“O desafio é aceitar mudanças e despertar os líderes para isso”

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“O desafio é aceitar mudanças e despertar os líderes para isso”

Vice-presidente da Randon palestrou à empresários e falou sobre inovação nos negócios

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“O desafio é aceitar mudanças e despertar os líderes para isso”
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A transformação digital e a necessária inovação a ser implementada nas empresas foi o tema central da palestra de Daniel Randon, que participou da tradicional reunião almoço promovida pela Cacis, em Estrela. Randon é vice-presidente de administração e finanças da maior fabricante de caminhões e semirreboques da América Latina. Da concordata em 1981, a Randon se recupera sucessivamente e já está, outra vez, com quase 10 mil colaboradores. “Foi justamente a ousadia e nossa disposição em fazer diferente que nos recolocou na esteira do desenvolvimento.”

A palestra abordou, entre outros assuntos, a aproximação da companhia com os conceitos de startups e como a instituição projeta o futuro a partir da revolução tecnológica. Para ele, o mundo dos negócios mudou e é imprescindível que todos percebam isso, o mais rápido possível, sob pena de sucumbir. “O grande desafio é aceitar mudanças e despertar nossos líderes para isso”.

Diante de um cenário macro-econômico complicado, sugere uma adaptação à realidade local sem deixar de olhar o que ocorre mundo afora. Para o palestrante, a tecnologia, seja por startups ou outras inovações – como por exemplo, abrir o capital das empresas, como a Randon fez na década de 70 – podem trazer soluções mais rápidas e customizadas para as empresas.

Randon acredita que a sustentabilidade das corporações passa pelo equilíbrio. Citou o conceito ambidestro – tradicional e digital – implementado na empresa, o qual garante a preservação dos valores, princípios e a qualidade, mas ao mesmo tempo, se abre para os novos formatos de trabalho, com processos mais simplificados e com a colaboração interna e externa. “Pensar fora da caixa pode trazer soluções mais consistentes e ágeis”, recomenda.

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Reputação e imagem

Trabalhar o conceito e ser percebida como uma instituição responsável e sustentável é tão importante quanto ter solidez financeira, entende Randon. Ele cita que as empresas não estão quebrando apenas por resultados negativos, mas sim pela reputação e a imagem comprometidas. “Respeito aos clientes, ter pessoas comprometidas e se abrir para o novo é fundamental neste processo”.

Economia colaborativa

Para Randon, a colaboração e a interatividade entre corporações e setores precisam ser implementadas. Usa o termo tríplice hélice, onde coloca as universidades, os governos e as corporações em permanente sintonia, troca de experiências, com foco na criatividade e na inovação a partir das oportunidades que a tecnologia oferece.

Para ele, as universidades devem tem o papel de formar, inovar e trazer o que tem de novo no mundo, especialmente via os centros tecnológicos. Já o poder público, entende Randon, tem o papel de regulamentar e saber onde dar mais incentivo à indústria, e as corporações tem o papel de gerar negócios, emprego e fomentar o que a sociedade demanda.

Transição gradual

A inovação pressupõe testes, o que pode elevar o porcentual de erros. Para Randon, a criação de dois métodos de operação – modos 1 e 2 – foram cruciais para não comprometer a qualidade e ameaçar a credibilidade, mas, ao mesmo tempo, não cercear a inovação. “O modo 1 preserva o sistema tradicional. Já o método 2, quebra paradigmas, inova e pensa diferente. O desafio está em conectar estes dois modos. É isso que chamamos de ambidestro.”

Ele reconhece que o modo 1 é o que garante a sustentação do negócio hoje. “É ele quem dá dinheiro e nos sustenta. Mas precisamos lincar com o modo 2, que poderá ser nossa sustentação no futuro”.

Fernando Weiss: fernandoweiss@jornalahora.inf.br

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