As consequências físicas e psicológicas da fobia dos tempos modernos

Entrevista

As consequências físicas e psicológicas da fobia dos tempos modernos

Depois do período crítico de isolamento social, foram publicados mais estudos sobre a dependência das telas. Cada vez mais, essa se torna uma preocupação não apenas dos pesquisadores, mas também de pais e responsáveis, já que a compulsão atinge, em especial, os adolescentes

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Atualizado quinta-feira,
02 de Maio de 2022 às 17:54

As consequências físicas e psicológicas da fobia dos tempos modernos
O uso saudável é ultrapassado quando a pessoa deixa de socializar, relacionar-se, sair com a família ou amigos, fazer as atividades do dia a dia ou passar tempo olhando as redes sociais” - Rafaela Schwertner, psicóloga
Vale do Taquari
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A compulsão por estar conectado às telas já tem um nome, é a Nomofobia. Conhecida como a fobia dos tempos modernos, estudos apontam que adolescentes e jovens adultos são mais vulneráveis ao transtorno. A psicóloga da Univates, Rafaela Schwertner, fala sobre os sintomas físicos e psicológicos que podem se desenvolver.

A HORA – Essa é uma compulsão relativamente nova. Há quanto tempo a ciência começou a prestar atenção nesse comportamento?
RAFAELA – O termo foi usado pela primeira vez em 2008, em um estudo no Reino Unido. Em 2021 houveram mais publicações. Naquele momento, o celular passou a ser o principal dispositivo de estudo e trabalho.
Em pesquisa rápida no PUBMED (plataforma de pesquisa com publicações científicas da área da saúde), percebi que existem pouco mais de 100 estudos sobre. Ainda é preciso desenvolver mais pesquisas, buscando um diagnóstico, as comorbidades e um tratamento.
Há uma discussão se a nomofobia é um vício ou se ela deve ser considerada de fato uma fobia, porque é difícil diferenciar se a pessoa se torna nomofóbica devido ao vício do celular ou se a pessoa tem um transtorno de ansiedade que se manifesta com sintomas nomofóbicos.

É comum sentir um pouco de ansiedade quando estamos longe dos celular ou redes sociais? Existe um limite?
RAFAELA – O celular virou uma ferramenta indispensável na nossa vida e vai para além da comunicação. Se estamos aguardando uma mensagem, e-mail, uma ligação ou precisamos do celular para resolver algo, é normal sentir um pouco de ansiedade.
Ela se torna patológica quando se torna uma preocupação excessiva e deixa a pessoa agitada, nervosa, irritada, com dificuldade de concentração, causando medo extremo ou outros sintomas físicos.
É difícil colocar um limite, porque cada pessoa usa o celular para fins específicos. O limite é a consciência dos prejuízos que cada um tem após esse uso “não consciente”.
O uso saudável é ultrapassado quando a pessoa deixa de socializar, relacionar-se, sair com a família ou amigos, fazer as atividades do dia a dia ou passar tempo olhando as redes sociais.

Quais são os maiores riscos da nomofobia?
RAFAELA – Na saúde física, a nomofobia pode causar problemas musculoesqueléticos, dor no pescoço, dor no polegar, dores de cabeça, fadiga, esforço e lacrimejamento nos olhos, dor nas costas, no ombro e punho e problemas para dormir.
Quanto à saúde mental, pode desencadear ansiedade, estresse, depressão, somatização, comportamentos de obsessão e compulsão.

Como tratar essa compulsão?
RAFAELA – A nomofobia ainda não foi incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, então atualmente as opções de tratamento são bastante limitadas. Alguns estudos promissores apresentam o tratamento com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) combinada com intervenções farmacológicas.
É importante ressaltar que os medicamentos usados são para transtornos de ansiedade ou fobias específicas, não para a nomofobia diretamente. De qualquer forma, o diagnóstico deve ser feito por um psicólogo ou psiquiatra.
Há algumas atividades simples que podem ser realizadas como, evitar o uso do celular durante as refeições, antes de dormir, quando está acompanhado de amigos e familiares. Praticar mais atividades ao ar livre e procurar outras formas para se entreter em momentos de tédio também podem ajudar.


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