“Animais sofrem e merecem dignidade”

ABRE ASPAS

“Animais sofrem e merecem dignidade”

Entre a rotina de cirurgiã dentista e o tempo em família, Julia Laura Cezar, 28, atua como integrante da Associação de Protetores dos Animais de Bom Retiro do Sul. A falta de adesão de novos voluntários, para ela, é um dos maiores desafios da causa

Por

“Animais sofrem e merecem dignidade”
Foto: acervo pessoal
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Como começou a tua vontade de se voluntariar na causa animal?

Eu já me sensibilizava com casos de maus-tratos há muitos anos e fazia doações financeiras. Comecei a sentir a necessidade de agir e estar presente, pois em Bom Retiro do Sul são pouquíssimas as pessoas que realmente se voluntariam.

Hoje, enquanto integrante de uma associação, como vocês se organizam e atuam?

Hoje nos dividimos entre três voluntárias ativas. Eu, a Rejane Mota e a Gabriele Diehl. E atuamos da forma que conseguimos, a demanda é muito grande em relação ao apoio que recebemos.

Quais os maiores desafios de uma organização como a APAB?

O maior desafio, com certeza, é a falta de voluntariado, de pessoas que se importem e trabalhem de maneira efetiva com a causa. Em apenas três pessoas não temos como disponibilizar lar temporário para todos os animais que necessitam. Muitas vezes, não conseguimos nos deslocar para resgates no momento necessário e também dar conta de todos os cuidados com os animais resgatados carecem. Se tivéssemos um número maior de voluntários, conseguiríamos fazer mais e o trabalho não seria tão exaustivo e desgastante. Outro grande desafio é a falta de reconhecimento por parte da população, que não entende a associação como um trabalho voluntário. Muitas pessoas acreditam que é nossa obrigação pegar os animais que simplesmente não querem mais e filhotes de cadelas que não castraram.

Durante esses anos de voluntariado, teve algum episódio em específico que te marcou? Nos conte.

Sim. O caso da Olga, uma cachorra que foi resgatada após ser abandonada paraplégica na BR-386, em dezembro de 2020, fazendo um calor de 40°. Ela tinha sinais claros de abuso causado por humanos, me chocou muito, como também as outras voluntárias. Ela tinha um diagnóstico de fratura na coluna, um caso inoperável. Foi sugerido que ela fosse sacrificada, mas isso nunca passou pela nossa cabeça. Com sessões de fisioterapia, em pouco tempo depois do resgate começou a andar. Ela é nosso milagre. Histórias como essa fazem o voluntariado valer a pena.

Por fim, qual o teu pedido à comunidade? O que, na tua visão, qualquer pessoa, com o pouco tempo que tem, pode fazer pela causa?

Meu pedido é que tenham consciência. Consciência de que os animais sofrem e que merecem dignidade. Se todos fôssemos conscientes, não haveria necessidade de existirem ongs e protetores. Na minha visão, existem muitas coisas possíveis de serem feitas, mas para citar uma é: dedicar seu tempo, nem que seja uma hora em um sábado para auxiliar em feiras de adoção ou um pedágio para arrecadação de fundos.

Acompanhe
nossas
redes sociais