As contaminações por dengue seguem em alta na região. Após a confirmação dos primeiros casos ainda no começo do ano, o Vale já contabiliza 2,3 mil pessoas infectadas pela doença em 2023. Os dados constam no boletim semanal da Secretaria Estadual de Saúde e também nas Vigilâncias Epidemiológicas.
Os casos positivos de dengue cresceram 351% em abril, na comparação com a última semana de março, quando a região sequer havia passado das mil infecções no ano. Além disso, a confirmação de duas mortes em decorrência do vírus nesta semana, em Encantado e Roca Sales, ligam o sinal de alerta nas secretarias de saúde.
Quinta cidade do Vale com mais casos confirmados em 2023, Roca Sales concentra esforços nos mutirões que envolvem diversos profissionais de saúde. Ao todo, foram duas ações com esse propósito, ambas no entorno do Centro, hoje o bairro com maior incidência, segundo a secretária de Saúde e administradora do Hospital Roque Gonzales, Raquel Oestreich.
“O Centro é o coração da cidade e é aqui a maior concentração de casos, pelo que acompanhamos no mapa. Inclusive nas proximidades do Posto de Saúde”, comenta Raquel. Além dos mutirões, ocorrem os trabalhos diários de visita dos agentes comunitários às casas para localizar focos do Aedes aegypti. Também foi feita a aplicação do fumacê em alguns pontos específicos.
Embora considere a situação no município ainda esteja “sob controle”, Raquel mostra preocupação com a grande demanda por atendimento hospitalar. “Fiz uma estimativa e, do total de casos registrados, pelo menos metade precisa de observação médica de 24 horas. É um grande quantitativo, pois nosso hospital é pequeno. Estamos em obras e alguns leitos ficam comprometidos”.
Variação
Com 1,4 mil casos confirmados em 2023, Encantado lidera o ranking estadual de contaminações na doença. Apesar do número alarmante, há uma tendência de queda nas últimas semanas, segundo a secretária municipal de Saúde, Clarissa da Rosa Scatola. Isso se dá, na avaliação dela, pela condição climática atual.
“Se percebe uma variação nas notificações de novos casos, por diversos fatores. Os dias mais frios interrompem momentaneamente o ciclo do mosquito. Por isso, a importância de mantermos todas as ações de prevenção. Tanto o município quanto os munícipes”, salienta. Diferente do período do surgimento dos primeiros casos, concentrados sobretudo em um bairro, hoje a doença se propagou pela cidade, inclusive no Centro. “Precisamos eliminar os possíveis criadouros para evitarmos novos mosquitos contaminados e, consequentemente, novos casos da doença”, pontua Clarissa.
Ontem, agentes fizeram aplicação de inseticida em Muçum, que está entre as cinco cidades com mais casos no Vale. Crédito: Diogo Fedrizzi
160 casos em 10 dias
Estrela contabiliza, desde o início do ano, mais de 400 casos de dengue. No fim de semana passado, uma paciente foi internada no Hospital Estrela em virtude da doença. Só nos últimos dez dias, foram confirmados mais 160 diagnósticos.
Já houve a aplicação de inseticida na cidade, mas, conforme a avaliação da enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Estrela, Carmen Hentschke, as visitas aos domicílios são mais eficientes. As visitas dos agentes epidemiológicos ocorrem diariamente, nos 150 metros das residências com casos confirmados.
“A aplicação do veneno é uma medida complementar. A eliminação de criadouro é a ação principal para sair do cenário ruim. A população também deve usar roupas compridas e repelentes”, explica Carmen. Os bairros que concentram os maiores números de casos são Pinheiros, com 183; Boa União, com 84 e Indústrias, com 60. “Agora recebemos um ou dois casos por dia no Pinheiro, que chegou a ser o foco. Outros bairros começam a ter cinco, seis casos por dia”, comenta.
Outros municípios
Em Lajeado, são 125 casos de dengue confirmados desde o início do ano. Nas duas últimas semanas, segundo a coordenadora da Vigilância Ambiental de Lajea
do, Catiana Lanius, foram 50 contaminações. O bairro Conservas, localizado na área periférica da cidade, lidera a lista de novos casos: 14, ao todo.
“Foram vistoriados os imóveis do bairro inteiro na semana passada e hoje (ontem) está sendo aplicado o inseticida residual em pontos estratégicos”, frisa Catiana. Depois do Conservas, os bairros Florestal e Santo André aparecem com cinco casos no período, cada um.
Já em Muçum, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente, são 120 casos desde o início do ano. Nesta semana, teve início a aplicação do inseticida Cielo em alguns bairros. O produto é recomendado pelo Ministério da Saúde para controlar as fêmeas adultas do Aedes em áreas infestadas com casos confirmados.
As aplicações ocorrerão sempre entre 6h e 8h e 17h e 19h, horários em que os mosquitos se alimentam. Além disso, segue a fiscalização dos agentes nos bairros do município. A Secretaria estima um aumento de 40% na demanda por atendimentos nos postos de saúde.
