Baque da pandemia desafia região a ser mais competitiva

Caminho para a reação

Baque da pandemia desafia região a ser mais competitiva

Frente às dificuldades geradas pelo coronavírus, Vale do Taquari tem a chance de ser uma força estadual para a retomada econômica em 2021. Potencial voltado à produção de alimentos esbarra nas deficiências estruturais da logística gaúcha

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Baque da pandemia desafia região a ser mais competitiva
(Foto: Divulgação/Lucas Brunetto)
Estado

Os impactos mais drásticos da covid-19 sobre a economia são esperados para este ano. O fim do auxílio emergencial, a continuidade de altos índices de desemprego e a queda na arrecadação pública fazem parte das perspectivas de 2021.

Para se ter soluções frente aos desafios que se avizinham, uma das apostas é elaborar um plano regional, com atuação de diferentes forças da sociedade. É o que defende o presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Evandro Rosa.

“Temos um grande potencial no agro. Representamos 8% da produção de leite, 18% de suínos e 24% de frango de toda a produção do Estado, sendo que ocupamos apenas 3% do território gaúcho.”

Essa importância tem em Lajeado um indutor do desenvolvimento regional, considera. Na avaliação de Rosa, o mais importante neste momento é desenvolver um planejamento de região. “Precisamos ter um coordenação, um foco. Ainda que tenhamos modelos cooperativos e associativos importantes, muitas das soluções ficam no individual.”

Dentro desta observação, o presidente da CIC considera necessário um esforço conjunto com diversas forças sociais. “As entidades de classe são fundamentais para pensarmos em como podemos ser mais competitivos. Para o poder público, é necessário ter uma gestão austera e prover a qualificação da mão de obra, que é um entrave para o crescimento das empresas.”

Já a população, continua Rosa, tem o dever de acompanhar esses movimentos locais, fiscalizar as gestões públicas e saber que o mercado está em transformação, e para se inserir neste contexto, precisa ter mais conhecimento.

Custo logístico

Na avaliação do presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, alguns gargalos interferem na competitividade regional. Como o consumo dentro do Estado não tem demanda suficiente para leite e carnes, as empresas do setor precisam comercializar para outras regiões do país.

“Temos um alto custo logístico quando comparado ao de outros estados. Então, acredito que o desempenho das empresas do centro do país será melhor do que das gaúchas, pois estão mais próximas dos centros fornecedores de grãos e de consumo de produtos.”

Para além de uma organização local, Freitas considera fundamental o desenvolvimento de políticas estaduais de estímulo à produção de cereais, tanto de inverno como de verão, para atender a alimentação animal e depender menos da compra dos insumos de outras localidades, além do investimento em mais modais de transporte, em especial nas ferrovias.

Destaque nacional

Pelo ranking de competitividade municipal, Lajeado ocupa a 1º posição entre as cidades do interior gaúcho com mais de 80 mil habitantes. O município se destaca na eficiência da máquina pública, nos serviços de saúde e educação. Mas mostra fragilidade no segmento desenvolvimento econômico, com notas baixas em capital humano, dinamismo econômico e inovação.

Esse diagnóstico faz parte do ranking de competitividade municipal, feito pelo Centro de Liderança Pública (CLP), uma organização social, com especialistas de diversos setores.

O resultado de Lajeado é considerado excelente pelos agentes públicos e por líderes empresariais. Para o prefeito Marcelo Caumo, o ranking auxilia no entendimento de onde são necessários esforços, seja dos governos ou mesmo da sociedade civil organizada.

Entre as políticas em desenvolvimento que tem potencial de melhorar ainda mais o resultado da cidade, o prefeito destaca o Pro_Move. “Se trata de um programa com a participação do poder público, mas que depende muito mais das forças vivas da sociedade, da Univates. Ter um ambiente propício de inovação traz a chance de mantermos o capital humano mais especializado.” Por se tratar de uma ação de médio e longo prazo, ainda não houve resultados desse programa. “É um projeto de cidade, não de governo. Depende muito da adesão da sociedade”, frisa Caumo.

Como é feito o ranking

A avaliação do CLP considera índices oficiais ligados a três critérios macro: instituições, sociedade e economia. Dentro dessas áreas, são divididos em um conjunto de indicadores.

Passam por eficiência dos serviços públicos, custo da máquina pública, dados sobre segurança, mão de obra e políticas de desenvolvimento e inovação. Ao todo, são 55 notas, organizadas em 12 pilares.

A nota de Lajeado se refere ao ranking de 2020, divulgado em setembro do ano passado. São estudadas 405 cidades do país. Todas acima de 80 mil habitantes, o que corresponde a 59,5% da população.

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