Dívidas quase levaram à bancarrota

Regional 30 anos

Dívidas quase levaram à bancarrota

Na década de 90, ação trabalhista de R$ 31mil dificultou continuidade

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Processo judicial de um ex-funcionário, assalto da sede e o desvio de dinheiro da entidade quase provocaram a extinsão da Aslivata. A segunda reportagem sobre a história dos 30 anos da associação inicia em 1995. No dia 31 de janeiro, o então policial Sérgio José Serafini, após comandar por nove anos o futebol de Teutônia, assumiu a presidência da entidade ao lado de Luiz Antônio Gasparetto.

A primeira ação foi a criação de um Departamento de Arbitragem. Assim a entidade reativou a Associação Regional de Árbitros (ARA), que teve como primeiro responsável Jorge Freitas, o “Taxa”. O ex-presidente Serafini conta que no começo houve rejeição de colegas de diretoria, mas com o passar dos anos viram que a decisão foi acertada. “Com isso, o único foco nosso era organizar e controlar a competição”, diz.

Outro legado de Serafini foi a informatização do processo de fichas. Além de atuar como policial, o presidente era técnico em informática e passou as fichas, cadastradas em um livro, para acervo digital. A ideia, segundo ele, era criar um sistema eletrônico, no qual cada atleta ganhava um cartão com o nome e um código. Para Serafini, nos anos 90, a participação dos entes públicos nos eventos e competições da Aslivata era mais efetiva do que nos dias atuais.

Ezequiel Neitzke

Mandato de Sérgio Serafini foi marcado pela informatização e reabertura da ARA

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Processo traz dificuldades

O mandato do empresário Elimar Rex, 57, foi marcado pela ação trabalhista movida pelo ex-funcionário da Aslivata.. Em 1997, uma das primeiras ações de Rex foi desvincular a entidade da Liga Lajeadense de Futebol Amador (Lilafa). Ambas tinham o mesmo secretário e ficavam no mesmo local.

“Muitos diretores de clubes e de ligas diziam que havia um certo privilégio, foi então que resolvi mudar.” Como o ex-funcionário relutou da decisão, Rex o demitiu e contratou outro secretário. Insatisfeito, o trabalhador demitido moveu uma ação contra a entidade.
Outro episódio que trouxe dificuldade ao mandato de Rex, foi o assalto na sede da entidade, em 1998. O dinheiro do pagamento das fichas foi levado.

Segundo Rex, o maior legado para os sucessores foi tornar a Certel principal patrocinadora do campeonato e organizar a primeira edição de uma copa juvenil, mas que não teve andamento após o fim do mandato. “Lamento até hoje.” Apaixonado por futebol, o empresário admite o interesse em retornar à Aslivata. “Só não retornei antes porque achei a coisa muito bagunçada, mas estou apto para receber convites e voltar.”

Presidente renuncia

Em reunião no dia 13 de abril de 2000, a diretoria afastou o presidente Luís Carlos Cicceri. Em ata, relatou supostas irregularidades no mandato, como pagamento de contas com o dinheiro da entidade e desvio de dinheiro. Um mês mais depois, Cicceri foi destituído. Marcos Delazeri assumiu a presidência. Sobre as irregularidades, Cicceri salienta que eram coisas fúteis, valores pequenos que foram passados para a conta do presidente ao invés da Aslivata. Relata que foi Cicceri quem pediu a renúncia, em virtude das críticas.

Segundo ele, em um acerto do caixa, os colegas de diretoria criticaram a transferência de dinheiro para a conta pessoal. “Teve uma vez que um dirigente de Venâncio Aires me ligou, não tinha o número da conta da Aslivata e passei a minha, aí o cara pôs a grana na minha conta e foi apontada a irregularidade.” Apesar dos problemas, Cicceri salienta que o campeonato foi bem organizado, só com equipes que foram campeões e vices dos municipais, sem times convidados.

Aslivata supera dificuldade

Em 2001, o empresário Vianei Hammes, 56, assumiu a Aslivata com o objetivo de recuperá-la. Na ocasião, todos os bens da entidade estavam penhorados e a família do ex-funcionário cobrava o pagamento da ação trabalhista. A dívida foi renegociada. Caiu dos R$ 31 mil para R$ 15 mil. No ato da sentença, a Aslivata pagou R$ 7 mil e dez parcelas de R$ 800.

Passada a quitação, a Aslivata recebeu intimação do INSS, cobrando os valores do acerto feito com a família. Os R$ 4,8 mil foram divididos em 24 parcelas de R$ 200. Segundo Hammes, enquanto as dívidas eram pagas, nenhuma outra pessoa quis assumir a entidade.

Ele relata que, mesmo com dificuldades financeiras, a Aslivata nunca deixou de organizar uma competição. “Fizemos um campeonato inédito que foi a Supercopa, um sucesso. Isso prova que éramos um grupo bom.”

“Não tenho a intenção de voltar, mas se um convite vier, com certeza analisarei.”

Presidente que ficou mais tempo à frente da Aslivata, Vianei Hammes relata as dificuldades enfrentadas e importância do futebol amador para o desenvolvimento das comunidades.

Jornal A Hora – Qual o legado que deixou para Aslivata?
Vianei Hammes – Sempre ouvi e atendi todos da melhor maneira possível. Agi sempre de uma forma imparcial e transparente, acredito que esse foi o legado que deixei para a Aslivata.

Ezequiel Neitzke

Vianei Hammes integrou a direção da Aslivata de 2001 até 2013. Como presidente, conseguiu renegociar a dívida trabalhista

Pretende voltar a assumir a entidade?
Hammes – Já estou passando da época, mas não vou dizer que não, uma vez que você bebeu de uma bebida e gostou, você não para de saborear. Não tenho a intenção de voltar, mas se um convite vier, com certeza analisarei.

Quais as principais mudanças do futebol amador do início do século para agora?
Hammes – As mudanças se fizeram muito por necessidade econômica, isso fez mudar a forma de competição. Diminuímos os custos para os clubes, mas a grande dificuldade mesmo é encontrar pessoas nas sociedades e clubes dispostas a assumir e tocar em frente. A renovação das competições, tornando-as caseira, com atletas vinculados com o clube e identificados com a comunidade, foi para trazer os familiares dos jogadores de volta ao gramado e às diretorias dos clubes.

Continua amanhã

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