Haitiano sofre calote em passagem aérea e perde mais de R$ 5,9 mil

Lajeado

Haitiano sofre calote em passagem aérea e perde mais de R$ 5,9 mil

Jovem comprou passagem de uma empresa de São Paulo, em novembro. Viagem deveria ocorrer no mês seguinte, mas ainda não aconteceu

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Haitiano sofre calote em passagem aérea e perde mais de R$ 5,9 mil
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Dorcelly Dor saiu do Haiti em 2014. Foi o pai quem pediu que os filhos deixassem o país, com medo dos efeitos das catástrofes climáticas que atingem a ilha com certa frequência. Desde que saiu do Haiti, fez apenas uma visita em 2017, por razões de saúde. No fim do ano passado, decidiu visitar a família.
A irmã, que mora nos Estados Unidos, ajudou na compra da passagem. Com indicação de amigos haitianos, chegou ao nome de um conterrâneo, morador de São Paulo, que teria uma empresa de viagem, a Amil. Como conhecia pelo menos duas pessoas que haviam viajado por meio desta agência, não viu motivos para desconfiar.
Porém, a viagem virou um problema que se arrasta por mais de seis meses e um prejuízo financeiro que passa dos R$ 5,9 mil.
Ele guarda o documento que seria o comprovante de compra da passagem. O papel tem a marca da empresa Copa Airlines, com sede no Panamá. A ida estava marcada ida no dia 13 de dezembro e a volta, para no dia 8 de janeiro. O trajeto era São Paulo, Panamá, Porto Príncipe e o valor total, R$ 5.943.

Passagem furada

O problema começou logo após o pagamento da viagem, ainda em outubro. A irmã fez a transferência para a conta indicada: U$ 1.028 (mil e vinte e oito dólares). Três dias depois, o homem fez contato e disse que o preço da passagem havia subido.

Agente da empresa enviou nota do depósito pelo Whatsapp, mas dinheiro não apareceu na conta

Agente da empresa enviou nota do depósito pelo Whatsapp, mas dinheiro não apareceu na conta


Faltariam mais R$ 800. A agência assumiria R$ 300 e o cliente deveria repassar R$ 500. Dorcelly depositou o valor.
A partir daí, seguiu uma rotina de adiamentos, novos prazos e pedidos de mais dinheiro. Até que, em fevereiro, a vítima pediu o reembolso dos valores pagos. “Minha vó tem problema de coração e mora no Haiti. Eu pedi para ele enviar pelo menos R$ 1 mil para eu mandar para lá.”
Por meio do Whatsapp, o agente enviou o comprovante do depósito, mas o dinheiro não apareceu na conta. No banco, foi informado de que provavelmente teria sido depositado um envelope vazio. O homem então bloqueou Dorcelly no whatsapp e ele não conseguiu mais contato.
“Ele disse para mim que não tem dinheiro, mas tenho amigos em São Paulo que conhecem ele e dizem que ele tem dinheiro, um restaurante e um carro bom”, diz.
Dor decidiu então levar o caso à Polícia Civil. Na segunda-feira, 20, ele foi à Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Lajeado. “Fui na delegacia fazer um Boletim de Ocorrência para eles fazerem algo por mim, porque eu tive muita paciência com ele. Imagina, dezembro, janeiro… até maio. É muito tempo”, lamenta.
O imigrante haitiano trabalha em uma indústria de alimentos e mora em uma casa no bairro Moinhos, que divide com um casal de conterrâneos. Ele faz curso de desenvolvedor web e pretende conseguir um emprego na área quando concluir os estudos. Apesar do episódio, não pretende deixar o país.

Ocorrência surpreendeu os policiais

De acordo com a titular da DPPA, delegada Márcia Scherer, não há registros de outros casos semelhantes envolvendo imigrantes no município.
A investigação ficará a cargo da delegacia de Lajeado, que tenta localizar o suposto estelionatário. O delegado regional, José Romaci Reis, afirma nunca ter se deparado com ocorrência semelhante, envolvendo imigrantes.
 

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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