Vendas de Natal reduzem prejuízos do ano

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Vendas de Natal reduzem prejuízos do ano

Comerciantes apostam no movimento de hoje e amanhã para melhorar resultado

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Vale do Taquari – A semana começou com movimento intenso nas ruas comerciais. Em Lajeado, estacionamentos privados lotaram a partir do meio-dia, enquanto consumidores formaram filas nos estabelecimentos. Em Estrela, as áreas do calçadão e do entorno da praça central registraram movimento acima da média.

03Quem deixou a compra dos presentes para a última hora ganha tempo extra após o horário comercial. Hoje, lojas da maioria dos municípios ficam abertas até as 21h Amanhã, na véspera do Natal, os estabelecimentos atendem até as 17h

No entanto, não há euforia entre os comerciantes. O crescimento nas vendas de Natal, estimado em 10% em relação 2013, só ameniza a retração econômica no acumulado do ano. Lojistas apostam nos últimos dois dias pra recuperar parte do que deixaram de faturar em 2014.

Proprietário de uma joalheria de Lajeado, Maurel Lenz, investiu em publicidade para aumentar vendas em novembro e dezembro. Independentemente do resultado do Natal, afirma Lenz, as vendas do ano ficaram abaixo do esperado. “Não se consegue recuperar em dois meses o ano todo.”

Gerente de uma loja de calçados e confecções, de Estrela, Juliana Bencke afirma que o resultado até o início desta semana é inferior ao do Natal de 2013. Tem esperanças de que as duas últimas datas com horários estendidos revertam o quadro.

Lojistas citam vários motivos para a quebra de vendas. O calor de janeiro e fevereiro, que afastou os clientes das ruas, transferiu expectativas de maiores resultados à Copa do Mundo. No entanto, a competição ofuscou o Dia dos Namorados, em junho, e manteve os consumidores em casa nos dias de jogos. Logo após a Copa, as atenções se voltaram às eleições.

Volmar Parise investirá menos no seu bazar em 2015. “Hora de colocar os pés no chão.” Acredita que a projeção de baixo crescimento, escândalos na política e o déficit do governo influenciarão nas contas do consumidor. “Dinheiro fácil do governo federal está terminando.”

Ano de frustração

De acordo com a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), economista Cíntia Agostini, o endividamento familiar e baixo crescimento do país somam-se à Copa do Mundo e eleições como justificativas do resultado abaixo do esperado.

Comenta que muitas das pessoas estimuladas ao crédito desde 2010 começam a acumular dívidas. “As dívidas começaram a aparecer em 2013 e se tornam mais evidentes agora.”

De acordo com Cíntia, cerca de 30% da população gasta mais do que ganha. Sem planejamento, esbarram na queda da economia. “Os incentivos foram saindo, como IPI dos veículos e da linha branca. As taxas de juros que facilitavam crediário cresceram e as expectativas se foram.”

Para a economista, o ano foi fraco para todos os setores. Em 2015, pelo anúncio do governo federal de cortar gastos, cautela será a palavra-chave. “Todos os setores esperam gastar menos.”

O mercado prevê mais a volta de impostos, inflação acima da meta e crescimento ainda mais baixo do que o verificado em 2014.

Para Cíntia, é necessário esperar como o mercado vai reagir antes de investir. Para quem tiver pouco dinheiro, a dica é poupar na compra de pequenas coisas e evitar ao máximo o carnê. Financiamento, só para compras grandes, como para a casa própria.

Famílias se endividam e compram menos

Pesquisa encomendada pela Fecomércio aponta maior endividamento dos gaúchos em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2013. Das 600 famílias entrevistadas, 64,5% afirmaram estar endividadas. No mês de 2013, o percentual era de 61%.

De acordo com o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, o cenário poderia ser pior. O crescimento moderado do consumo e do crédito devido à inflação e aumento dos juroscontribuíram para evitar um endividamento ainda maior.

A pesquisa da entidade também mostrou um aumento na parcela da renda comprometida. Na média em 12 meses, passou de 28,3% em outubro para 29,1% em novembro. O tempo de comprometimento, também na média em 12 meses, permaneceu praticamente estável em novembro e ficou em 7,2 meses. O cartão de crédito continua sendo o principal meio de dívida. É apontado por 76,7% dos endividados, seguido pelos carnês (29,1%) e depois pelos financiamentos de automóveis (17,6%).

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