“Jamais devemos subestimar a inteligência ou a capacidade de compreensão das crianças”

ABRE ASPAS

“Jamais devemos subestimar a inteligência ou a capacidade de compreensão das crianças”

No Dia Nacional do Livro Infantil, a escritora Morgana Domênica Hattge, 47, conta um pouco sobre a sua relação com a literatura. Natural de Sapiranga, veio a Lajeado em 2015, para dar aulas na Univates. Hoje, a pedagoga já tem dois livros infantis publicados e o terceiro encaminhado

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“Jamais devemos subestimar a inteligência ou a capacidade de compreensão das crianças”
Acervo pessoal

Quando começou a sua relação com a literatura?

Sou apaixonada por literatura desde pequena, gosto de dizer que eu era uma criança leitora. Hoje, sou formada em pedagogia e professora de mestrado e doutorado na Univates. Faz cerca de 12 anos que comecei a escrever histórias infantis. Eu já tinha livros na área acadêmica publicados, em parceria com colegas, mas o meu primeiro livro voltado ao público infantil foi publicado em 2021.

Qual foi a sua primeira obra?

A primeira história que escrevi foi “Maria na Janela”, em 2012 ainda, mas demorei a encontrar alguém que fizesse as ilustrações que combinassem com o livro. Eu trabalho com os chamados livros ilustrados e, por isso, é muito importante que a narrativa, o desenho e o design da obra estejam em harmonia.

Você é mãe. Isso influenciou a sua escrita?

Eu já tinha escrito muitas histórias antes do meu filho nascer, mas foi depois do nascimento dele que veio a vontade de publicar. Hoje ele tem 8 anos. Mas influenciou sim, inclusive, o meu segundo livro, que publiquei no ano passado, nasceu de um momento com o meu filho. Sempre tive o costume de ler alguma história para ele antes de dormir, um dia, ele me pediu para inventar uma na hora. A história acabou ficando legal e ele disse ‘mamãe, acho que você deveria fazer um livro’. A obra se chama ‘Por quê?’ e é uma celebração das perguntas infantis, da curiosidade das crianças. Eu tenho muitas outras histórias escritas e meu terceiro livro vai ser lançado esse ano ainda. ‘Já pensou?’, que instiga a imaginação e brinca com as palavras.

Como é escrever um livro para crianças, sendo que você é adulta?

É difícil. É preciso conhecer as crianças e estar próximo ao universo infantil, indiferente se têm ou não filhos. Um ponto central que percebi é o respeito a elas. Como autores, jamais devemos subestimar a inteligência ou a capacidade de compreensão das crianças.

Já pensou em escrever para outros públicos?

Eu diria que isso está no horizonte, mas não neste momento. Eu fui professora alfabetizadora por 10 anos e sinto falta das crianças. Agora, com os livros, tenho tido oportunidade de falar em feiras e escolas, o que me aproxima desse público e me faz muito bem.

Como você vê a relação da literatura com as novas gerações?

Quando visito as escolas, sempre digo para as crianças que o livro é uma tecnologia incrível, ele nunca precisa ser carregado na tomada, está sempre disponível. As tecnologias são muito sedutoras, os próprios livros digitais têm muitos aspectos positivos, mas sempre acho que a experiência literária é mais qualificada no livro físico. Acho que o mais importante para quem é escritor de literatura infantil é entender que temos um papel fundamental em ajudar a construir a relação das crianças com os livros. Sempre reforço que não podemos reduzir os livros infantis a “ensinar coisas”, a literatura infantil precisa instigar a imaginação e fazer as crianças refletirem, acredito que isso seja o principal.

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