“As pessoas pensam que cultura é só o que elas gostam”

ABRE ASPAS

“As pessoas pensam que cultura é só o que elas gostam”

Professora e idealizadora do Dança Bom Retiro, Lene Petry sempre acreditou nas expressões culturais como forma de contribuir com o desenvolvimento da comunidade. No período em que atuou como coordenadora de Cultura do município, evidenciou temáticas como consciência negra, LGBTQIA+, religiosidade e tradição gaúcha

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“As pessoas pensam que cultura é só o que elas gostam”
Crédito: Arquivo Pessoal
Estrela

Como iniciou na dança?

Comecei na infância, por volta dos 10 anos. Na época era ginástica rítmica que a gente fazia e as danças também eram feitas com coreografias. Eu também participava do carnaval com a Escola de Samba Inhandava, onde atuei na comissão de frente e fazendo coreografias. Em 2000 trabalhei dando aulas para um grupo em uma escola e a partir disso surgiu a oportunidade de me qualifica na área. Sou licenciada em Dança pela Uergs e pós-graduada em Dança, Corpo e Arte pela Univates. Trabalho nas escolas aqui do município e há cerca de sete anos abri meu próprio espaço, o Estúdio de Dança Lene Petry. A dança é algo incorporado na minha vida.

Como surgiu a ideia de criar o Dança Bom Retiro?

Como eu trabalhava com dança nas escolas, sentia falta de espaços e eventos para que as crianças pudessem participar. Eu viajava com esse grupos para outros festivais em Santa Maria, Alegrete, Bento Gonçalves. Então pensei que poderia criar um próprio festival para a cidade. A dança é muito trabalhada nas escolas e têm outros estúdios de dança na cidade. Acreditava que era o momento de Bom Retiro ser essa referência no Vale do Taquari. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar como coordenadora de Cultura, levei a ideia adiante.

Foi aceito, fizemos o primeiro ano, deu tudo certo e o Dança Bom Retiro está indo para a 9ª edição. Eu organizei os quatro primeiros anos e quando eu saí foi dado continuidade. Fico feliz em ver que é um evento que ultrapassou governos e também por ainda ser reconhecida pela criação do evento. Hoje o Dança Bom Retiro é o maior festival de dança do Vale do Taquari.

Como é contribuir à comunidade?

Sempre busquei trabalhar a cultura de maneira diversificada. Penso que todas as formas de expressões culturais merecem um olhar, e acho que contribuí bastante neste sentido. Desenvolvemos trabalhos sobre consciência negra, cultura LGBTQIA+, religiosidade, músicas, canto, dança. As culturas mais tradicionais, como o CTG e a escola de samba, continuaram recebendo a devida atenção, mas fortalecemos o que não era tão trabalhado. Enfrentei muitas barreiras, mas consegui mostrar que existem várias formas de cultura que devem ser respeitadas.

Como a dança pode mudar a vida de uma pessoa?

Além de ser uma atividade física, a dança proporciona muitos sentimentos e emoções. É uma forma de expressão. Enquanto alguém está dançando, o sentimento é de felicidade. Dificilmente alguém dança triste. Isso vai mudar a vida da pessoa, principalmente em relação à saúde mental.

Na sua avaliação, como é o envolvimento da comunidade de Bom Retiro com a cultura?

Penso que é um processo que ainda está em evolução. As pessoas pensam que cultura é só o que elas gostam e que isso deve prevalecer. É um caminho que está sendo trilhado para que todas as culturas sejam validas e respeitadas, para que as pessoas saibam apreciar diversas expressões culturais. Mas percebemos que as pessoas estão mais participativas nas mais diversas atividades, eventos e ações. Sabemos que é um movimento geral e que aos poucos a comunidade se integra. É uma boa mudança.

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