurança pública confirmam o tamanho do problema.
O combate ao tráfico, aos moldes do que está posto, é um dos principais responsáveis pelo quadro atual. O crime, chamado organizado, precisa de leis restritivas para se sustentar. Isso garante o lucro. O dinheiro das drogas alimenta essa engrenagem.
O fato é que o país e o RS chegaram ao limite. Por mais que as forças de segurança tentem cumprir a lei, é insuficiente. É preciso mais. Mais organização dos setores públicos, mais vontade política em implementar medidas efetivas para tratar dependentes e diminuir o poder dos traficantes, mais lucidez, tolerância e coragem da sociedade para quebrar o tabu que permeia os discursos de combate às drogas.

Acompanhe
nossas
redes sociais