Região eleva o tom e cobra melhorias da EGR nas estradas

BURACOS, PREJUÍZOS E ACIDENTES

Região eleva o tom e cobra melhorias da EGR nas estradas

Asfalto precário resulta em críticas. Serviços da EGR são considerados insuficientes por motoristas, empresários e líderes. Amvat se reúne com o presidente da autarquia na manhã de hoje

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Atualizado quinta-feira,
11 de Maio de 2023 às 08:57

Região eleva o tom e cobra melhorias da EGR nas estradas
Após acidente com motociclista, empresa contratada pela EGR fez reparos paliativos na RSC-453, no trecho de Cruzeiro do Sul. Crédito: Henrique Pedersini
Vale do Taquari

A cobrança por respostas chega à diretoria da Empresa Gaúcha de Rodovias. Bastaram cinco dias com chuvas constantes para o asfalto de diversas rodovias da autarquia cedesse. Como resultado, muitos buracos. As condições representam riscos, seja de prejuízos materiais quanto à integridade física dos condutores.

Tanto que, no início da manhã de ontem, uma motociclista caiu após passar por um buraco na RSC-453. Era por volta das 8h, quando a mulher de 22 anos foi encontrada ferida. Ela conduzia uma motoneta 125 branca, placa IZL-5189. O fato aconteceu em Picada Augusta, Cruzeiro do Sul, nas proximidades da Arla.

Os bombeiros de Lajeado atenderam a vítima. Ela estava deitada na pista, confusa, com um trauma no rosto, além de escoriações nos braços e nas pernas. O Samu foi chamado e a levou ao Hospital Bruno Born (HBB). Após o acidente, uma equipe terceirizada foi até o local e tapou o buraco que provocou a queda.

O trecho de oito quilômetros entre o pedágio de Cruzeiro do Sul até a entrada ao parque de exposições de Lajeado é o pior. Nessa segunda-feira, a reportagem do A Hora transitou pela estrada e contabilizou 222 buracos. Uma média de 27,7 por km.

Motivo para tantos problemas

A EGR, responsável pela rodovia, admite problemas no trecho. Informa que há um plano de recuperação em vigor, prevendo R$ 35 milhões em investimentos. No pacote, estão inclusas melhorias como o reforço na capacidade estrutural, recapeamento asfáltico, melhorias no acostamento e na sinalização.

O departamento técnico da autarquia informa que os trabalhos de mais envergadura na pista da RSC-453 em Cruzeiro do Sul ainda não foram feitos. Isso se deve a implantação de quatro rotatórias.

Conforme o diretor técnico da EGR, Luis Fernando Vanacor, não seria possível manter as intervenções às rótulas junto com todo o recapeamento da pista. “Além de prejudicar o pavimento pelo tráfego de caminhões pesados direcionados às melhorias, também haveria impacto sobre a circulação dos motoristas”.

De acordo com ele, a autarquia mantém uma equipe para manutenções pontuais em trechos mais críticos, com operações tapa-buracos. Por ser com asfalto seco, a vida útil é muito baixa. Caso haja períodos com chuvas mais frequentes, o material precisará ser recolocado.
Conforme Vanacor, assim que as obras das rotatórias forem concluída, a EGR fará a reforma total do pavimento, com retirada do asfalto superior, reestruturação da base e nova pista. O prazo seria entre o fim do ano e o primeiro trimestre de 2024.

“Inaceitável”

“Todo o trecho está ruim. De Lajeado até Venâncio Aires. A EGR nos falou que fez investimentos, mas tem buraco por tudo”, afirma o prefeito de Estrela e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Elmar Schneider.

Em viagem até a região do Vale do Rio Pardo no domingo, conferiu o estado da rodovia. “Inaceitável uma estrada pedagiada nessas condições. É inadmissível ter que pagar tarifa para trafegar em um asfalto assim”, afirma. Em busca de respostas, marcou uma reunião para hoje com o presidente da EGR, Luiz Fernando Záchia. O horário ainda não foi confirmado.

Terra nos buracos

Para reduzir o risco de acidentes em outro trecho da RSC-453, bombeiros voluntários utilizaram terra para amenizar o impacto dos buracos e desníveis na pista entre Teutônia e Westfália. A guarnição foi acionada pela Polícia Rodoviária Estadual após relatos de pneus furados e avarias em veículos.

Conforme o subcomandante da corporação de Teutônia, Daniel Grave, a medida foi adotada de forma emergencial diante da alta periculosidade do trecho, no km 64 (Westfália). “Como não temos o material específico para o asfalto, a equipe optou por pegar terra ao lado da rodovia mesmo para tapar esses buracos e evitar acidentes”, relata.

Prefeito de Westfália, Joacir Dossena, endossa a preocupação com os riscos de acidente e realça a necessidade de trabalhos emergenciais para consertar os estragos da chuva dos últimos dias. “Ficou bem comprometida e bastante perigosa. Uma ação urgente é necessária, ao menos uma operação tapa buraco, para evitar acidentes”, sugere.

Impacto econômico

No campo econômico, Dossena complementa que já existe uma situação adversa no segmento de carnes, e que as dificuldades impostas pelas condições das estradas se tornam um agravante. “Além do perigo, tem a lentidão, os prejuízos, os danos aos veículos. Tudo isso traz mais dificuldade e custos extras aos produtores”.

Prefeita de Poço das Antas e presidente do G7, Vânia Brackmann afirma que a precariedade das estradas é uma das pautas centrais nas reuniões entre os municípios do entorno de Teutônia. Diz reconhecer que o governo do estado tem investido em infraestrutura por meio de programas como Avançar e Pavimenta RS, mas que há dificuldades para a recuperação de estradas.

Segundo ela, há uma mobilização por melhores condições para a ERS-419, que conecta polos produtivos da microrregião. O pedido é pelo recapeamento integral da rodovia, por onde passa tráfego intenso de caminhões com rações, animais e produção dos frigoríficos, toda a cadeia da suíno e bovinocultura.

“Há uma expectativa muito grande. Esforço por parte dos prefeitos não tem faltado. Muitas vezes a comunidade nos critica, mas nem autorização para efetuar melhorias nós temos”, comenta Vânia.

Concessões no horizonte

Presidente da CIC-Teutônia, Renato Scheffler, analisa que o agravamento da precariedade das estradas torna ainda mais difícil uma situação já delicada no estado em relação ao custo de frete, que impacta sobre todos os setores da economia gaúcha. “Isso já onera principalmente o nosso setor primário, com a falta de duplicação e a má conservação”.

Para Scheffler, a busca de soluções ao cenário crítico da infraestrutura regional passa pelo avanço do plano de concessões das rodovias, em torno do qual as entidades representativas da região e do setor produtivo se articulam. Segundo ele, fica evidente que os órgãos estatais não reúnem condições para manter investimentos, reparos e as melhorias necessárias à malha viária gaúcha.

Motoristas também enfrentam buracos e ondulações na pista no trecho de Estrela e Westfália. Crédito: Alexandre Miorim

 

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