Plataforma usa inteligência artificial para monitorar risco de enchentes

DEFESA CIVIL

Plataforma usa inteligência artificial para monitorar risco de enchentes

Cidades do Vale, como Lajeado, Muçum e Encantado integram a ferramenta do Google que promete prever possíveis inundações com uma semana de antecedência

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Atualizado quinta-feira,
01 de Junho de 2023 às 11:30

Plataforma usa inteligência artificial para monitorar risco de enchentes
Crédito: Mateus Souza/Arquivo
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Uma ferramenta que alerta para possíveis inundações com sete dias de antecedência é desenvolvida pela plataforma Google e, agora, inclui cidades do Vale, como Lajeado, Muçum e Encantado no sistema. O aplicativo Flood Hub está disponível para 80 países e funciona com base em Inteligência Artificial (IA) e dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

A ferramenta serve como mais um dispositivo de diminuição de riscos durante as cheias para os municípios da região, que já adotaram novas alternativas depois da grande enchente de 2020. Entre elas, a colocação de réguas de medição do nível da água.

Além do sistema já existente nos municípios do Vale, a Flood Hub recorre a dados disponíveis publicamente, como previsões do tempo e imagens de satélite. O material é recolhido pela plataforma e a tecnologia combina os dados com outros dois modelos: o hidrológico, que prevê a quantidade de água que corre em um rio, e o modelo de inundação, que prevê quais áreas serão afetadas e qual o nível.

As informações ficam disponíveis em uma página da internet de acesso fácil e intuitivo, assim como em aplicativo para smartphones. Além das inundações, a ferramenta também informa sobre fenômenos ligados a incêndios florestais.

Outras ferramentas

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Lajeado, Gilmar Queiroz, os períodos do ano de maior risco de cheias são próximos da primavera, a partir de agosto, e todo o estado também se preocupa com as mudanças climáticas decorrentes do fenômeno El Niño. Ele destaca que, até o momento, além das réguas de medição, também implantadas em locais como Estrela, Vila Fão, Encantado, Muçum e Santa Tereza, o município conta com outras iniciativas para diminuir o impacto das inundações.

“Não tivemos as mesmas proporções de 2020, mas a enchente do ano passado serviu para termos uma experiência”, destaca Queiroz. Segundo ele, foram mobilizados profissionais e montado um plano de trabalho para deixar mais equipes em prontidão antes do nível da água subir. Desta forma, é possível garantir segurança, alimentação, transporte e abrigo.

Queiroz ainda destaca que Lajeado possui um recurso a mais do que outros municípios, já que o aumento no nível do rio na região alta do Vale serve como base para a parte baixa do Taquari. “Não dá para prever com dois, três dias de antecedência, mas sim com algumas horas, com essas leituras que estão sendo feitas no rio”, ressalta. A evolução das chuvas também é acompanhada pelos sites oficiais do Estado.

Na prática, ainda falta precisão

Coordenador da Defesa Civil de Colinas, Edelbert Jasper destaca uma tabela para calcular a cota que a água pode atingir em casos de cheias no município, desenvolvida por ele como trabalho de conclusão do curso e que serve de alerta para retirar as famílias das áreas alagáveis.

“As previsões sempre chegaram muito próximas do real e conseguimos retirar as pessoas. Conseguimos ter essa previsão cerca de seis horas antes, conforme a quantidade de água da chuva”. Além disso, depois da enchente de 2020, o município também recebeu uma régua de medição.

Jasper afirma que o desejo de toda a Defesa Civil é conseguir prever uma inundação com dias de antecedência, conforme o sistema da Flood Hub, mas, na prática, acredita ainda não haver precisão. “Podemos ter uma previsão de 200 milímetros de chuva em um dia e vamos preparar as equipes para agilizar a retirada, mas só vamos agir depois da chuva acontecer”, destaca.

No estado

Outra plataforma digital já disponível aos municípios está no site da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do RS, que tem por base dados do Serviço Geológico do Brasil. Os relatórios apontam 740 áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massas e enchentes, identificados em 60 municípios gaúchos.

As informações são cruzadas com os dados fornecidos pela Sala de Situação do Estado, com monitoramento diário das condições hidrometeorológicas das cidades gaúchas. Outra iniciativa do RS é o monitoramento de áreas de desmoronamento nestas cidades. Lajeado possui pontos de risco, como o bairro Conservas, assim como outros locais com maior presença de morros.

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