Três entre as melhores do RS

Vale do Taquari - VALE NO índice firjan

Três entre as melhores do RS

Lajeado, Mato Leitão e Muçum ficaram entre as cinco cidades gaúchas mais bem avaliadas. A diversidade econômica, aliada ao atendimento satisfatório em duas áreas básicas do serviço público, coloca cidades do Vale do Taquari entre as mais desenvolvidas do Estado. Resultado consolida perfil produtivo regional e também desafia administrações municipais a planejarem formas de crescer ainda mais

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Três entre as melhores do RS
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Na comparação com a mesma pesquisa do ano passado, 17 municípios do Vale do Taquari melhoraram as posições no ranking nacional. Anunciado nesta semana, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal analisou o desempenho de mais de 5,4 mil cidades brasileiras nas áreas de saúde, educação e emprego e renda.

Desenvolvida pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a pesquisa existe desde 2008 e é considerada uma das mais importantes avaliações sobre desenvolvimento socioeconômico das cidades. A metodologia considera estatísticas oficiais dos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. Os dados desta edição têm como data-base o ano de 2016.

A pesquisa coloca três cidades do Vale entre as cinco melhores colocações no RS. O destaque regional novamente foi Lajeado, que ficou na 6ª posição no país e em 2º no estado. Em seguida, surgem Mato Leitão (4º no estado e 45º no país) e Muçum (5º no estado e 54º no país).

Das cidades mais populosas, Teutônia aparece na 20º posição estadual; e Arroio do Meio, na 21ª. Encantado fica em 46º; Estrela, em 69º; e Taquari, em 238º. Os municípios com os piores desempenhos foram Relvado (437º), Sério (458º) e Boqueirão do Leão (467º).

No ranking nacional, as cidades que mais subiram posições, na relação 2015 e 2016, foram Putinga (1273), Paverama (900) e Sério (652). As que apresentaram maiores quedas foram: Fazenda Vilanova (-1544), Pouso Novo (-840) e Coqueiro Baixo (-827).

Serviços públicos

Os dados Firjan, entre outros índices, são usados pelo Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) para o planejamento regional da entidade. Conforme a presidente Cíntia Agostini, a pesquisa está muito vinculada à qualidade dos serviços públicos fornecidos pelos governos municipais. Dentro dos cenários nacional e estadual, a região teve uma boa performance.

Cíntia ressalta que o ano usado como base remete a um período de crise, em que a economia brasileira decresceu 3,5%. Mesmo assim, o bom desempenho das cidades do Vale demonstra que as administrações acertaram em manter os investimentos nos setores de maior sensibilidade para a população.

“Muito do resultado do Firjan diz respeito às políticas públicas. Historicamente, os municípios da região investem mais nas áreas de saúde e educação do que o mínimo constitucional”, ressalta a presidente do Codevat. Segundo ela, outra virtude da região expressa na pesquisa é a diversidade econômica, que gera um efeito protetor em relação à crise.

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Entrevista

Resultado é a consolidação do modelo socioeconônico do Vale

O professor da Univates Renato de Oliveira é doutor em sociologia. Avalia o Índice Firjan e destaca a necessidade de políticas para a sustentabilidade do modelo econômico.

A Hora – Como avalia o desempenho do Vale?

Renato de Oliveira – Trata-se da consolidação de um modelo econômico, social e cultural que consegue se traduzir numa atividade econômica que preserva e fortalece redes de solidariedade. Isso é uma característica importante do Vale, na medida em que o tecido econômica é muito baseado na presença da pequena e média propriedade, tanto na indústria como na agropecuária. Essa estrutura econômica fortalece a solidariedade social, a interdependência das pessoas na atividade econômica é muito acentuada, o que é um fator positivo e se traduz em outros aspectos da vida social.

Quais os aspectos negativos?

Oliveira – Um fator importante que não está presente no estudo diz respeito à preocupação com a sustentabilidade desse modelo. A economia regional ainda é muito dependente do agronegócio de médio e pequeno portePor consequência, é fortemente dependente da demanda externa e de insumos de outras regiões. Isso cria vulnerabilidades complicadas que recentemente se manifestaram na greve dos caminhoneiros, quando o fornecimento ficou comprometido.

O que é preciso para manter bons índices?

Oliveira – O desafio é como manter e melhorar esses índices de qualidade de vida, numa economia que vai ter que se transformar. Como mudar essa base econômica preservando essa características de forte sociabilidade entre os agentes econômicos e as pessoas de forma geral. Por isso da importância de investir em inovação tecnológica, na criação de novos segmentos econômicos, na formação profissional, no aprimoramento cultural da região. Nós não podemos ficar apenas no legado histórico.

Onde precisamos avançar?

Oliveira – Em políticas públicas que sustentem as inovações, como fazer uma revisão tributária, em nível municipal, para atrair investimentos. Qualidade e vida implica em aumento da expectativa de vida. Teremos cada vez mais idoso, e essas pessoas precisam ser, não apenas amparadas, mas também integradas na economia.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

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